Parece que a Z650RS saiu de um portal do tempo, dada sua forte identificação visual com a primeira Z da Kawasaki que marcou época nos anos 1970. Nossos parceiros da MOTOCICLISMO Espanha avaliaram a nova clássica moderna da Casa de Akashi, prevista para desembarcar por aqui no segundo semestre deste ano com um projeto eficiente e muito estiloso
Texto: Pepe Burgaleta
Edição: Willian Teixeira
Fotos: Kawasaki
A Kawasaki, até agora, tinha a Z650 como sua principal arma no segmento de média cilindrada, uma naked com a estética de estilo “sugomi” ao lado de suas irmãs peladas de maior e menor cilindrada, e agora o line up vai crescer com a Z650RS, com a qual a Kawasaki pretende ofuscar os saudosistas dos modelos clássicos da marca.
Para a Kawasaki, a Z1 foi um modelo-chave. A primeira moto de quatro cilindros da marca criou escola no começo dos anos 1970. Seu propulsor de quatro tempos com duplo comando de acionamento de válvulas do cabeçote era algo nunca visto até então em uma moto de produção em larga escala, algo reservado aos modelos de competição que colocava tecnologicamente a fábrica japonesa na liderança do setor.
Como não poderia deixar de ser, a esta primeira Z1 com motor e 900 cm3 seguiram-lhe uma série de modelos com diferentes cilindradas. No Japão, a Z1 nasceu com 750 cm3 por razões legais, mas para outros países ocidentais era necessário uma moto com menor capacidade, e, em 1976, nasceu a Z50, uma moto baseada na irmã maior, com o mesmo motor de quatro cilindros em linha, comando DOHC e potência de 66 cv a 8.500 rpm.
Kawsaki Z650RS: espelho e imagem da Z1
Quando nasceu a Z900RS, a Kawasaki teve que fazer mais do que adaptar a estrutura mecânica de sua naked ao estilo mais tradicional. Não só trocou a carroceria, mas também acrescentou detalhes como aletas nos cilindros e substituiu outros componentes. O resultado foi aplaudido por todos, não obstante o sucesso comercial foi arrefecido pelo preço superior ao modelo standard.
A fábrica de Akashi repete a operação, mas, tomando como base a Z650, voltou a seguir a mesma linha da década de 1970, quase meio século depois. Num primeiro olhar, temos que reconhecer a similaridade entre os modelos. Efetivamente a Kawa resgatou também o mesmo verde de sua antecessora, uma opção para aumentar o preço nessa versão.
Herança
A nova Z650RS mecanicamente é muito similar à Z650, sobre a qual foram feitos alguns ajustes. O motor de dois cilindros paralelos recebeu algumas modificações em sua eletrônica para potencializar o torque desde as 3.000 rpm e em toda a faixa de média rotação. Ele também recebeu mudanças para se adequar às normas Euro5, o que, segundo a fábrica, também reduziu o consumo a algo próximo dos 24 km/l; em nosso primeiro contato fizemos 20,8 km/l.
Há outros detalhes que potencializam a pilotagem urbana mais tranquila, como a cobertura do ventilador do radiador que dirige o ar quente para baixo, reduzindo o calor no piloto quando está parado em semáforos, por exemplo. As tampas do motor dos dois lados ficaram mais planas e contextualizam o design da década de 1970, assim como a capa do escape que o deixa com perfil mais plano. A embreagem também é assistida e deslizante.
Manejo
Assim como o motor, o chassi também recebeu certas alterações. Ele continua a ser de treliça tubular tipo Diamond, com o motor fazendo parte da estrutura, e pesa só 13,5 quilos. O ângulo de cáster de 24° e a distância entre-eixos de 1.405 mm asseguram uma boa agilidade.A principal mudança está no subchassi, menos inclinado do que na Z650, deixando a traseira mais plana e harmoniosa com o estilo, além de reduzir a sua altura em relação ao solo. Os garfos de suspensão são os mesmos, convencionais e o amortecedor central é fixado diretamente na balança.
