A Voltz Motors surgiu e logo ganhou notoriedade no mercado brasileiro, porém nos últimos tempos a marca ganhou os holofotes com notícias não tão boas assim. MOTOCICLISMO conversou com a fabricante para entender o que ocorre e a marca reconhece as dificuldades, mas assegura que vem trabalhando noite e dia para regularizar suas pendências e dar continuidade ao propósito de revolucionar a mobilidade urbana
Texto e revisão: Willian Teixeira e Ismael Baubeta
No final de 2019 a Voltz Motors iniciou suas atividades no Brasil e, em pouco tempo, apresentou um crescimento exponencial em sua popularidade, por conta de seu propósito, que é o de revolucionar a mobilidade urbana, levando clientes a trocarem motocicletas e scooters à combustão por modelos elétricos.
Tamanho destaque levou a startup brasileira a receber um aporte de R$ 100 milhões em uma rodada de investimentos, valor que impulsionou ainda mais a atuação da marca no Brasil e que, em 2022, culminou na inauguração da fábrica da Voltz em Manaus.
A Voltz continuou com sua estratégia vanguardista e seguiu inovando, prova disso é a parceria com o iFood, que consiste na oferta de motos elétricas a um valor mais acessível para os entregadores, e na estreia das estações de swap de baterias – locais espalhados por grandes cidades onde os usuários de suas motos podem deixar a bateria sem carga e pegar uma nova totalmente carregada.
O grande sucesso das motos elétricas da Voltz gerou um problema importante: a dificuldade em atender todos os pedidos, o que gerou grande atraso nas entregas. Somou-se a isso a falta de componentes na China para montar as motos em sua nova planta em Manaus, um aporte financeiro que não foi efetuado e, além disso, o sinal pago pelos clientes para garantir suas motos não ser suficiente para gerar o caixa necessário para a operação, já prejudicada pela falta de componentes.
Isso gerou cancelamento de pedidos, ações judiciais e, recentemente, uma ação contra a fabricante brasileira veio a público, na qual a dona do galpão onde fica a fábrica da Voltz em Manaus reporta a falta de pagamento de aluguéis.
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Outra situação que vem sendo assunto na internet são alguns problemas que seus parceiros do iFood vêm encontrando com as EVS Work e sua dificuldade em encontrar as baterias nas estações de carregamento.
MOTOCICLISMO conversou com representantes da Voltz Motors para trazer para você leitor, a posição oficial da marca sobre a real situação da marca no Brasil, confira!
A situação da fábrica da Voltz
De acordo com a Voltz, o aluguel está atrasado há dois meses e está em negociação amigável com os locadores – as empresas Hines e Manaus III.
A ação foi movida de forma protocolar, e a marca afirma que não são verídicas as informações sobre despejo ou de que a dívida chegue a R$ 2,8 milhões. “Este é o valor da causa porque, por lei, deve ser calculado o valor de 12 aluguéis”, declara o CEO da Voltz, Renato Villar.
O que levou a esses atrasos nos aluguéis?
Em nota enviada à MOTOCICLISMO, a Voltz diz que contava com um aporte em 2021 que seria executado em 2022, porém este aporte não ocorreu e a marca segue analisando outras opções. Isso fez com que o fluxo de caixa fosse revisto, levando a negociações com fornecedores.
A marca afirma que tudo o que foi construído em sua trajetória é fruto de capital próprio, com zero investimento de bancos, além de reconhecer as dificuldades e destacar que estão trabalhando duro para que esse cenário seja sanado em breve.
O que será feito para resolver ações de clientes e resolver os atrasos nas entregas de motos?
Segundo a Voltz, existem mais de 5 mil motos prontas na China para embarcar para o Brasil, número que representa 75% das entregas pendentes. Outra mudança está na política de reserva. Agora, para comprar uma moto, a marca cobra R$ 500 do cliente, valor que pode ser dividido em 12 parcelas – e a compra pode ser cancelada a qualquer momento.
A startup destaca que a maioria das vendas canceladas tratam-se de reservas, e esses cancelamentos acabam prejudicando o fluxo financeiro da empresa, visto que antigamente era cobrado o valor integral da moto já na reserva, valor devolvido nos cancelamentos.
Sobre as ações, a Voltz alega que elas serão analisadas individualmente, e garante que nenhum consumidor será prejudicado.
Qual a situação do triciclo Miles e dos demais lançamentos?
De acordo com a Voltz, o foco no momento é regularizar as entregas pendentes aos consumidores. Diante disso, o Miles não será colocado à venda no momento por não ser uma prioridade para a fabricante.
Já as novas motos elétricas da Voltz – uma naked e uma big trail – seguem nos planos, e a marca pretende iniciar sua produção e comercialização a partir do segundo semestre de 2024, período em que as pendências da marca estarão regularizadas.
Sobre fechamento de lojas e mudança de sede
A Voltz declara que existem dois tipos de lojas – próprias e parceiras. Segundo a marca, todas as lojas próprias permanecem abertas, enquanto os showrooms parceiros enfrentam situações diversas. Alguns reabriram com operação própria e outros com novos parceiros locais. Já sobre a sede da marca em Recife, ela permanece no mesmo local.
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Questões referentes ao acordo entre Voltz e iFood
Segundo a Voltz, existem 200 clientes que são profissionais entregadores e adquiriram suas motos por meio da parceria com o iFood. Também foi criado um projeto que envolve o ecossistema de trocas de baterias, que em um primeiro momento não operou da forma que a marca idealizou.
A Voltz admite que não tem capacidade suficiente para atender à escala necessária pelo iFood, pois trata-se de uma expansão que requer investimentos em mais baterias e estações de trocas. Apesar disso, a marca confirma que vai preservar a base atual de entregadores, mas ela não será aumentada com o serviço de troca de baterias. Sobre este serviço, existem planos futuros para testes em novos locais, porém inicialmente serão feitos em cidades menores como Recife e em empresas que possuem acordos B2B com a Voltz.
Problemas com segunda bateria e conectores da EVS
A Voltz prevê que todos os atrasos referentes à segunda bateria serão sanados até agosto. Já a questão da substituição dos conectores está em estudos, e existem projetos para a realização do serviço, ainda sem data estimada.
Peças de reposição e outros problemas técnicos
De acordo com a Voltz recentemente foram identificadas falhas envolvendo os modelos EV1 Sport 2023 recém lançados. Para lidar com essa situação, a marca informa ter atualizado a calibração dos TBOX via OTA (Over the air), sem a necessidade de direcionar os consumidores até uma de suas oficinas.
“A atualização via OTA é um processo seguro e monitorado pelo time de engenharia”, diz a Voltz, que assegura estar trabalhando em novas atualizações por meio do sistema para os modelos em questão, upgrades que já estão sendo disponibilizados.
“Estamos montando um plano para descentralizar as peças de reposição e ter estoque nas lojas em cada estado. Isso facilitará a gestão de estoque regional, fazendo com que a peça chegue mais rápido ao consumidor, principalmente para aqueles que residem em regiões onde o atendimento é prestado por oficina parceira”, conclui a marca.