A Honda Pop chegou no início de 2007 como uma aposta da Honda no momento em que alguns modelos chineses ganhavam espaço com as classes C e D entrando para o mercado consumidor de motocicletas. O seu conceito “espartana ao extremo, mas com qualidade Honda”. E seu preço no lançamento de R$ 3 990 deu certo, e, desde então, a Pop figura entre os modelos mais vendidos do Brasil, inclusive chegando a ser líder em alguns mercados do Nordeste. Em 2016, ela ganhou um tapa no visual — que buscou deixá-la com mais cara de moto e menos de cub —, e o motor carburado de 97 cm³ deu lugar a um de 110 cm³ com injeção eletrônica.
A proposta da Pop, entretanto, segue inalterada: ser uma moto “barata”, econômica no consumo de combustível e na manutenção e que enfrente condições de utilização bem duras, inclusive onde não há asfalto, com confiabilidade e robustez. Na prática, como comprovamos neste teste, ela é exatamente assim.
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Assim que subimos em uma Pop já começamos a sentir que estamos em um bicho diferente. A posição de pilotar é sentada, semelhante à de um scooter como o SH 150i, com as costas retas e os joelhos em um ângulo de 90°. O guidão é baixo, mas não tão estreito, já que é mais largo que o da Biz e até que o da CG. À nossa frente encontramos um painel simplório, em que o maior “luxo” é o útil indicador de velocidade máxima por marcha grafado dentro do próprio velocímetro.
Monocilíndrico urbano
Partida elétrica seria demais em uma moto que não tem sequer trava de guidão, mas fazer o motor funcionar com o anacrônico pedal é fácil, não exige força e a Pop pega de primeira. Aquelas manobras para estacionar ou para driblar algum carro quando o trânsito para são brincadeira. São apenas 87 kg de peso seco e a moto parece ser capaz de fazer uma volta em cima de um azulejo. Mesmo sendo uma peso-mosca, ela carrega um peso pesado e ainda sobra, já que a capacidade de carga declarada é de 150 kg.
O motor de 110 cm³, com potência máxima de 7,25 cv a 6 800 rpm e um torque de até 1,10 kgf.m a 4 900 giros, verificados em nosso dinamômetro, parece ter sido feito sob medida para a Pop, já que proporciona um desempenho mais que suficiente para trafegar com segurança até mesmo em vias urbanas rápidas. Claro que não é uma moto para viagens, mas, no plano, ela chega a 100 km/h no velocímetro e alcança 80 km/h mais rápido do que imaginamos. Pegamos alguns trechos curtos de estrada e ela se mostrou estável, tanto nas retas quanto em curvas. Só exige atenção com ventos laterais ao ultrapassar ou ser ultrapassada por veículos grandes. O câmbio de quatro marchas é bem escalonado, mas, diferentemente do da Biz, que é semiautomático (a embreagem é acionada pelo próprio pedal de câmbio), na Pop temos que usar o manete esquerdo a cada troca de marcha.
A ciclística da pequena Honda Pop 110i também vai muito bem e, em alguns pontos, parece — e é — até superdimensionada. O reforçado chassi monobloco e as suspensões foram projetados para aguentar uma utilização muito mais exigente do que simplesmente ir e voltar do trabalho por ruas asfaltadas. Superamos lombadas, buracos e calombos sem sentir em nenhum momento aquela batida seca acusando fim de curso. Em absorção de irregularidades e conforto, o comportamento das suspensões se assemelha muito ao das city… e é infinitamente melhor que o de um scooter.
Peso-leve
Com um garupa de 70 kg, além de uma significativa perda de desempenho, notamos que a frente (que já é leve) sente bastante a transferência de peso, transmitindo uma sensação de flutuação que não é das mais agradáveis. O sistema de freios fica a cargo de um tambor de 110 mm em cada eixo, que dão conta do recado — pelo menos quando são novos, como a moto testada.
Em versatilidade, uma desvantagem da Pop diante das demais cub é que, mesmo com a roda traseira de 14”, ela não tem porta-objetos sob o assento. Ali debaixo, só o tanque de 4,2 litros, que, mesmo pequeno, garante uma autonomia de mais de 200 km graças ao consumo baixíssimo desta Honda. No teste, com um piloto pesado e sem nenhuma preocupação em economizar, ela fez 47,1 km/l, ou seja, em “condições normais”, é fácil passar de 50 km/l.
No fim das contas, depois de alguns dias com a Honda Pop 110i entendemos melhor a razão de seu sucesso… além de me divertir e economizar alguns reais em gasolina. Ainda acho que os quase R$ 6 000 que custa para colocar uma na garagem é um pouco demais, considerando a sua simplicidade mecânica e o que (não) oferece em equipamentos, mas ela convence. A Pop 110i é o oposto de “bonitinha, mas ordinária”. Ela pode ser carente de beleza, mas tem qualidade e excelente naquilo que se propõe a ser e fazer.
Conclusão
Basta dizer “Pop” que muito motociclista abre um sorriso e lança uma piadinha sobre a moto. Garanto que 99% deles jamais pilotaram essa surpreendente Hondinha. Concordo que ela não tem um preço que salte aos olhos e que a economia nos equipamentos é até exagerada, mas quem tem a oportunidade de passar alguns dias com uma Pop 110i logo reconhece a razão dela fazer tanto sucesso no mercado. Alternativa ao transporte público e meio de transporte aonde o público não chega. Além do custo para mantê-la rodando quase irrisório, a marca ainda oferece 3 anos de garantia e trocas de óleo grátis.
Pontos positivos:
- Robustez
- Economia
- Facilidade de pilotar
Pontos positivos:
- Design
- Ergonomia e disposição dos botões
Texto: Gabriel Berardi
Fotos: Renato Durães