A Honda renovou totalmente o bem-sucedido PCX para iniciar uma nova era com mais virtudes, já a Yamaha aposta em melhorias e na conectividade de seu app, mas ambas com o mesmo objetivo: ampliar sua participação
É inegável que os scooter vão continuar a ser protagonistas no tráfego urbano. Você já deve ter reparado o grande número deles rodando pela sua cidade, não?
Pois é, muitas pessoas estão repensando suas alternativas para agilizar sua mobilidade no ambiente urbano. Seja para sair do transporte público ou para deixar o carro em casa e ganhar o tão precioso tempo perdido nos deslocamentos diários. De fato, esses são alguns dos motivos por eles estarem em alta.
Para se ter uma ideia da importância do segmento, em 2021 ele representou 9% de todas as motos comercializadas no Brasil. Ou seja, algo em torno de 100 mil unidades. Em 2016 o nicho significava “apenas” 4% das vendas, e provavelmente essa fatia de mercado continuará crescendo e as fábricas vão disputá-la ferrenhamente.
Duelo de líderes
Juntamos aqui o líder de vendas no Brasil, o Honda PCX, que acaba de ser lançado com muitas alterações, com destaque para a adoção do motor de 160 cm³, e o NMAX, que, apesar de não ter mudado visualmente, também recebeu alterações, porém em menor escala.
Esses são os protagonistas do segmento até 160 cm³ no Brasil. Nas versões 2023 ambos têm novidades para mostrar.
O PCX da Honda agora é 160 cm³ (156,9 cm³) e teve mudanças mais profundas. Já o NMAX 160 da Yamaha tem na conectividade o principal diferencial, além das demais alterações.
Em novembro de 2022, mês do último levantamento da Fenabrave até o fechamento desta edição, foram emplacadas 31,8 mil unidades do PCX e 16,1 mil do NMAX.
O sucesso desse tipo de motocicleta, se deve a serem ambas uma excelente opção para o tráfego urbano. São fáceis de pilotar, ágeis, práticas por conta de seu espaço para carregar e guardar objetos, além da proporcionar economia de combustível.
O novo Honda PCX 160
Tudo no PCX é novo, exceto guidão, comandos e sistema de freio. O design continua com a mesma identidade visual, só que agora suas linhas estão um pouco mais angulosas e fluidas.
O bloco óptico continua ocupando boa parte do escudo frontal, mas mantém a conhecida identidade. Do mesmo modo, a lanterna traseira que teve mudança singela no sistema de LED. O painel digital também mudou, cresceu e foi reposicionado para melhorar sua visualização.
As principais mudanças no PCX foram no chassi e no motor. Na ciclística, o novo chassi traz mais espaço sob o banco e reposicionou os amortecedores, que agora trabalham mais verticalmente e funcionam melhor. As rodas deixam de ser iguais mantendo-se a de 14 polegadas na dianteira, com a traseira passando a 13 polegadas. Os pneus que as calçam são Pirelli Diablo Rosso Scooter.
O sistema de freio foi mantido, com dois discos e ABS na roda dianteira nas versões ABS. Na opção CBS, o freio traseiro é a tambor com funcionamento combinado.
Outra grande mudança é o novo motor de 156,9 cm³ de capacidade volumétrica, refrigeração líquida e 16 cv de potência a 8.500 rpm. O PCX também recebeu controle de tração e manteve os sistemas Smart Key, Idling Stop e tomada USB. A Honda optou por manter as três versões: CBS, ABS e DLX ABS, cada qual com sua cor.
Yamaha NMAX 160
O scooter da Yamaha manteve o design, que ainda é bastante atual, moderno e um pouco mais discreto que o de seu concorrente. O NMAX agora tem nova paleta de cores, 4 no total, e uma delas, a cinza fosco, traz grafismos em amarelo. Já as demais não têm adereços gráficos.
Parece que as críticas recebidas por ambas as motos quanto à suspensão traseira sutiram efeito. A Yamaha também trocou os amortecedores por outros mais eficientes com manípulo para o ajuste das duas posições da pré-carga da mola.
A marca também optou por alterar os pneus, instalando os bons Pirelli Diablo Scooter. O sistema de freio também é o mesmo, com duplo disco e ABS nas duas rodas.
