A Royal Enfield continua sua expansão com a chegada do seu primeiro modelo inegavelmente orientado para o segmento custom, que também emana da inspiração vintage que até agora foi uma constante no restante das suas motos. Nesse sentido, testamos a nova Super Meteor na Espanha. Confira aqui o resultado!
Texto: Pepe Burgaleta
Fotos: Divulgação
Edição: Guilherme Derrico
Até o momento, a Royal Enfield se concentrava de fato na criação de uma linha de motocicletas que marcam presença em sua história. A empresa de origem britânica esteve durante décadas focada na produção do monocilíndrico Bullet, cujo design perdurou até a chegada do protocolo Euro5.
No entanto, para além destas motos míticas, o line-up foi se expandindo e renovando ao longo dos anos até chegar à situação atual, em que todos os seus modelos têm uma mecânica baseada em duas famílias de motores.
Ou seja, de um lado os monocilíndricos de 350 a 411 cm³ que equipam da Meteor à Himalayan, e do outro, os motores de dois cilindros que constam na Interceptor e na Continental GT.
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Mecânica simplista
Antes de mais nada, a característica comum de toda a gama é a mecânica simples, preparadas para durar bastante graças à sua robustez, e que não têm grandes exigências.
Dessa forma, as Royal Enfield são motos resistentes como pede um veículo cujo principal mercado é a Índia, mas que também foram projetados em seu centro de desenvolvimento britânico e que cada vez mais possuem os mesmos componentes das marcas ocidentais em termos de equipamentos.
Desse modo, com a chegada da Super Meteor 650, que é a principal novidade deste ano na marca, se abre um novo caminho na história da atual Royal Enfield: a hora dos modelos custom!
E também trata-se de uma filosofia mais tradicional, pois para o fabricante justamente esse segmento é órfão na categoria intermediária. Assim sendo, a multiplicação de motocicletas personalizadas que incluem cruiser, bem como bagger, tourer, chopper e até dragster deixou uma lacuna que a Royal Enfield quer cobrir.
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Royal Enfield Super Meteor 650: um novo segmento
De qualquer forma, a Super Meteor não pode ser considerada a primeira custom da empresa, embora seja preciso pesquisar sua história enquanto era uma marca inglesa e compará-la com o que era considerado uma máquina deste tipo na época.
Na verdade, tanto a Meteor 700 Twin original de 1952, derivada da 500 Twin, quanto a Super Meteor 700 de 1956 eram motos de estrada mais convencionais. Posteriormente, foram criadas versões adaptadas ao mercado americano com guidão mais alto e pedaleiras dianteiras.
Agora, a nova Royal Enfield Super Meteor 650 vai mais longe para se adaptar ao estilo das motos norte-americanas, pois foi desenhada exatamente para esta causa, e adotando também todos os conceitos clássicos deste tipo de motocicleta, desde o comprimento à posição de condução, passando por uma arquitetura em que os componentes descem da frente para a traseira.
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Motor um tanto comum
Certamente, o coração da custom já é bem conhecido e nesse sentido não há nada de novo, já que o bicilíndrico em linha quase vertical que a impulsiona é idêntico ao utilizado nas motos de estrada já conhecidas da marca.
Dessa maneira, é um motor que tem um estilo completamente tradicional, mas que ao mesmo tempo adotou algumas soluções novas, como o ajuste do virabrequim a 270 graus em vez dos 360 graus que têm sido a saída clássica das motocicletas britânicas.
Com esta configuração consegue-se uma pulsação no motor semelhante à de um V2 a 90 graus, sendo a alternativa mais utilizada atualmente por todas as fábricas.
A verdade é que a aparência deste motor condiz com o espírito clássico a que se pretende adotar. É refrigerado a ar, possui cárter arredondado e cabeçotes de eixo único que, como convém aos tempos atuais, incluem 4 válvulas cada.
Mais detalhes
Acima de tudo, os escapamentos independentes com catalisadores e o sistema de injeção são licenciados para atender às normas de emissão Euro5. Outro aspecto que se mantém no Super Meteor é o desempenho do motor, e sua potência máxima permite uma condução suave e silenciosa.
Não há necessidade de procurar soluções como eletrônica adaptável, visto que não possui modos de condução nem ajudas eletrônicas. Mas no final, o funcionamento deste propulsor é muito bom para o que a marca pretende atingir. Em primeiro lugar porque tem um certo pulso, mas sem vibrações irritantes aparecendo.
