A Triumph Bonneville T120 continua fiel à sua primeira versão. O projeto original de 1959 está muito bem representado com a tecnologia atual
Talvez você não seja da época em que o engenheiro Edward Turner empregou seus neurônios de engenheiro para a fábrica em que trabalhava, a Triumph, e criou a primeira Bonneville T120, fabricada em 1959. Esse engenheiro também provavelmente nunca imaginaria que sua criação seria produzida e recriada por mais de 60 anos.
De lá para cá, muita coisa aconteceu, o homem chegou à lua, uma usina nuclear explodiu na Ucrânia quando esta ainda pertencia à URSS, o homem inventou a internet e Steve Jobs criou uma das empresas mais valiosas do mundo e, entre idas e vindas, incluindo a bancarota da Triumph em 1983, a Bonneville resistiu, renasceu e continua marcando seu legado.
Sorte a nossa que gostamos de motocicletas e podemos acelerá-la. A renovada Bonneville A teoria de que em time que está ganhando não se mexe nunca foi uma realidade, e a Triumph comprova isso cada vez que atualiza a icônica Bonne. A nova versão Black está sete quilos mais magra, recebeu algumas melhorias técnicas e continua em plena evolução.
Se a aparência visual da Bonneville T120 remete à uma visita ao passado, a experiência na pilotagem é muito atual e prazerosa. Para mim, a principal característica desta moto, depois de seu design, está no torque abundante de seu motor de dois cilindros paralelos com explosões nos pistões com defasagem de 270° entre eles. O ronco emanado pelas suas duas ponteiras também é ponto forte do modelo.
Ergonomia da Triumph Bonneville T120
A posição de pilotagem na Bonneville T120 é bem neutra, a moto é baixa, seu banco é do tipo flat (reto), o guidão está à meia altura e as pernas ficam quase a noventa graus nas pedaleiras. Montado sobre ela você se sente um verdadeiro gentleman e totalmente casado com a moto.
Assim como em seus primórdios, logicamente guardando as devidas proporções, afinal, o modelo 2022 mantém a essência no design, mas as soluções tecnológicas que hoje são utilizadas, bem como materiais nobres e componentes de última geração, fazem muita diferença na tocada comparada ao pacote que a Bonne tinha em 1959.
Embora a moto tenha fácil acesso para montá-la e a posição de pilotagem seja bastante confortável, basta tentar fazer uma manobra em baixa velocidade para perceber que é uma moto relativamente pesada, e se você quiser empurrá-la manualmente para manobrar ou simplesmente deixá-la mais bem posicionada em um estacionamento, vai perceber o que eu estou falando, mas isso não é um problema.
Equipamentos e tecnologia
A configuração da T120 é bastante básica, o chassi é do tipo berço duplo, as rodas são raiadas e na dianteira as bengalas de suspensão são convencionais com 41 mm de diâmetro. Atrás os dois amortecedores conectam o chassi à balança de seção retangular e são os únicos componentes da suspensão que permitem ajustes, feitos na pré-carga da mola.
A simplicidade do conjunto desdiz o que se poderia pressupor dele, isso porque o bom curso de 120 mm (nas duas rodas) tem funcionamento bastante eficiente e confere bom nível de conforto. O motor é de dois cilindros paralelos com defasagem de 270° entre os pistões e 1.200 cm³. O comando de suas oitos válvulas é do tipo SOHC (Single Overhead Camshaft), o câmbio de seis velocidades tem embreagem assistida e deslizante. A eletrônica oferece dois modos de pilotagem, controle de tração, piloto automático e ABS.
A grande virtude desse motor é o torque abundante, são 10,5 kgf.m a apenas 3.500 rpm, e a potência também não é desprezível, são 80 cv a 6.550 rpm, suas respostas ao giro do acelerador são vigorosas, você sente o empurrão e tem que segurar firme no guidão enquanto o ronco rouco dos escapes, tipo charuto, fazem sua ligação com a moto crescer e ficar mais divertida.
O nível de vibração dos dois cilindros também é baixo e não incomoda na pilotagem e, mesmo andando em marchas altas a giros baixos, o motor se comporta como um lorde. A Triumph também aumentou o intervalo entre as revisões, e agora são a cada 16.000 quilômetros.
Fora os momentos em que você tem que manobrá-la e sente o peso do metal sob seu corpo e inevitavelmente tem que fazer força, assim que o movimento começa a sensação é aliviada e o esforço diminui.
A Bonneville é uma moto tranquila, apesar da pegada do motor entusiasmar, ela é boa para circular pelo trânsito urbano e também para contornar curvas em estradas sinuosas, lógico sem a mesma a agilidade e precisão de uma naked com perfil mais esportivo, mas ela oferece segurança se você gosta de inclinar sua moto nas curvas, e os pneus Pirelli Phantom Sportscomp têm boa aderência e só deixam a desejar se você gosta de ir ao limite.
Os freios da T120 foram revisados e agora possuem componentes da italiana Brembo, com dois discos e pinças deslizantes de dois pistões, com ABS. As frengens com o novo conjunto são eficientes e a pegada bastante forte. A Bonneville T120 Black não é uma moto só para desfilar de terno, ela é divertida, o preço de R$ 60.690 não é pouca grana, mas se você busca uma clássica genuína vai ficar sorrindo à toa.
Conclusão
A Triumph foi feliz na edição em preto da Bonneville T120, a Black. As suas características dinâmicas agradam bastante, seus componentes são de primeira linha, o acabamento é excelente e, se não bastasse, a marca inglesa ainda oferece 116 acessórios genuínos para customização, ou seja, você ainda pode deixar a moto do jeito que imaginar.
Os R$ 60.690 do preço de etiqueta são uma boa grana, mas a Bonne também é uma excelente moto que pode valer cada centavo, se a proposta que ela oferece encaixa com a sua. O cliente que vai comprar uma Bonne muito provavelmente não busca esportividade para fazer track day em autódromo, mas quer passear e pegar uma estrada.
O motor esbanja torque e tem boa pegada, suas características dinâmicas a fazem uma boa companheira para o dia a dia também. Em resumo, ela é uma boa moto, muito bonita, estilosa e capaz de fazer seu passeio de motocicleta ser muito agradável e prazeroso.
Fotos: Renato Durães