Permanece o motor monocilíndrico de 155 cm³ de quatro válvulas com comando variável, refrigeração líquida e 15,4 cv a 8.000 rpm de potência que agora recebeu controle de tração. O NMAX manteve os sistemas keyless, Start & Stop e o painel digital, que só ganhou algumas luzes espia (do controle de tração e da entrada de chamadas).
Comparando a ergonomia: Honda PCX x Yamaha NMAX
A ergonomia dos dois scooter é bem acertada, mas eu, com meu 1,80 metro, me senti um pouco mais à vontade no NMAX, pois o banco tem mais espaço até o ressalto onde começa o lugar da garupa e isso facilita a movimentação. A posição do guidão e sua altura me pareceram mais confortáveis.
Apesar de também ter boa ergonomia, no PCX o espaço do banco até o ressalto é um pouco menor, o que não me ajudou, fazendo-me sentir um pouco “apertado”, embora haja bom espaço até o escudo frontal. O guidão é levemente mais baixo que o do NMAX, e a soma dessas duas características me fizeram gostar mais da ergonomia do scooter da Yamaha.
Motores
Uma boa característica desses dois scooter está nas arrancadas fortes e rápido ganho de velocidade até os 70 km/h, mas o novo motor do PCX está mais virtuoso, sai na frente do NMAX, abrindo pequena distância até por volta dos 50 km/h, quando a diferença começa a diminuir.
Em compensação, nas retomadas a partir dos 50 km/h o desempenho se equipara e o comando variável (VVT) do NMAX faz com que os dois retomem em condição de igualdade. O PCX também tem menor nível de vibração, embora o NMAX já tenha baixa vibração, mas ao sair de um e montar no outro você vai perceber o que estou dizendo.
Ciclística e freios
Os dois scooter tiveram melhorias no quesito ciclística. O NMAX fez um upgrade no bom pacote que o caracterizava com os novos amortecedores de dupla regulagem na pré-carga da mola.
A mudança se faz sentir na pilotagem, e o conjunto demonstra mais esportividade, e os novos pneus Pirelli Diablo Scooter têm papel fundamental na capacidade de fazer curvas com confiança e ainda mais segurança.
O novo conjunto ciclístico do PCX também está muito bem resolvido e melhor do que o da versão anterior. Os amortecedores reposicionados também receberam molas progressivas, isto é, elas têm diferentes espaços entre os seus elos na parte superior e na inferior, o que, segundo a fábrica, permite absorver melhor as irregularidades e aumenta o conforto. Isso pôde ser percebido na tocada urbana que realizei com ele.
Os dois scooter transmitem boas sensações ao se pilotar, e senti mais conforto no PCX, que tem suspensões mais macias, enquanto o NMAX oferece mais esportividade para contornar curvas, e suas suspensões mais rígidas não oferecem o mesmo nível de conforto que as do PCX.
No quesito freios, os dois têm sistemas eficientes e de boa pegada, mas o fato do NMAX ter ABS nas duas rodas faz a diferença, pois, principalmente em condições de baixa aderência, exige-se bastante do sistema, e, nesse caso, o PCX tende a travar a roda traseira, o que pode causar sustos.
A Yamaha apostou na conectividade via Bluetooth oferecendo um app, pelo qual você pode conferir e compartilhar dados de seus roteiros, pilotagem e comparar o consumo de sua tocada com outros usuários, além de receber mensagens. Tal equipamento pode fazer a diferença para os mais aficionados pelo mundo compartilhado de informações.
Como escolher entre o Honda PCX e o Yamaha NMAX
É difícil escolher o melhor entre eles, principalmente porque os dois têm muitas virtudes e se destacam em diferentes quesitos. Para mim há um “feliz” empate técnico. Afinal, cada um de nós temos um biotipo e, logicamente, diferentes ambições e gostos.
Por mais óbvio que possa parecer, se você está disposto a comprar um deles, é preciso fazer um test ride e sentir com qual deles você se dará melhor.
Os preços sugeridos (é necessário acrescentar frete e impostos de sua região aos valores) podem ser fator de desempate de acordo com o que você busca em termos de equipamento, design e até de segurança. O PCX parte de R$ 15.460 na versão CBS e chega aos R$ 17.400 na DLX ABS.
O NMAX é um pouco mais caro, são R$ 19.690 para as três cores sem apliques gráficos, e a versão cinza com grafismo em amarelo tem preço sugerido de R$ 19.990. Independentemente de sua escolha, uma coisa é certa, você vai estar bem montado em qualquer um dos dois. Aproveite!