A Honda nos convidou para fazer uma pequena aventura com a nova CRF 1000L Africa Twin nas proximidades de Cuiabá (MT), beirando a lindíssima região da Chapada dos Guimarães, um lugar onde o universo faz você se sentir pequeno e abençoado. Um dos pontos altos da viagem foi a vista da cachoeira Véu de Noiva, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, cartão-postal da região.
Chegamos a Cuiabá de avião e nos encontramos na concessionária Moto Raça, de onde partiríamos em direção ao Malai Manso Resort, para depois seguir para a aventura. Os responsáveis por nos guiar pelo trajeto até Lago Manso, onde fica o hotel, foi o pessoal da TSO.
Ao chegar à cidade de Cuiabá, na van que nos levou até a concessionaria, uma coisa me chamou a atenção, o asfalto da cidade brilha tanto que parece estar molhado, sensação que comprovei depois, sentindo as rodas da Africa Twin deslizando, como se estivesse andando sobre uma chapa de vidro. Fiquei impressionado como é perigoso o pavimento negro da cidade mato-grossense, dá para fazer ideia de como ele deve ser ensaboado na chuva, inacreditável. Tomando muito cuidado para chegar à estrada ileso com ajuda do controle de tração e do ABS para não cair.
Comecei o trajeto com a versão standard, mais baixa e com menor curso nas suspensões. Foram pouco mais de 100 quilômetros até chegar ao maravilhoso resort, a parte especial (off-road) da viagem estava guardada para o dia seguinte, mas nesta primeira perna do trajeto pude sentir a agilidade e confiança que a Africa Twin passa no asfalto. O pessoal da Honda montou os pneus Metzeler Karoo 3 (de perfil 50% on road e 50% off-road), e apesar dos grandes sulcos que eles tem para garantir pegada na terra, se saíram muito bem no asfalto, permitindo inclinar a moto do jeito que eu quisesse.
Já havíamos testado a Africa Twin e conhecido suas mudanças na apresentação estática feita pela Honda, mas é sempre bom poder ter mais uma experiencia com uma moto que você gosta. As respostas ao acelerador eletrônico são rápidas, e de acordo com os modos de entrega de potência (Tour, Urban, Gravel e User) você tem mais suavidade ou agressividade nas acelerações.
Embora a primeira ficha técnica apresentada pela Honda tenha sido equivocada (números europeus), nela eram 94,6 cv a 7.500 rpm de potência máxima, quando na realidade são 88,9 cv na mesma faixa de giros. A diferença foi por conta da adequação do motor às exigências do Promot 4 (legislação de emissão de poluentes e ruídos no Brasil), que neste momento é mais exigente que o Euro3, por isso a Honda teve que fazer algumas mudanças nos ajustes eletrônicos para atendê-la no quesito ruído, por isso a diferença.
Em cenário bucólico percorremos o bom asfalto da estrada (diferente da cidade de Cuiabá) que leva até Lago Manso e a cada saída de curva a sensação de mais pegada ao acelerar empolga, o torque da Africa Twin passou de 9,3 kgf.m para 9,7 kgf.m a 6.000, sensível diferença. Logo chegamos ao resort para um belo churrasco de fogo de chão. Mas a aventura seria no dia seguinte, estava ansioso.
De manhã a troca das motos, eu pegaria a versão Adventure Sports, mais preparado para encarar a terra. Saímos cedo para poder fazer o trajeto off-road, parar para fotografar e curtir a paisagem também. Alguns quilômetros de asfalto em direção à Chapada dos Guimarães, que até então era vista de longe, para entrar no trecho que faríamos sobre terra e muita areia.
Paramos no começo do trecho de terra para ajustar a eletrônica da moto e testá-la mais uma vez, agora de forma mais radical e guiada. Coloquei no modo Gravel, mas deixando o controle de tração no mínimo (1) que permite derrapagens sem deixar a moto atravessar em uma aceleração mais empolgada.
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Com o líder começando a andar mais forte e a poeira aumentando, fico a uma distância que possa seguir sua linha, assim não corro o risco de cair em alguma armadilha, coisa comum no off-road. Me empolgo ao sentir as derrapagens nas acelerações, a moto vai engolindo tudo que vem pela frente sem titubear, precisa e transmitindo confiança.
Já disse que eu gosto de off-road, mas não é meu forte. Sempre que enfrento este tipo de situação fico tenso e presto muita atenção nas dicas de quem está no comando, apesar de não ser iniciante, tento me precaver. Começamos a passar pelo primeiro trecho de areia, que mais parece um talco e deixa a moto enlouquecida abanando dianteira e traseira para os lados. A dica é: acelere e concentre o peso na traseira da moto. Fácil? Mais ou menos. Se você diminui o ritmo a moto, apesar do comportamento previsível e estável, parece tomar vida própria e querer te levar para onde ela estiver apontada, muito louca a sensação, continuei acelerando.
Paramos para fazer fotos em vários trechos, inclusive nos de areia, e os tombos foram inevitáveis. Eu tive um percalço e foi quando o líder decidiu desacelerar no meio do areão, por ouvir no rádio que alguém caíra, como não estava com distância adequada e segura, quando tentei parar e quase parado, tombei com a moto, porque a frente afundou na areia. O ABS também tem excelente funcionamento na terra e areia, pude comprovar, mas optei por desligá-lo.
O trajeto não foi muito longo, mas passamos três horas nos divertindo com a Chapada dos Guimarães nos assistindo e brindando o belo fundo das fotos. Chegamos ao Parque Nacional da Chapada do Guimarães para conhecer a bela cachoeira Véu de Noiva. De lá partimos de volta para Cuiabá, mas antes outra vista maravilhosa no Mirante Atma, vale a pena conhecer a região.
A Africa Twin é dessas motos que você anda e se sente à vontade, leve, ágil e fácil de tocar, por onde você quiser ir, o banco na regulagem mais baixa na versão Adventure Sports, ajudou a diminuir o risco para subir, descer e manobrar a moto, cumpriu a aventura e deixou um gosto de que poderiam ter sido mais quilômetros. Vamos pedir a moto de novo e dar outro rolé.