Na Espanha, testamos a nova moto da família Chief, da Indian, em sua versão Sport que acentua o lado mais esportivo da cruiser da marca norte-americana
Texto: Marcos Abelenda
Fotos: Divulgação
Edição: Guilherme Derrico
A Indian continua a sua evolução desde que passou a fazer parte do grupo Polaris, em 2011. Uma nova gestão que proporcionou uma injeção econômica, emocional e logística necessária para empreender um novo começo e desenvolver uma gama de novidades.
Um legado sem dúvida ligado às motocicletas custom, como não poderia ser diferente em uma marca americana, e sempre rivalizando com a também emblemática Harley-Davidson, cujo domínio neste nicho do mercado motociclístico ainda prevalece.
A herança do passado se traduziu no relançamento de modelos custom como o Springfield, o Roadmaster ou o Chief, sempre com uma estrutura em torno do motor de dois cilindros em V.
Mas o renascimento da Indian também ambiciona convencer os “soul riders” da atualidade com opções mais modernas, como a saga FTR, lançada em 2016, também alimentada por um propulsor “V-Twin”, mas já equipada com refrigeração líquida.
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A evolução da espécie
Desde 2017, e segundo a própria fabricante, as vendas da Indian tiveram um crescimento de 92%, além de ter se expandido para mais de 70 países fora dos Estados Unidos e também conquistado uma comunidade de mais de 120.000 proprietários.
Parte do sucesso da marca sediada em Minnesota tem radicado no seu compromisso com a competição, um novo aceno às suas origens para reviver as vitórias em eventos como o Isle of Man TT (no início do século XXI) ou a conquista de inúmeros recordes de velocidade durante a década de 1940.
Por isso, essa renovação tem apostado fortemente na competição nos últimos anos, embora focado em campeonatos americanos como o AMA Flat Track, onde conquistou o título da classe Twins por 6 anos consecutivos, ou a única categoria King Of Baggers, em que Indian finalmente conseguiu o tão esperado título em 2022 com o Challenger RR nas mãos do piloto Tyler O’Hara.
Transmitir um carácter “racing” agora também é uma das ideias, com o lançamento da nova Indian Sport Chief. E para você que curte o MOTOCICLISMO em sua essência, tivemos a oportunidade de testar esta máquina nas ruas da Espanha.
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Indian Sport Chief: a família cresceu
A gama Chief foi renovada na campanha de 2021 com a estreia de um novo chassis de aço e do motor Thunderstroke 116. Uma estrutura que serviu para articular um line-up com três modelos: a Chief Dark Horse em versão standard; a Chief Bobber, com pneus mais largos; e a Super Chief, que marcava a opção mais touring graças a maior capacidade de carga e melhor proteção aerodinâmica.
Agora, a Indian decidiu aumentar a família com a adição de uma quarta versão, a Sport Chief, que, como o próprio nome sugere, se consolida como a variante mais esportiva.
As mudanças em relação ao modelo básico estão focadas na seção de ciclos, já que o motor V-twin 49º, com 1.890 cm³, refrigeração a ar e injeção eletrônica com três modos de resposta permanece inalterado.
Eles também repetem sua estrutura de berço duplo em aço com uma subestrutura de alumínio, mas para “incentivar” seu comportamento, eles optaram por modificar as suspensões. Atrás, encontramos um par de amortecedores Fox.
Esses amortecedores possuem molas de taxa progressiva e oferecem ajuste de pré-carga da mola, assim como os padrões das demais Chiefs, mas ao contrário deles, os atributos possuem câmara de gás separada, o que melhora a eficiência do sistema hidráulico.
Além disso, estes amortecedores permitiram elevar a traseira da moto em 2 centímetros, o que não só beneficia a capacidade de inclinação nas curvas (até 29,5º) como a distância ao solo aumentou (149 mm), mas também conseguiu reduzir o ângulo (28º) e o avanço (111 mm) da direção.
Tudo, com o objetivo claro de otimizar a agilidade, a velocidade nas mudanças de direção e a habilidade nas curvas em geral.
