A Ducati do Brasil nos convidou para participar do Riding Experience (DRE), realizado no maravilhoso Autódromo Velocitta, em Mogi Mirim, no interior de São Paulo.
Atualmente o DRE é ministrado pelo experiente piloto Cesar Barros, irmão de Alexandre Barros, nosso único piloto representando o Brasil na categoria máxima do Mundial de Motovelocidade ainda com as temidas motos com motores de 2 tempos de 500 cm³ e que não contavam com o aparato eletrônico da atualidade para amansar a fera.
Cesar Barros ingressou na Motovelocidade em 1980, com 4 participações como Wild Card no Mundial de Motovelocidade, e também correu no CEV, o Campeonato Espanhol de Motovelocidade, além de ter disputado o Mundial de 250 – atual Moto2 – em 2001.
O DRE acontece no sábado e é ministrado inicialmente com uma aula teórica onde são passados os procedimentos de pista, bem como as peculiaridades do traçado e também as questões de segurança. As motos utilizadas são as novas Panigale V4 S 2023, a atual rainha das pistas no Mundial de Superbike nas mãos do piloto espanhol Álvaro Bautista, campeão invicto da categoria com vitórias em quase todas as etapas.
LEIA MAIS:
Produtos S3 Parts chegam ao Brasil via 2W Motors
Mottu Sport 110i se destaca em emplacamentos na 1ª quinzena de janeiro
Vedamotors abre fábrica de olho em montadoras e mercado de reposição
Há duas modalidades do DRE: o Road é desenvolvido para os motociclistas mais iniciantes até os experientes que desejam aprimorar suas técnicas de pilotagem, através de um programa de ensino focado no conceito de segurança que é adaptado a cada participante, dependendo da experiência. O curso também atende quem busca fazer um test ride com todos os modelos da Ducati (exceto a família Panigale), e experimentar todos os benefícios e tecnologias do portfólio da mais famosa marca italiana de motocicletas.
O Racetrack é voltado para pilotos com um pouco mais de experiência com superbikes e que querem aprimorar as técnicas de pista, buscando uma melhora na sua performance, nos seus tempos de volta e também para quem quer viver uma experiência única com quem mais entende de velocidade. O DRE Racetrack irá te ensinar como tirar o máximo proveito da sua pilotagem em qualquer pista.
Depois da aula teórica desci para a pista e foi realmente incrível ver aquela fileira com mais de 20 Panigales V4 S alinhadas e prontas para colocar em prática toda a habilidade dos pilotos. Antes de entrar na pista as turmas são divididas entre os instrutores conforme o nível de experiência de cada aluno e após as equipes selecionadas os instrutores dão uma breve aula sobre cada ponto da pista, mostrando as curvas de alta e de baixa.
Há também proprietários de Panigales que levam suas próprias máquinas para a pista para tirar todo o potencial de suas máquinas com total segurança, e muitas delas são preparadas para pista, com diversos acessórios exclusivos de corrida, como carenagem de fibra de carbono e escapamentos completos para aumentar ainda mais a performance da Panigale V4 S.
Cada saída na pista tem seis voltas e o mais legal é que a primeira volta o instrutor vai puxando a fila e mostrando o traçado. Na segunda volta o primeiro aluno atrás do instrutor toma a frente da fila e o instrutor vai filmando a volta. Ao completar a volta o primeiro vai para o final da fila e o segundo passa a frente do instrutor e tudo vai sendo filmado novamente, e assim sucessivamente até que todos os alunos tenham dado uma volta encabeçando a fila com o instrutor filmando cada um.
Ao final das seis voltas o grupo para em uma mesa de frente a uma tela e o vídeo é mostrado para todos, onde o instrutor vai mostrando os erros ou acertos da tocada de cada piloto em cada curva, bem como o posicionamento na moto, frenagens, entrada e saídas das curvas. São três saídas na parte da manhã, um pit stop para o almoço e mais três saídas na parte da tarde, e durante todo o evento há uma mesa com frutas, guloseimas, água, refrigerantes, café e energético.
Durante a semana que antecede o evento eu já estava em poder de uma Ducati Streetfighter V4 S para teste da Revista Motociclismo, da qual sou o editor de testes, então também pude dar algumas voltas com a hyper naked italiana derivada da Panigale V4 S. O teste da Ducati Streetfighter voce pode conferir no site da Motociclismo. Mas ainda faltava o teste da Panigale V4 S e eu estava bastante curioso para rodar com ela na pista.
