A Ducati está vivendo seu melhor momento em toda sua história. Além de conquistar a tríplice coroa de campeã de construtores, pilotos e equipes nos dois maiores campeonatos de motovelocidade do mundo, MotoGP e Mundial de Superbikes, a Casa de Borgo Panigale também continua batendo recordes de vendas e faturamento.
A marca italiana vem rentabilizando o grande esforço na renovação de seu line-up e a acertada aposta na excelente opção do motor V 4 para equipar boa parte de suas motos, inclusive sua best-seller Multistrada.
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A Panigale V4S talvez seja o maior exemplo aqui no Brasil do projeto bem-sucedido da Ducati. Afinal ela tem boa parte da base da moto campeã do WorldSBK e, francamente, ela é um espetáculo.
Fica cada vez mais difícil imaginar para onde vão evoluir esses bólidos, afinal as superesportivas estão cada vez mais leves, ágeis e de pilotagem facilitada (embora o caboclo tenha que ter culhões para acelerar para valer esses mísseis).
Culhões à parte, mesmo o mais medroso dos simples mortais, sob o turbilhão de sensações e precauções ao se posicionar no cockpit desta Panigale V4S vai perceber que é possível acelerá-la de forma amigável e paulatinamente vai ganhando confiança e perceber que a Panigale é amigável e suas respostas podem ser suaves e a pilotagem bastante tranquila até a metade do curso do acelerador.
Isso já vai ser suficiente para que o medo se transforme em vontade de fazer um curso de pilotagem para ir além.
Carenagens com aerodinâmica mais eficiente
A roupa da Panigale foi reformulada e novas passagens de ar para melhorara a refrigeração do motor foram feitas, mas principalmente as asas nas laterais da moto foram redesenhadas e agora ficaram ainda mais eficientes e, segundo a Ducati capazes de gerar até 37 quilos de downforce no eixo dianteiro a 300 km/h. A 270 km/h são 30 quilos.
A reformulação não ficou só nas carenagens, o tanque está mais estreito no entrepernas e ficou mais alto, ganhando também 1,5 litro de capacidade.
O banco também mudou, ficou mais espaçoso e soma-se ao novo formato do tanque para aumentar o espaço no cockpit para a movimentação na pilotagem. Ele está bem mais alto, só de montar na moto percebi que, mesmo com meu 1,8 metro fiquei com metade da planta dos pés apoiadas no chão.
Na condução a posição carenada ficou mais encaixada e o piloto mais protegido contra o arrasto aerodinâmico, mas o banco mais alto força a posição dos braços sobre o guidão aumentando a força necessária nas pernas e abdômen para sustentar o corpo nas frenagens mais fortes.
Ciclística apurada na nova Ducati Panigale V4S
A versão anterior já era uma moto muito especial, com o chassi em alumínio monocoque, balança mono-braço acoplada ao motor com amortecedor e bengalas invertidas Öhlins de ajustes eletrônicos tudo já funcionava à perfeição, mas agora as mudanças deixaram sua dirigibilidade ainda mais apurada.
As bengalas pressurizadas ganharam mais 5 mm de curso e o eixo que fixa a balança ao motor foi elevado também em 5 mm. As várias possibilidades de ajustes através do amortecedor e do eixo da roda traseira continuam oferecendo maior combinação para o acerto fino de acordo com o piloto e a pista.
O traçado do autódromo de Capuava, no interior de São Paulo, é bem travado, há poucas ondulações importantes, só na descida da ponte há uma rachadura em desnível na qual se passa quase no momento da frenagem, e é possível sentir a moto balançar e se aprumar rapidamente, mostrando o bom funcionamento das suspensões.
O contorno das curvas é como estar nos trilhos de um autorama e mesmo nas reacelerações mais fortes a moto mostra toda sua previsibilidade.
O motor V4 e a eletrônica da Ducati Panigale V4S
O motor recebeu importantes alterações que lhe renderam 1,5 cv a mais, totalizando 215,5 cv a 13.000 rpm. O ganho foi possível graças às seguintes mudanças: recalibragem da injeção e ao novo abafador e catalisador.
Os engenheiros italianos também melhoraram o sistema de lubrificação interno com dutos redesenhados e nova bomba de óleo.
Porém, a mais sensível diferença na pilotagem vem da na nova relação de câmbio que teve a primeira, segunda e sexta marchas alongadas, o que em um autódromo travado como o de Capuava, onde boa parte do traçado é feito em primeira marcha, permite aproveitar muito mais o motor com sensação de menor velocidade.
Outro grande avanço foi conseguido na melhoria da eletrônica que tem todos os controles com interferência muito mais suave, desde o antiwheeling ao controle de tração, você percebe a atuação e a suavidade acaba por aumentar sua confiança na pilotagem, é sensacional.
A Ducati também foi agressiva no preço, conseguiu manter o mesmo valor pedido pela versão anterior, R$ 162.990, o que não é pouca grana, mas pela quantidade de melhorias e pelo aumento da emoção na pilotagem parece uma pechincha. Se a sua paixão são as motos superesportivas, vale conhecer e fazer o test ride.