A Dafra Next 300 foi lançada no Salão Duas Rodas 2017 e chegou às concessionárias da marca em junho de 2018. Custa R$ 15.190 + R$ 400 de frete. Mudou o grafismo, a cilindrada do motor, os pneus e o sistema de freios, que agora é CBS (combinado). A Next segue com fortes rivais — Honda CB 250 Twister e Yamaha Fazer 250 —, tentando buscar seu lugar ao sol. Quanto ao volume de vendas, a marca trabalha com uma previsão de cerca de 600 motos/ano.
A Next 300 tem como base a SYM Wolf T3, com algumas diferenças: além das regulamentares, como índice obrigatório de peças nacionais, mudanças no sistema de injeção para se adequar ao combustível brasileiro — lembrando que ela não é flex — e nos freios, que na Wolf T3 são com ABS, mudam grafismos e a posição de pilotagem, com um guidão mais baixo na versão taiwanesa. Mesmo assim, na tampa do motor e na tampa do tanque você encontra o “SYM” gravado para ninguém ter dúvida da sua origem.
Me engana que eu até gosto
O visual é o mesmo da Next 250, mas a atualização da pintura (nas cores vermelha e preta) com novos grafismos faz até parecer que o desenho mudou. O spoiler na parte inferior do motor remete a esportividade, mas divide opiniões. Se eu fosse dono de uma Next, tiraria ele. Durante o teste, o visual foi aprovado pela quantidade de olhares atentos e elogios. Realmente na cor vermelha ela chama muito a atenção e não foram poucas as pessoas perguntando se a moto era 500 que ficaram surpresas com a cilindrada de 278 cm³.
A posição de pilotagem é realmente confortável. O guidão mais elevado favorece o conforto na pilotagem e o assento é bipartido, que é bom porque o garupa não escorrega em cima do piloto nas frenagens, oferece conforto suficiente para uso na cidade ou na estrada sem incomodar. A posição das pedaleiras é recuada, o que transmite esportividade, e felizmente não cansa as pernas após rodar algumas horas. O conforto é um ponto positivo, sem dúvida!
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O farol, com lâmpada 60/55W, é realmente muito eficiente e a noite dá conta de iluminar bem o caminho. Como a lanterna tem LED, gostaríamos de ver um farol em LED também. Ficaria ótimo nesse visual e deixaria a moto mais moderna. Um incômodo logo nos primeiros quilômetros foi o peso da moto. Quando parei para uma manobra rápida de retorno em uma inclinação da via, quase a deixei cair, pois esperava uma moto mais leve. A marca declara 165 kg de peso seco, exatos 28 kg acima do declarado pela Honda para a CB 250 Twister. Para uma moto com 23 cavalos de potência no dinamômetro – a marca declara 27 cv -, isso influencia negativamente nas respostas.
Curiosamente, o peso extra é neutralizado em relação às rivais, pois a Next tem com seu motor monocilíndrico arrefecido a líquido mais desempenho. Comparando com a Yamaha Fazer 250, a Next 300 tem mais potência específica e melhor relação peso-potência, algo que me surpreendeu. Mas o que tudo isso significa na prática? Em manobras em espaços reduzidos, em baixa velocidade, o peso atrapalha sua agilidade. Já em movimento, você não percebe. O que é ótimo!
Enquanto na cidade o largo guidão de 790 mm atrapalha um pouco nos estreitos corredores para fluir entre os carros naturalmente, na estrada a moto vai tão bem que impressiona. A pilotagem é tranquila, sem sustos, graças ao conjunto. As suspensões são macias e o motor responde com mais energia acima de 5.000 rpm. Muitas vezes precisamos reduzir marchas para conseguir retomadas consistentes, principalmente nos trechos sinuosos.
Rodando em terceira ou quarta marcha, o motor está sempre em altas rotações, deixa o passeio mais divertido, porém compromete o consumo. Durante o teste, as médias no nosso variado percurso oscilaram entre 19 km/l, o que achamos bem alto para um motor arrefecido a líquido, teoricamente mais eficiente, e 27 km/l, rodando em sexta marcha, o que reduz a rotação, a vibração e o consumo na estrada. A 120 km/h o motor está em sexta marcha a 6.500 rpm e a vibração do motor é sentida, mas não incomoda tanto.
Freio combinado, uma boa escolha?
A Dafra optou por usar o freio CBS na sua moto. Se a marca pensa sua Next para usuários menos experientes, faz sentido. Na teoria, o freio combinado é para quem ainda não domina e insiste em usar mais o freio traseiro. O sistema compensa a dosagem errada no freio traseiro, acionando o freio dianteiro em até 30% de seu poder de frenagem máximo, quando acionado em 100% o pedal do freio traseiro. Muita gente não gosta do CBS por não ter a liberdade de modular os dois freios como deseja, e eu me incluo nesse grupo.
O sistema, que é todo hidráulico, funciona bem, mas fiquei com a sensação que acionando o traseiro (na ação combinada) tinha mais poder de frenagem que acionando só o dianteiro… Pelo menos na unidade avaliada. Um fator que a Next 300 tem a seu favor, exatamente pelo seu baixo volume de vendas, é que a moto acaba sendo menos visada por ladrões, que roubam motos na maioria das vezes para alimentar o mercado ilegal de peças usadas, “qualidade” que até durante uma abordagem policial durante o teste eu ouvi.
Conclusão
Assim como a culinária exótica de outro país, a Next 300 despertou diferentes sensações durante o teste. Seu visual sem dúvidas funciona, pela quantidade de curiosos durante o teste, elogiando o design e pensando ser uma moto maior. O conforto da posição de pilotagem e do banco agradou bastante e a principal surpresa foi ela funcionar melhor fora da cidade do que nela. Deixar a Next apenas para ir e vir no uso urbano é um desperdício! A moto sem dúvidas pode convencer você, tem uma legião de fãs, mas ainda é nítida a diferença de projeto entre ela e as motos Honda e Yamaha, principalmente no seu peso. Eu esperava mais.
Abaixo você pode ver o vídeo da avaliação!
Fotos: Renato Durães e Dafra