Royal Enfield Himalayan
Royal Enfield

Saiba tudo sobre a nova Himalayan 450

8 Minutos de leitura

  • Publicado: 11/11/2023
  • Por: Ismael Baubeta

A convite da Royal Enfield fomos até Manali, ao norte da Índia, para conhecer e acelerar em primeira mão a nova Himalayan 450. A história do modelo começou em 2016 quando foi lançada para atender, principalmente o público indiano, que sempre se aventurou pela cordilheira do Himalaia com motos com pouquíssima ou nenhuma aptidão para o off-road, esse rolé é tradicional e o sonho de muitos motociclistas daquele país.

A exportação da Himalayan culminou em grande sucesso mundo afora, mas esse sucesso não impediu que as críticas à algumas características da motocicleta fossem constantemente reverberadas, talvez até impedindo sucesso ainda maior.

Himalayan 450

O processo de globalização da marca e a grande aceitação de seus novos modelos como Meteor 350 e 650 e Classic 350, fez os homens da Royal Enfield trabalhar para renovar a Himalayan e torná-la um produto universal capaz de se tornar mais um best seller. Partindo do zero os engenheiros da Royal projetaram a Himalayan 450 para enfrentar qualquer terreno com louvor e bastante conforto, sem perder a identidade e o DNA da primeira versão.

Design

Apesar de ter outro desenho, ela mantém a identidade com a Himalayan 411. As linhas ganharam curvas e algum volume, principalmente no tanque, mas ela também ficou esguia na parte traseira.

A iluminação continua com o bloco óptico redondo, só que agora é por LED, a lanterna traseira foi incorporada aos belos piscas, artifício que permitiu ainda manter a rabeta da moto bem minimalista.

  • Himalayan 450
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Os suportes laterais do tanque continuam compondo o design e a Royal Enfield mantém a politica de uma gama completa de acessórios, nos quais são contemplados dois galões de combustível que podem ser acoplados ali.

Ciclística

Os grandes protagonistas da Himalayan são definitivamente o chassi perimetral, desenvolvido pela Harris Performance no Reino Unido, onde o motor passa a ser parte estrutural da motocicleta e o novo conjunto de suspensões Showa, com bengalas invertidas do tipo SFF, nas quais a função de mola é feita em uma e as funções hidráulicas de compressão e retorno na outra. A única regulagem que todo o sistema oferece é na pré-carga da mola do amortecedor traseiro.

A Índia tem muitas particularidades e o tráfego é uma das maiores, mão inglesa, todo tipo de veículos de duas, três, quatro e mais rodas entreverados rodando e convivendo com cachorros e vacas no meio de qualquer trajeto.

Himalayan 450

No meio desse quase caos, as estradas da região de Manali, têm trechos bem conservados, cheios de curvas e muitos trechos totalmente desprovidos de asfalto por conta de desmoronamentos nas montanhas.

As estradas de terra onde fizemos as incursões no off-road foi o cenário mais inóspito do rolé com muitas pedras, buracos, areia e sempre cercados de precipícios, ótima condição para testar o funcionamento das suspensões.

Nesse cenário eclético a Himalayan 450 comprovou que as suspensões foram bem calibradas e tem ótima capacidade em qualquer tipo de terreno, com movimentos progressivos e previsíveis, mesmo nessas condições e com a regulagem padrão na pré-carga da mola só a suspensão traseira bateu no final de curso em duas ocasiões, em uma vala em descida e no salto da foto, depois disso em nenhum outro momento isso ocorreu.

Royal Enfield Himalayan

No asfalto a Himalayan também se mostrou bastante firma, estável e precisa na direção, ela é bastante divertida para contornar curvas sem timidez, transmitindo bastante confiança com bom nível de conforto.

As rodas são raiadas e a dianteira usa aro de 21 polegadas, na traseira é de 17 polegadas e a Royal terá duas versões de rodas, uma com os raios ancorados na borda do aro, para utilização de pneus sem câmara e a outra raida normalmente para pneus com câmara. Essa configuração de tamanho de rodas se manteve como na versão anterior.

Motor

Sherpa 450 é a nomenclatura dada pela Royal ao motor que equipa a nova plataforma Hiamalayan (o nome faz referência ao povo nepalês que vive em grande altitude na cordilheira do Himalaia e é conhecido pela força e resistência física. É um motor que nasceu para ser robusto) e manter a característica anterior de oferecer uma entrega linear com torque abundante em baixas rotações proporcionando uma tocada dócil, mas nesta versão com mais personalidade.

