A Ducati Streetfighter V4 S é fora de série, uma das motos mais bonitas do mundo na minha opinião. Pode ser que você não concorde comigo, afinal gosto não se discute, mas posso apostar que se você encontrar uma por aí, vai parar para observá-la detalhadamente.
Conceito do Coringa
A Streetfighter V4 S tem como característica a dualidade no comportamento ao giro do punho. Por isso Jeremy Faroud, o designer que a criou se inspirou no Coringa das histórias em quadrinhos da DC Comics, porque ele se diverte praticando maldades.
Por seu lado a Streetighter V4 S é capaz de ser dócil e suave em passeios dominicais, como também pode se comportar de forma demoníaca, tal qual uma superesportiva de competição. Sem a maldade do Coringa, ela pode assustar ou intimidar os mais incautos.
Subindo na moto
Uma vez sobre a Streetfighter você percebe que a posição de pilotagem é bastante neutra e a ergonomia, apesar das pedaleiras bastante recuadas é boa e a pouca largura da moto surpreende. Há muito espaço no banco para o piloto se movimentar e pilotar totalmente a vontade e o encaixe é ótimo com o guidão.
A naked mais potente do país
A Streetfighter V4 S tem várias concorrentes de peso na Europa, também com desempenho extraordinário, como MV Agusta Brutale 1000RR, KTM 1290 Super Duke R e Yamaha MT-10, mas por aqui ela reina solitária no segmento das hypernaked, bom para a Ducati e para nós que pudemos acelerá-la.
O motor V4
A Ducati queria quebrar a banca quando decidiu colocar o poderoso motor de quatro cilindros em V na Panigale e posteriormente em suas motos de passeio (Multistrada V4 e Streetfighter), desempenho foi a palavra de ordem do projeto e adrenalina e endorfina as substâncias buscadas para oferecer a seus clientes.
Derivado da MotoGP e devidamente amansado com relação ao da Panigale o motorzão da Ducati impressiona pela capacidade de aceleração, torque e suavidade (se você quiser) para rodar.
Ao dar a partida, o ronco e a vibração dos quatro cilindros já começam a instigar meus sentidos e acelero para ouvi-lo melhor, seu som é peculiar e adorável.
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São 208 cv e 12,6 kgf.m de potência e torque máximos, números para ninguém botar defeito, e a eletrônica (baseada em uma IMU de seis eixos) é refinada, cheia de controles interligados entre os três modos de pilotagem (Street, Sport e Racing). Tem ABS cornering, controle de tração, anti-wheeling, quick shift up and down, controle de largada, controle de freio motor, além das suspensões e amortecedor de direção eletrônicos.
O painel em TFT é muito bonito, cheio de informações e configurável em dois layouts, um deles focado para utilização em pista.
Sensação do poder italiano
Saí para dar as primeiras voltas no autódromo de Capuava, no interior de São Paulo, com certa parcimônia para não tomar nenhum susto nem arriscar prejuízo, mas logo a Streetfighter me deixou bem à vontade para sentir sua entusiasmante patada.
Depois de rodar no modo “normal” (Street) e sentindo boas sensações às respostas rápidas ao giro do acelerador, queria ir logo em busca de mais endorfina.
Modo Racing
Já no modo Racing, as suspensões se enrijecem e as poucas falhas do asfalto são mais perceptíveis, neste modo experimento a sensação de acelerar mais forte nas saídas de curva e percebo a roda traseira derrapando com uma suavidade convidativa e muito controle, pedindo cada vez mais para acelerar com vontade.
Nesse modo e com o antiwheeling um pouco permissivo é fácil sentir a roda dianteira decolar até a entrada do controle eletrônico, que a faz aterrissar suavemente.
Aerodinâmica
As asas laterais da Streetfighter, segundo a Ducati, podem oferecer 28 quilos de downforce na roda dianteira (a 270 k/h) o que mantém a roda colada ao chão e diminui a sensação de flutuação da roda dianteira em alta velocidade, além de valorizar o visual.
Outro componente que chama bastante a atenção pelo bom funcionamento é o câmbio de tato suave e o quickshifter, que faz as mudanças de marcha de forma muito rápida e precisa, tanto para subir as marchas quanto nas reduções.
Ciclística
A agilidade que o conjunto ciclístico oferece também é um ponto forte. O chassi monobloco é compacto e o motor é parte integrante do conjunto, nele estão acoplados a balança monobraço e o amortecedor traseiro.
O feeling na direção que esta Ducati oferece e a sensação de estabilidade são anormais e a sensação é de que você sempre pode ir um pouco além.
Acelerando a Streetfighter V4 S
A empolgação começa a tomar conta de meu corpo e atraso muito a frenagem da curva no final da reta principal fazendo-me abortar a tomada, mas a excelente capacidade de frenagem do sistema de freio, com dois discos de 330 mm na roda dianteira e suas pinças radiais monobloco de quatro pistões (mais o ABS) da Streetfighter não exigem muita força no manete, e mesmo assim, é capaz de me fazer sentir o cérebro empurrando a testa, mas transmite muita segurança, ela permite erros, menos ser subjugada.
Nas frenagens abruptas como essa no final de uma reta, o virabrequim contrarotativo amansa o empurrão do motor nas reduções de marcha por conta do torque, é outra mão na roda.
Vale muito mais do que pesa
A Ducati Streetfighter V4 S é uma moto surpreendente pela leveza, agilidade e esportividade que é capaz de entregar. Se você olhar somente para a etiqueta de seu preço (R$ 157.990, no primeiro lote entregue no Brasil), pode parecer cara, mas analisando tudo que ela tem e oferece a percepção muda.
A Ducati trouxe várias soluções e materiais utilizados na MotoGP para chegar a estes números de 208 cv e 178 quilos (em seco). A eletrônica finíssima permite tanto a utilização em passeios pacatos quanto histéricas aceleradas na pista, isso a torna na minha opinião, uma moto fora de série. Sem dúvida é uma moto que poderia estar na garagem ou na sala de casa.