O Brasil é a bola da vez, marcas de peso tem desembarcado por aqui com muitas novidades e prometem encarar as sedimentadas gigantes brasileiras com motocicletas de qualidade, a Zontes é mais um bom exemplo.
Primeiro foi a Bajaj com sua família Dominar e agora a chinesa Zontes com seus três modelos de 310 cm³, que chagam muito bem equipadas para enfrentar a concorrência das mais vendidas e veneradas motos de Honda e Yamaha, líderes disparadas no Brasil.
A Zontes é uma marca chinesa pertencente ao grupo Tayo Motorcycle Technology, fundado em 2003 com investimentos bilionários na robotização de sua produção, em pesquisa, desenvolvimento e tem registrado desde então patentes e invenções.
Embora com história bastante recente suas motocicletas são carregadas de tecnologia, têm design super moderno e vem conquistando a Europa com crescimento de vendas vertiginoso.
A Zontes chaga ao Brasil pelas mãos do Grupo JTZ, o mesmo que monta as motocicletas da Suzuki e Haojue na Zona Franca de Manaus, procedimento que vai ser feito também com a Zontes.
A Feltrin Motos gentilmente nos cedeu a V310 para este teste. Ela é a primeira da família Zontes que vamos avaliar e em breve, estaremos com outro modelo para mostrar para vocês.
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Aparência
Impossível não começar a falar da Zontes V310 pelo design que foi claramente inspirado no desenho da Ducati Diavel. Ela é uma custom de linhas muito arrojadas, bonitas e com sacadas inteligentes que valorizam alguns componentes, mas principalmente seu design.
Do formato do farol às linhas do tanque e do banco, o desenho das rodas, o formato da balança traseira com seus veios de reforço e o círculo oco, que transmite robustez, à combinação das cores, tudo no exercício de design chinês, a meu ver, teve um resultado visual incrível.
Não há quem não fique admirando esta Zontes, não é à toa o sucesso que já vem fazendo na Europa. Nela todos os detalhes forma bem pensados e os encaixes têm acabamento esmerado.
Eletroeletrônica
Outra característica das motos da Zontes é a quantidade de componentes elétricos e eletrônicos instalados para aumentar o conforto e a segurança. Nelas não há acionamentos mecânicos são tantos componentes que é inevitável ter que lista-los.
O sistema keyless tem uma pulseira como chave também, a trava de guidão, a abertura da tampa do tanque de combustível e a trava do banco são elétricos, basta apertar os respectivos botões.
O painel é em TFT e tem quatro diferentes configurações de layout e ajuste automático do brilho, a iluminação é total LED, sua bateria é de íons de Lítio, pequena, leve e, teoricamente mais durável do que as convencionais.
Ela também vem com o útil sensor de pressão dos pneus, que avisa no painel inclusive a temperatura excessiva ou se há vazamento. Para finalizar o completo pacote eletrônico dois modos de entrega de potência do motor, duas tomadas USB e punhos retroiluminados.
É incrível como os chineses da Zontes se empenharam em colocar quase todos os componentes que costumamos ver nas motos de alta cilindrada em suas motos de 313 cm³, eles estão botando para quebrar no segmento premium de baixa cilindrada.
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Posição de pilotagem
A ergonomia da Zontes V310 é boa e oferece bom encaixe. Tem a posição tradicional das motos custom com as pedaleiras adiantadas, banco baixo e guidão largo (para suas dimensões), oferece bastante conforto para o piloto, e, apesar do banco de garupa ser pequeno não é desconfortável, e o sissy bar ajuda o passageiro a manter a postura, as pedaleiras também são mais adiantadas e permitem uma boa acomodação para o passeio.
Para ajudar a customizar a posição de pilotagem conforme o biotipo do piloto, as pedaleiras contam com três ajustes, que deve ser feito com ferramenta. O único inconveniente é o piloto bater a perna no pé do garupa ao por os pés no chão quase sempre que se para a moto.
