A Voltz é uma startup brasileira que entra no segmento de mobilidade elétrica, com o scooter EV1, apostando nisso, já tem data para o lançamento de sua motocicleta também eletrificada.
Texto: Ismael Baubeta
Fotos: Renato Durães
A onda da mobilidade não é de hoje, e soluções para melhorá-la estão sendo pesquisadas há tempos, a prova disso são as inúmeras novidades que vêm sendo oferecidas à população mundo afora para facilitar o ir e vir nos trajetos urbanos. Bicicletas e patinetes de aluguel e compartilhados, alguns elétricos, outros não, já rodam pelas metrópoles do Brasil e são boas opções para quem quer deixar de lado o transporte público, economizar uma grana ou simplesmente evitar os congestionamentos preso dentro de um automóvel.
A Voltz, uma startup brasileira, vislumbrou a oportunidade e aproveitou o conhecimento e seu bom relacionamento com fornecedores chineses para desenvolver um scooter elétrico exclusivo para o Brasil, diferencial importante quando se fala de fornecedores chineses, acostumados a multiplicar seus produtos com diferentes marcas pelo mundo.
Como é o Voltz EV1
O scooter Voltz é compacto e bastante leve (98 kg), tem design moderno e muito bem cuidado. Detalhes como o belo conjunto óptico de LED e a lanterna traseira que contorna e define sua traseira são bons exemplos do capricho no projeto. Mas não são só as linhas que chamam a atenção, a balança traseira é robusta, bem desenhada e até lembra a de motos maiores, as rodas também são bonitas, a de trás tem em seu interior o motor elétrico de 1.800 watts, ambas são pretas com os detalhes polidos. O pequeno para-brisa e apliques de metal escovado no assoalho confirmam o bom gosto do projeto.
Apesar de seu tamanho compacto, eu, com meu 1,8 metro, encaixei bem na EV1, embora tenha que encostar o traseiro no ressalto do banco para não ficar com os joelhos muito próximos do escudo frontal. Na pilotagem, o banco teima em fazer você escorregar para a frente, exigindo o constante reposicionamento, mas a densidade da espuma oferece bom nível de conforto. Já o garupa, apesar da aparente limitação do espaço no banco, vai bem acomodado.
Movimento silencioso
Claramente o EV1 foi pensado para trajetos urbanos e, de preferência, curtos, afinal 60 quilômetros de autonomia não é muito para uma cidade como São Paulo, por exemplo, e o motor elétrico de 1.800 watts sofre algumas limitações, principalmente em subidas mais íngremes, exigindo paciência para que ele vença os aclives, situação tranquila em vias dentro de bairros, porém mais crítica no quesito segurança se for em vias de grande fluxo. Já havia andado em uma motocicleta elétrica há vários anos, foi num modelo da norte-americana Zero, mas em local fechado e restrito, o que limitou a boa sensação.
Sentar no scooter, virar a chave, acelerar e sair sem fazer o mínimo barulho é muito legal, parece que você está em um meio de transporte mais contemplativo, quase relaxante, além de mais limpo, mas exige atenção.
Há um atraso entre o movimento do punho e o início do movimento, o motor Bosch de 1.800 watts é suficiente para empurrar os 98 quilos do EV1 mais o peso do condutor. Uma vez em movimento, a aceleração é relativamente rápida, e sua velocidade máxima é de 60 km/h, mas os três modos de uso, selecionados por um botão no punho direito, limitam a velocidade máxima em 40 km/h, 50 km/h e a máxima de 60 km/h, as duas primeiras ajudam a economizar bateria. No painel e em declive chegou a marcar 64 km/h.
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O scooter elétrico exclusivo para os brasileiros
Nos punhos do EV1 há duas funções interessantes, no da esquerda, um botão para dar marcha ré, embora o peso do scooter não exija, esse acessório é bem-vindo e aproveita a simplicidade do sistema para sua aplicação. No punho direito, um botão para dar um empurrãozinho extra para ganhar mais de velocidade em caso de necessidade.
Dinâmica e ciclística do Voltz EV1
O EV1 é curtinho, leve e muito fácil de pilotar, o comportamento de suas suspensões é bom, embora tenha a característica da maioria dos scooter, de transmitir boa parte dos movimentos das bengalas para os braços, com uma trepidação em piso muito irregular. Na traseira, os dois amortecedores funcionam bem e suportam as pancadas provenientes do pavimento mantendo ainda bom nível de conforto.
O EV1 tem rodas de 12 polegadas e calça pneus Maxxis de perfil largo, na dianteira é 100/70-12 mm e atrás 120/70-12, os pneus têm bom grip e mantêm a moto sempre bem presa ao chão. Como a distância até o solo é pequena, nas curvas para a direita feitas com mais empolgação é fácil raspar o cavalete no chão e ter a inclinação limitada, mas a tocada esportiva não é a sua premissa.
Galeria: detalhes Voltz EV1
Freios eficientes
A velocidade máxima do EV1, segundo a fábrica e o painel, é de 60 km/h, o que não exige freios sofisticados, mas a Voltz caprichou e montou dois discos de acionamento combinado. O sistema funciona com eficácia e é capaz de frenagens rápidas, com bom tato, mas, se exagerar no manete esquerdo, é fácil fazer a roda traseira travar, é preciso cautela para evitá-lo.
Sem dúvida, o EV1 é uma boa opção para quem quer se locomover com estilo e economia, afinal, segundo a Voltz, é possível carregar completamente a bateria por R$1 em quatro horas e rodar 60 km, mas ele tem suas limitações. Por isso, se você gostou, precisa ter claro onde vai utilizá-lo, porque pode ser perfeito para rodar em condomínios, no bairro em trajetos mais curtos ou planos, mas em vias de tráfego rápido e intenso pode ser uma experiência, no mínimo, tensa.