Esse motor é o primeiro de refrigeração líquida fabricado pela Royal Enfield em toda sua história, e os engenheiros colocaram boa dose de tecnologia, com cilindro revestido em Nikasil e pistão forjado para aumentar a resistência e a durabilidade do conjunto.

Realmente o Sherpa 450 tem respostas muito mais interessantes que na antiga Himalayan, também pudera, esse monocilíndrico de quatro válvulas rende 40 cv a 8.000 rpm de potência máxima e pouco mais de 4 kgf.m de torque a 5.500 rpm, números respeitáveis apesar de seus 198 quilos de peso. Segundo a Royal 90 % do torque máximo está disponível a 3.000 rpm, o que demonstra bem o caráter torcudo do motor. Segundo a marca ele é capaz de chegar a 150 km/h de top speed.

Himalayan 450

Você percebe ao acelerar que ele é esperto e sobe de giro com parcimônia, não espere um motor de altas rotações, pelo contrário, a percepção da pegada ao abrir o gás é bem linear, porém mais vigorosa. Na verdade, eu achei um pouco chocho, principalmente comparando a potência e o torque com o motor 411 que eu conhecia, mas o detalhe que estava me passando despercebido é que estávamos rodando a 3.200 metros de altitude e, segundo Mark Wells, engenheiro da Royal, a essa altitude o motor teve uma perda de aproximadamente 9 cv, daí a falta de ímpeto que me fez estranhar as respostas do acelerador.

Eletrônica

A eletrônica é bastante simples e está baseada no acelerados ride by wire, o que permite a seleção de dois modos de pilotagem, Eco e Performance, nos quais você pode optar por desligar o ABS da roda traseira se assim desejar.

Himalayan 450

Outro destaque é o painel em TFT de 4 polegadas colorido, desenvolvido pela própria Royal e que oferece interação com celulares com a utilização do app da Royal.

O painel foi batizado de Tripper Dash e nele é possível navegar através do Google Maps (ele foi desenvolvido em parceria com a Google), e agora é possível acompanhar o mapa através do painel ou se você preferir, por indicações de direção. Ele é completo de informações e se ajusta automaticamente às condições de luz mudando a cor do fundo.

Himalayan 450

A Royal desenvolveu um App para isso que também permite interagir com o celular, tudo através do joystick do punho esquerdo. O acesso é bastante simples, mas a conexão com o celular exige um pouco mais de paciência.

Frenagens

O sistema de freio tem dois discos e é competente, tem bom tato e uma pegada firme e pegajosa, sem exigir muita força no manete para realizar frenagens fortes. Na dianteira o disco agora tem 320 mm de diâmetro, com pinça axial de dois pistões, atrás a pinça é de pistão simples e esta casada com um disco de 270 mm. As mangueiras são do tipo aeroquipe, isso ajuda a manter o sistema com boa pegada mesmo se for exigido ao extremo.

Os dois são assistidos por ABS que tem bom funcionamento e não é demasiadamente intrusivo. Você pode desliga-lo na roda traseira o que é interessante para quem gosta e pretende enfrentar o off-road.

Mais leve com mesmo peso

Apesar do motor ter ficado dez quilos mais leve do que o de 411 cm³, o peso geral da moto pouco variou, são 3 quilos a menos, em ordem de marcha com tanque cheio são 198 kg. O tanque ganhou 2 litros e agora tem 17, o que para o consumo de quase 30 km/l oferece uma autonomia de 500 quilômetros.

Porém essa pequena diferença de peso se contradiz na pilotagem, já que a sensação de leveza do conjunto tanto nas estradas de asfalto como no off-road é muito maior, ela parece realmente mais magra, isso me agradou demais.

Himalayan 450

Rodamos muitas horas nos dois dias de teste e a moto mostrou que sua ergonomia oferece muito conforto e o banco tem uma rigidez bem calibrada para longas jornadas.

A Royal desenvolveu uma série de acessórios para a Hiamalayan, inclusive um kit Rally, no qual há proteções para a lateral e o cárter, banco inteiriço, laterais que suprimem as alças da garupa e uma ponteira esportiva desenvolvida pela Arrow.

A nova Himalayan deve chegar daqui a um ano no Brasil, se o processo de homologação não engripar por aqui. Segundo Siddhartha Lal, seu preço deve se manter acessível já que a intenção da Royal é torná-la um sucesso de vendas mundo afora. Agora é esperar para ver.

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