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Testes

Yamaha MT-03, a pedra no sapato (das outras)

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  • Publicado: 17/08/2017
  • Atualizado: 28/03/2019 às 19:10
  • Por: Redação

O segmento das city “premium”, no Brasil, está mudando. Primeiro foi a Kawasaki Z300, depois a KTM 390 Duke e antes mesmo da BMW colocar no mercado a tão esperada G 310 R, a Yamaha trouxe a MT-03. Todas repletas de tecnologia, todas com arrefecimento a líquido, freios poderosos equipados com ABS, suspensões muito bem calibradas, leves, ágeis, econômicas e também versáteis.

A MT-03 não tem nada a ver com aquela antiga MT-03 que foi comercializada em 2008. Aquela herdava o vibrante motor monocilíndrico da XT 660, essa nova está equipada com um equilibrado bicilíndrico, de exatos 320,6 cm³, com 42 cv declarados. Trata-se do mesmo motor da YZF-R3, mas evidentemente a MT é uma naked, portanto nada de carenagem integral. Mantiveram as belas rodas, de liga, de dez pontas, o quadro tubular de aço e a bonita balança da suspensão traseira assimétrica, que, apesar de parecer ser de alumínio, é de aço. O que muda realmente são o guidão de peça única, instalado em cima da mesa, e evidentemente o farol. O restante é praticamente uma R3, até o painel.

Essa intenção de oferecer uma naked e apenas retirar a carenagem e não alterar nada na geometria ou na motorização não é ruim, afinal de contas a YZF-R3 tem um motor e uma ciclística deliciosos, à prova de críticas. Contudo, além da mudança estética, na prática mudou um pouco a posição de pilotagem.

Diferentemente da R3 que conta com semiguidões instalados nas extremidades das bengalas, o único guidão da MT-03 é um pouco mais alto e está mais próximo do piloto, fazendo com que suas costas fiquem mais eretas e os braços, mais relaxados. Alguns podem ficar em dúvida sobre a proposta de utilização da MT-03, a considerando rival direta da Fazer 250 e que custa quase R$ 8.000 a mais.

Realmente, na versão com ABS a MT-03 custa R$ 21.390, bem diferente dos R$ 13.620 da Fazer 250, mas a MT-03 tem motor bicilíndrico de arrefecimento a líquido — que vibra quase nada — com quase 20 cv a mais de potência e o ABS nos freios. Ou seja, apesar de ser uma pequena naked, ela permite encarar a estrada com muito mais vigor e sem aquele ruído de válvulas que tem o motor 250 a ar, da Yamaha.

Outro ponto interessante desse motor é que, apesar de ser mais potente, ele é quase tão econômico quanto o da Fazer. Marcou na estrada bons 27,5 km/l e na cidade, com muitas acelerações até a faixa vermelha do conta-giros, 22 km/l, ou seja, apesar de ter muitos cavalos a mais, ele é econômico. Nem precisa dizer que esse motor é capaz de levar a pequena naked até os quase 160 km/h reais.

Ainda comparada com a Fazer 250, a MT-03 se mostra mais esportiva também no conforto. Ela não tem aquele grande banco da 250, mas, em contrapartida, ele é magro propositalmente, com a finalidade de dar liberdade para se mover de uma lado para o outro, caso a estrada seja repleta de curvas e você queria muita emoção na pilotagem. Ainda falando de curvas emocionantes, a MT-03 também utiliza rodas de 17 polegadas, mas vem equipada com pneu 140 na traseira, no caso o excelente Metzeler Sportec M5.

Todavia, descobrimos uma característica que pode não agradar quem pretende utilizar a MT-03 somente dentro da cidade ou para trabalho. Durante nosso teste, percebemos que ela não tem aquele torque digno da sigla MT (Master of Torque). A Yamaha declara 3,02 kgf.m para a MT-03. Não é pouco para uma 300, mas essa força só aparece lá em cima, aos 9.000 rpm e isso, no anda e para do trânsito urbano não é confortável.

Quando abre o semáforo temos que esticar as marchas até acima dos 6 000 rpm para sentir a força desejada, e em uma cidade como São Paulo (SP), onde os limites de velocidade não ultrapassam os 60 km/h, esticar até passar dos 6.000 rpm leva tempo, ou seja, quase nunca chegamos lá. Nesse caso, os 2,0 kgf.m de torque máximo da Fazer, que aparecem mais cedo, aos 6.500 rpm, são mais úteis no trânsito e nas subidas urbanas que os 3,0 kgf.m a 9.000 rpm da MT-03.

Isso só nos leva a crer que a MT-03 não é mesmo concorrente da Fazer 250, afinal de contas, apesar da baixa cilindrada, ela não é para trabalho, e sim para recreação. Se você tem que pegar estrada para se deslocar ao trabalho ou se você quer fazer viagens curtas, opte pela MT-03. Trabalho, dentro da cidade, a opção melhor ainda é a Fazer 250 e por vários motivos, pois tem peças à vontade e, consequentemente, mais baratas.

A MT-03 é nacional, mas sabemos que nem todas as peças que são fabricadas aqui, portanto muitos componentes são importados, o que pode significar uma manutenção mais cara. Todavia, a Yamaha divulgou parceria com seguradoras e está fixando baixos valores de seguro para a MT-03. Cerca de R$ 2 000 por ano. Bem interessante.

No dinamômetro, o motor rendeu 34,57 cv de potência máxima a 10.000 rpm, com pico de torque em 2,48 kgf.m a 9.000 rpm. Assim como a sua irmã R3, a MT-03 mostra mais vigor em altas rotações. A faixa útil de utilização é curta, digna de motos esportivas.

QUATRO PONTOS

NA CIDADE: É magra, leve e baixa. Encara o trânsito caótico com maestria. As suspensões são confortáveis, e o sistema de freio com ABS garante segurança. Só não leva nota máxima porque pede muitas trocas de marcha.

NA ESTRADA: Apesar de ser uma naked bem compacta, ela gosta de giros altos e roda com folga dentro do limite de velocidade. Se tiver curvas, melhor ainda, pois é precisa, estável e oferece ótimo grau de inclinação. Pura diversão na serra.

GARUPA: O piloto não se sente muito incomodado, e há potência suficiente para não perder rendimento quando carregada, porém, está longe de ser confortável. As pedaleiras são altas, e o espaço no banco é restrito.

CUSTO-BENEFÍCIO: Muito interessante. Uma 300 cm³, “a água”, 42 cv, mais sistema ABS por cerca de 20 mil, não deixa de ser uma ótima oferta frente à concorrência. Mas a batalha não é fácil, o trabalho no pós-venda deve ser intenso.

CONCLUSÃO

A MT-03 não tem aquele torque vigoroso em baixos giros que eu esperava de uma MT. Como ela herdou o mesmo motor da R3, acredito que esse comportamento, meio explosivo de médias para altas rotações, combine mais com a esportiva carenada do que com essa naked de proposta urbana.

Dentro da cidade ela pede muitas trocas de marcha. A ciclística é exemplar. Fácil e intuitiva, ela percorre curvas com muita leveza e estabilidade. Os freios são potentes e as suspensões estão muito bem calibradas para o Brasil. Porém, a entrega de potência em altos giros combina mais com a estrada.

Texto: Eduardo Zampieri Fotos: Gustavo Epifanio

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