A Ducati Panigale V4 S 2023 foi melhorada em relação às versões anteriores, com um assento mais plano e confortável, novas asas laterais menores e novos modos de pilotagem que deixam a motocicleta mais fácil de tocar e atende a uma gama maior de pilotos seja qual for seu nível de experiência.
Para os iniciantes é possível deixá-la mais dócil e gerenciável e para os mais experientes e afoitos por adrenalina é possível deixá-la com a máxima performance, quase igual às motos usadas no Mundial de Superbike na categoria Stock, onde as motos não sofrem preparações e são praticamente originais como as vendidas nas lojas.
Logo no primeiro contato com a Panigale V4 S me senti bem à vontade e notei que a posição de pilotagem é bem natural e confortável para uma superbike tão radical. Na primeira volta ainda estava tentando me encontrar no cockpit da máquina e ao retornar para os box o meu instrutor, o Boy – me desculpem, mas não me lembro seu verdadeiro nome – já me mostrou que eu não estava corretamente posicionado na moto. Seguindo suas orientações, na segunda entrada já melhorei meu posicionamento nas curvas e me senti mais solto e à vontade em cada volta, e novamente ao retornar para os box o Boy já me mostrou a melhora, não só no posicionamento, mas também no traçado.
Nas demais entradas fui melhorando cada vez mais e adquirindo mais confiança nas curvas, até porque a moto vem equipada com os maravilhosos pneus Pirelli Diablo Supercorsa apropriados para as pistas e com um grip fantástico, transmitindo muita segurança ao atacar as curvas e nas inclinações.
A Panigale V4 S é uma moto fantástica, com seu motor de quatro cilindros em “V” dispostos a 90 graus, mais conhecido como motor em “L” como os amantes da marca gostam de chamar. A usina de 1.103 cm³ entrega 215,5 cv de potência a 13.000 rpm e 12,4 kgf.m de torque máximo a 10.000 rpm, e a eletrônica de última geração com IMU de seis eixos controla toda a fúria da máquina.
O motor gira até insanos 16.500 rpm, onde entra a faixa de corte, algo difícil de imaginar já que normalmente os motores de arquitetura em “V” são de baixa rotação e com alto torque neste regime. O peso à seco é de apenas 174 kg e o tanque de combustível comporta 16 litros.
A Ducati Panigale V4 S vem equipada com suspensões da renomada Öhlins, com um garfo dianteiro NPX 25/30 e um amortecedor traseiro TTX 36, ambos ajustáveis eletronicamente e de acordo com o modo de condução selecionado. Um modo fixo ainda permite que o piloto impeça o sistema de fazer ajustes dinâmicos enquanto estiver em movimento e esses modos de amortecimento podem ser alterados, através do painel, em cliques numéricos.
São quatro mapas (Low, Medium, High and Full), e o mais interessante é que os mapas amansam o torque nas primeiras marchas. A primeira e a segunda marcha foram alongadas tornando a Panigale mais fácil de gerenciar em curvas lentas em uma pista de corrida. A sexta marcha também fou alongado para aumentar a velocidade final. Importante lembrar que o modo Low limita a potência em 150 cv e é mais apropriado para rodar na rua ou nos dias de chuva.
O sistema de freios fica a cargo da Brembo, com as excelentes pinças Stylema M50 com ABS também programável conforme o modo de pilotagem, proporcionando frenagens absolutamente fortes e precisas em quaisquer solicitações. Todas as configurações eletrônicas da Panigale são visíveis no belo painel TFT que tem quatro telas de visualização, inclusive o modo pista, e tudo é facilmente acessado pelos botões no punho esquerdo, de forma bastante intuitiva e prática.
Ao final do dia eu estava plenamente realizado e com uma ótima sensação de dever cumprido. Foi difícil encontrar uma falha na atitude ou nas habilidades da Panigale V4 na pista, pois seu manuseio é afiado e previsível, a moto mudava de direção rapidamente, e eu confiava muito na dianteira para atacar as curvas. Pode ser difícil entender como uma moto com mais de 200 cv de potência e tão complexa pode ser facilmente dominada, mas essa é a grande a visão da empresa italiana: a Ducati quer que a moto seja absolutamente mais fácil de pilotar para quem a experimenta seja qual for o nível de experiência.
Para encerar o dia com chave de ouro, um diploma de participação é entrega pelas mãos do grande piloto Cesar Barros, juntamente com seu instrutor durante o curso. Agora eu posso dizer que estou ainda mais tarimbado e ainda mais realizado como piloto por ter experimentado a máquina mais incrível de todos os tempos para as pistas de corrida. Muito obrigado, Ducati!