Propulsor
O motor que empurra V310 é um monocilíndrico de 312 cm³ com comando DOHC, 4 válvulas e refrigeração líquida, capaz de render 35 cv de potência e pouco mais de 3 kgf.m de torque, números que se traduzem em respostas interessantes no uso urbano e permitem bom aproveitamento na estrada.
Ao dar a partida você pode achar que o motor é barulhento, mas é só coloca-lo em movimento para perceber que não é bem assim, também vibra pouco e seu som é capaz de empolgar à medida que você sobe os giros do motor.
Ele empurra bem e, a partir das 3.000 rpm fica mais interessante e assim fui exigindo mais para sentir que seus 35 cavalos são suficientes para encarar estrada também, desenvolvendo velocidade cruzeiro de 120 km/h sem esforço e excelente capacidade para esticadas próximas aos 160 km/h no painel. Um motor que satisfaz e inspira qualquer piloto, com as boas sensações de suas respostas.
Ciclística e freios
O chassi da V310 parece robusto, é multitubular aço com tubos bastante largos, isso dá a impressão de robustez ao conjunto.
Na dianteira foram instaladas bengalas invertidas e atrás os chineses optaram por dois amortecedores ligados à bela balança, que por sinal é muito parecida com as das motos da KTM, diferente do que fizeram com os outros dois modelos que também chegaram por aqui, a R310 e a T310, ambas com suspensão monoamortecida atrás.
O conjunto me pareceu bastante equilibrado e com bom funcionamento pelas esburacadas ruas de São Paulo, mostraram boa capacidade de absorção de impactos e o curso de 145 mm na dianteira e de 125 mm na traseira são suficientes para manter o conforto pelas nossas ruas.
Com garupa a traseira exigiu ajustar a pré-carga da mola depois de algumas pancadas secas na buraqueira, assim pudemos isolar um pouco mais a energia recebida do asfalto pelas suspensões.
A V310 é peso pluma, ao guidão você tem muita facilidade para direcioná-la, basta um ameaço que ela já responde na direção desejada. Suas belas rodas de liga e 17 polegadas vestem pneus, também chineses, da marca CST, nas medidas 110/70 na dianteira e um enorme (para a cilindrada) 180/55 atrás.
Finalizando
Embora com bom desempenho na maioria do teste, eles não me deixaram totalmente à vontade em duas ou três ocasiões, quando levei sustos com derrapagens inesperadas em momentos que me empolgava fazendo curvas com a moto mais inclinada, é preciso ter um pouco de cautela se você gosta de esportividade.
O sistema de freio que é composto por dois discos e assistência por ABS da alemã Bosch. Seu funcionamento é potente e progressivo.
O acionamento não exige foça no manete, que tem ajuste de altura e o ABS não chega a incomodar, mesmo quando você faz frenagens de emergência.
Gostei do tato e da pegada do sistema, ele transmite a boa sensação de segurança quando você precisa frear com vontade.
Sem dúvida, a Zontes V310 é uma moto que tem a proposta de estar à frente de seu tempo e de sua concorrência.
Ela ganhou bons adjetivos com sua dinâmica e é boa de se pilotar, tem muito mais tecnologia do que você poderia imaginar para uma moto de baixa cilindrada e isso é um grande diferencial.
Uma dúvida que ficou no ar entre mim e alguns amigos do meio foi imaginar uma pane elétrica na moto, um problema simples e corriqueiro que demandaria muito mais trabalho para resolver, afinal, nem destravar a moto seria possível.
Talvez a maior barreira a ser transposta pelo grupo JTZ e com as motos da Zontes seja superar o que resta de preconceito com os produtos asiáticos, e isso só vai acontecer com o tempo e com o teste natural de longa duração que os proprietários farão, se aguentarem o tranco, serão um sucesso. Afinal a moto é pura paixão.