Imagem clássica
Os discos de 300 mm da roda dianteira e o de 220 mm da roda traseira não seguem o desenho tipo onda, como é habitual nas motos da Kawa, para realçar seu estilo, assim como as rodas de liga leve com desenho de raios finos, o que reduz o peso e ajuda a melhorar a dirigibilidade.
É no conjunto que a RS mais se diferencia da Z650, pois o tanque de 12 litros em forma de lágrima, o banco plano, as tampas laterais e a rabeta são similares aos modelos originais. A posição de pilotagem é mais relaxada por conta do guidão mais largo e 20 mm mais alto.
Relax na tocada da Kawasaki Z650RS
Além do design, uma vez montado sobre a Z650RS, você nota a nova posição de pilotagem mais folgada, pois as mudanças no guidão deixam as mãos 50 mm mais altas e 30 mm mais próximas do corpo, o que deixa as costas em posição mais ereta. Os 820 mm de altura do assento em relação ao solo não são pouco, mas seu formato e a posição do corpo permitem apoiar os pés no chão, mesmo com altura mediana. De qualquer forma, há uma opção de banco com 20 mm a menos.
O tanque é bem estreito na parte de trás, o que permite segurá-lo firme com as pernas, e as pedaleiras têm coxins para minimizar alguma vibração que o motor de dois cilindros com defasagem de 180° no virabrequim e eixo balanceiro possa gerar.
Á sua frente, o painel clássico com dois relógios analógicos e uma tela digital central com as informações complementares finalizam o design retrô da Z650RS.
Kawasaki Z650RS é perfeita na cidade
A Z650RS apresenta uma imagem mais tranquila que a versão tradicional e tem no uso urbano uma de suas grandes virtudes, é como um peixe na água. Em nosso primeiro contato, tivemos a oportunidade de curtir, se é que se pode dizer isso, congestionamentos do centro da cidade de Marselha, na França, e ela nos demonstrou muita habilidade para serpentear entre os carros e rodar à velocidade de pedestre sem problemas, sem esquentar as pernas nos semáforos.O motor se porta muito bem em baixa rotação, não vibra, e a embreagem tem acionamento dócil, o que melhora sua eficiência no ambiente urbano.
A Z650RS oferece uma boa aceleração nas arrancadas e suas suspensões são suficientemente suaves para passar pelas irregularidades sem saltos e sem acabar com as costas arcadas. A eletrônica é restrita ao ABS, isso exige confiança e habilidade com o acelerador em piso liso.
Passado e presente
A Kawasaki Z650RS evidentemente é destinada ao uso tranquilo, ao motociclista que busca conforto e facilidade na pilotagem com estilo. Deverá fazer mais sucesso onde as primeiras Z1 foram estrelas, mesmo assim ela é atraente e tem história.
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A Z650RS é uma moto ágil, seu motor tem ótimo regime de média rotação e potência adequada para a cilindrada. As suspensões são confortáveis, mas também admitem uma pilotagem mais agressiva e alegre sem reclamar; resumindo, é uma moto versátil.
Kawasaki Z650RS: Espírito clássico
A Kawasaki Z650RS está bem próxima da versão standard, o chassi a deixa ágil, segura e estável em qualquer velocidade. Suas limitações aparecem quando você força nas frenagens, por conta das bengalas, porém as críticas são poucas, porque ela acelera e freia bem.
A Kawasaki fez uma moto vintage estilosa de bom comportamento e preço justo. Ao contrário da irmã Z900RS, que é bem mais cara que a standard, a Z650RS tem preço mais próximo da Z650 e começa em 8.650 euros (cerca de R$ 47 mil em conversão direta), enquanto a naked sugomi custa 7.750 euros. Só nos resta aguardar para ver o que a marca japonesa fará quando a clássica moderna chegar ao Brasil, visto que ela está prevista para aportar por aqui no segundo semestre.
PONTOS POSITIVOS: Ergonomia e design
PODERIA SER MELHOR: Frenagens fortes