Se você aumentar a velocidade procurando alcançar o limite, notará que ele protesta, mas na zona de uso normal, e também quando você pilota devagar, ele atende muito bem.
Royal Enfield Super Meteor 650: para relaxar
A mudança é bastante precisa e, embora os controles sejam avançados, pode ser facilmente operado. Você pode optar por uma alavanca com calcanhar da longa lista de acessórios se quiser cuidar do seu calçado, mas não é necessário ativá-la.
Do mesmo modo, a embreagem também é suave e progressiva quando esquenta um pouco, o que é bom, pois você terá que usá-la nas reduções.
Se o motor não é novidade, o resto da motocicleta foi desenhado, incluindo o seu quadro. A Royal Enfield comprou a famosa empresa britânica de chassis Harris, e agora conta com sua experiência no design e fabricação de seus quadros, como foi o caso deste modelo.
A estrutura tubular de aço forma um berço duplo, interrompido à meia altura, com a travessa direita parafusada para facilitar a retirada do motor.
Dimensões
A parte traseira, como acontecia com os monocilíndricos, forma uma alça que permite abaixar a altura do assento.
Em comparação com outras motos, essa área foi ampliada para que o braço oscilante permita um pneu mais largo que o usual da marca, além de um aro de 16 polegadas para rebaixar mais a altura do banco sem precisar reduzir ainda mais o curso da suspensão traseira, que tem 81mm, um pouco curto, mas também de acordo com o segmento custom.
Os componentes do quadro foram cuidados. Por exemplo: as suspensões são Showa, com um garfo invertido na dianteira que pode até desafinar com o visual clássico geral da máquina, mas que garante uma boa performance.
As posições de direção não são excessivamente abertas, em torno de 27° de ângulo e 120mm de trail, o que resulta em uma moto que se movimenta bastante, mesmo quando ao fazer mudanças bruscas de direção.
Dá para fazer curvas!
De fato, boa parte do percurso em que tivemos oportunidade de fazer este primeiro contato era constituído por curvas e zonas com asfalto pior que a média da Espanha, e a Royal Enfiled Super Meteor 650 cumpriu sua missão.
Talvez um segundo disco dianteiro fosse útil para não ter que suportar tanto a frenagem no disco traseiro, que em todo caso tem 300 mm de diâmetro, o que garante seu desempenho.
A posição de pilotagem comtempla todas as exigências do setor, ou seja, assento baixo, guidão alto e pedaleiras adiantadas. A conclusão é que você fica levemente deslocado para trás, mas sem precisar se apoiar nos braços para manter a postura.
Painel da Royal Enfield Super Meteor 650
O painel combina informações analógicas e digitais, embora sem incorporar o tacômetro. O que foi reinstalado é o relógio que funciona como navegador com o aplicativo e que se conecta ao celular.
O passageiro ainda tem seu lugar no design da moto, com um banco decente, mas que poderia ser aprimorado com várias opções, assim como a sua capacidade de carga.
Foi criada também uma versão Touring, com vocação para quem pretende fazer alguns quilômetros a mais com a moto, que inclui um banco maior, encosto do passageiro e bolha para melhorar a proteção aerodinâmica.
Várias opções
A Royal Enfield Super Meteor 650 inicialmente tem duas opções de cores, sólidas ou bicolores, que a diferem em valor. O básico atingiu um preço de 7.247 euros, cerca de R$ 40.100 em conversão direta.
A versão bicolor encarece mais 400 euros na Touring, totalizando aproximadamente R$ 42.300 em moeda nacional.
Aqui fica claro que a nova Royal Enfield é uma motocicleta que mantém a filosofia de suas irmãs. Ou seja, está em busca de uma pilotagem tranquila e confortável com esta nova moto. Embora ela também seja bastante eficiente nas curvas, em que a altura do solo marca o limite e está além do que você espera.
O peso declarado é de 241 kg com tanque cheio. Isso não é pouco, embora também seja verdade que não se buscou economia nesse sentido.
Porém, a massa está bem distribuída e a agilidade já mencionada se soma a uma operação de garfo realmente boa, mesmo na hora da frenagem. A extremidade traseira de curso mais curto é capaz de combinar conforto com eficácia.
E aí, o que você achou deste teste? Teria vontade de pilotar uma máquina dessa? Deixe sua opinião aqui nos comentários!