A japonesa Kawasaki Versys 650 tem servido como referência, desde seu lançamento em 2007, para uma motocicleta acessível e versátil, muito capaz, confortável e despretensiosa, pronta para encarar qualquer parada. Com preços a partir de R$ 51.990, a dirigibilidade inesperadamente esportiva, o empolgante motor gêmeo paralelo de 649 cm³ de 67 cavalos de potência e o alto conforto nas viagens, a Versys 650 se tornou a favorita entre muitos pilotos. A Versys 650 recebeu sua quarta atualização em 2022, incluindo recursos modernizantes como carenagem frontal totalmente nova, painel TFT, controle de tração de três níveis e iluminação total LED.
A inglesa Triumph Tiger Sport 660 mira a Versys 650 com seu motor de três cilindros em linha de 81 cv de potência derivado da Trident 660, encaixado em um pacote esportivo mais refinado e esportivo, e com um corpo mais atlético. Ele vem equipada com uma tela TFT, para-brisa facilmente ajustável, controle de tração, ABS, iluminação total LED e um desempenho mais apimentado, com preços a partir de R$ 56.990.
O caráter do motor é o foco principal para a maioria das motos. O gêmeo paralelo da Versys 650 é muito eficiente e divertido, com uma forte pegada em médias rotações e muito ânimo acima de 6.500 rpm., com um ronco que mais parece uma fera a urrar. A caixa de câmbio é muito bem escalonada, proporcionando respostas de aceleração um tanto abruptas para um gêmeo paralelo.
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A famoso motor de três cilindros paralelos da Triumph entrega 30% mais potência do que o bicilíndrico paralelo da Versys e o conjunto da beldade inglesa pesa 22 quilos a menos, por isso a Kawasaki mantém o ritmo da Triumph até cerca de 170 km/h, mas depois disso a moto inglesa leva vantagem. A grosso modo, fazer mais com menos é o forte da Versys 650. Ao iniciar este teste, imaginava que a Tiger Sport 660 tinha uma boa chance de destronar a Versys 650 como moto mais econômica, mas no final, a Kawasaki conseguiu resistir ao golpe entregando médias de 20 km/l contra 17 km/l da Triumph.
Mesmo que o motor 660 da Tiger Sport não seja tão potente ou suave quanto gostaríamos, ele ainda é um motor com caráter esportivo, certamente mais refinado do que o gêmeo paralelo japonês, com excelente resposta do acelerador e uma caixa de câmbio agradável com engates muito precisos. Quando se trata de qualidade de condução e manuseio, a Versys 650 estabelece um alto nível. A estabilidade em inclinação e sua disposição nas saídas de curvas sempre impressionaram até mesmo os pilotos mais experientes. A Versys 650 coloca o piloto em uma posição mais vertical, com guidão mais alto e pedaleiras um pouco à frente, enquanto a Tiger 660 tem um guidão com curvatura mais esportiva e pedaleiras mais recuadas.
A suspensão Showa da Kawasaki não é altamente sofisticada, mas é bem acertada, pois não precisa lidar com alta potência ou freios ferozes, por isso garante ótima performance. O ajustador hidráulico de pré-carga da mola do amortecedor traseiro operado à mão facilita o acerto nas viagens para acomodar a bagagem ou um passageiro, e você também pode ajustar a pré-carga da mola e a velocidade do retorno do garfo, se desejar. A Tiger Sport 660 da Triumph também vem com um ajustador hidráulico de pré-carga da mola traseira, mas ela não conta com nenhum ajuste no garfo dianteiro.
Mas, o garfo e o amortecedor Showa da Tiger Sport 660 também são bem configurados e excepcionalmente funcionais, permitindo que o piloto aproveite a direção mais agressiva da moto, o peso mais leve e o motor mais robusto para realmente abraçar os dotes esportivos desta legítima sport-touring. Os freios não têm mordida particularmente forte mesmo com os grandes discos de 310 mm, mas há muita potência de frenagem quando você aperta com mais força a alavanca. Ambas utilizam duas pinças Nissin de dois pistões na dianteira e uma pinça de pistão simples na traseira, todas com ABS.
A Tiger 660 Sport é certamente mais rápida e agradável em uma estrada sinuosa, graças aos ótimos pneus Michelin Road 5 de aro 17, 120/70 na dianteira e 180/55 na traseira. A Versys 650 também vem equipada com rodas de aro 17, com pneus Dunlop Sportmax 120/70 na dianteira e 160/60 na traseira.
A Tiger Sport 660 usa o mesmo painel da Trident, com uma tela TFT colorida multifuncional e personalizável, comandada pelo inconfundível joystick da marca inglesa instalado no punho esquerdo. A tela TFT de 4,3 polegadas da Versys é mais fácil de ler graças ao estilo e tamanho da fonte e brilho, e ainda conta com o indicador ECO para a melhor faixa de aproveitamento de economia de combustível. A tecnologia continua com vários aplicativos que permitem que seu smartphone se comunique com a moto, a Versys 650 oferece o aplicativo Rideology, a Tiger Sport 660 tem o aplicativo My Triumph. O sistema de bagagem da Triumph combina bem com a moto, mas ainda acho que o kit KQR da Kawasaki é mais bem desenhado e casa melhor com o visual da moto, e com maior capacidade de carga.
Particularmente, eu gostei demais da Triumph Tiger Sport 660 e certamente acho ela perfeita para pilotos que preferem uma moto menor e mais leve para a rotina urbana, ou para aqueles que normalmente fazem viagens mais curtas e animadas. Como uma moto de turismo, ela fica em segundo plano frente a Kawasaki Versys 650 devido ao seu tanque menor, motor mais agitado, suspensão mais rígida e assento mais fino. Em velocidades de cruzeiro nas viagens, a Versys 650 vai lisa e com quase nada de vibração no guidão, enquanto a Tiger Sport 660 tem uma vibração pouco perceptível, mas que existe, principalmente acima de 120 km/h.
A carenagem da Versys 650 também é maior e mais protetiva na estrada proporcionando conforto extra. Já a carenagem da Tiger Sport 660 é menor e mais lapidada, mas deixa a desejar quando se trata de enfrentar as grandes intempéries nas estradas.
Ambas são motos voltadas para o asfalto, com toques de aventura, mas a Kawasaki Versys 650 oferece uma posição de pilotagem mais relaxada e confortável para o dia a dia e para encarar longas jornadas, enquanto a Triumph Tiger 660 tem um caráter mais esportivo e uma tocada mais divertida, obviamente menos prazeroso para longas horas em cima da máquina. Em resumo, as duas motos são excelentes opções na categoria crossover, que conta ainda com a Honda NC 750X que é precificada em R$ 52.680, por isso a escolha deve levar em conta as preferências pessoais de cada piloto quanto a paixão pela marca, bem como a usabilidade e o estilo de pilotagem desejado. E você iria embora com qual delas?