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Freios e suspensão
A suspensão dianteira também é outra novidade, já que o garfo convencional montado nas demais Chiefs deixa seu lugar na versão Sport, com barras de 43mm.
Da mesma forma, o freio dianteiro foi complementado com um disco duplo de 320 mm e pinças Brembo de quatro pistões e montagem radial.
Outras alterações encontram-se na posição de condução, na forma de um guidão 50 mm mais estreito e mais alto graças aos novos apoios de 152 mm de altura, que combina com um banco de altura dupla em busca de um maior apoio.
Alguns ajustes que buscam acentuar o caráter esportivo do Sport Chief, bem como a pequena carenagem frontal que, sem dúvida, caracteriza a imagem desta motocicleta.
O cenário ideal
A bela Costa Brava, em Girona, foi o cenário escolhido pelos “Yankees” para fazer a apresentação internacional do modelo Sport Chief. Um local ideal para curtir a moto sob um sol escaldante.
Diante de um percurso variado, mas com certos trechos sinuosos mais apropriados para motos naked, sport touring ou trail, a cruiser americana se comportou com bastante facilidade.
Claro, mais do que poderia se esperar de uma motocicleta de 302 quilos, com entre eixos de 1.604 mm e projetada mais para as rodovias retas americanas. Se em termos absolutos é uma motocicleta ágil, pois é claro que exige antecipação em curvas mais fechadas, ao menos oferece uma frente mais viva do que o habitual em uma custom e que, acima de tudo, reage com rapidez e consistência.
É verdade que esta última situação é em grande parte evitada pela agilidade com que as luzes de alerta se tocam, localizadas nas extremidades das pedaleiras levantadas e dianteiras.
Estes, juntamente com o assento confortável e o guidão alto, também tornam uma posição bastante adequada para percursos animados, embora talvez não tanto para aventuras mais longas em que as costas e os braços acabam cansando, assim como o joelho esquerdo de tanto roçar contra a caixa de filtro.
Diferenciais da Indian Sport Chief
A combinação de marcas nas suspensões também faz sucesso, devido ao curso extra dos amortecedores (100 mm, em comparação com os 75 da Chief Dark Horse), bem como à sensação de qualidade e maior solidez do garfo japonês.
Os freios revistos nos convenceram menos, porque embora em condução silenciosa ofereçam prestações mais do que suficientes, em uma utilização mais viva, a que esta variante Sport supostamente aspira, acabam por ser algo que poderia ser melhorado.
Apesar de não sofrer alterações se comparada as outras Chiefs, a motorização da variante Sport continua sendo um dos pontos fortes desta Inian, graças a uma entrega de potência linear, progressiva e muito agradável, mesmo apesar do funcionamento robusto das mudanças e dessa gama entre 3.500 e 4.000 rotações em que as vibrações se tornam mais evidentes.
Claro, em comparação ao bom equilíbrio do modo padrão e a maior suavidade do mapa “tour”, a agressividade inicial do modo “sport” é mais do que suficiente para fazer lembrar a ausência de controle de tração deste cavalo de aço com 16,9 kgf.m de torque.
Finalizando
Inegavelmente, esta moto está bem adaptada aos novos tempos, graças ao controle de cruzeiro e um painel de instrumentos moderno. Sob a apresentação de um relógio clássico com 101 mm de diâmetro, encontramos um painel digital bem organizado que oferece muita informação e, incluindo dois modos de apresentação, GPS integrado e sistema Ride Command para sincronizar com o smartphone.
Um grande detalhe que faz com que a Indian Chief se destaque no segmento das cruiser, bem como o cuidado dos acabamentos. É o que se espera perante uma Sport Chief cujo preço se situa na casa dos 22.990 euros, cerca de R$ 127.200 em conversão direta, e que já está disponível nas concessionárias em três cores diferentes, sendo a Black Smoke, a Ruby Smoke e a Stealth Grey.
Nos vemos nos próximos testes!