BMW R18: Uma joia para comemorar os 100 anos

O ano de 2023 é histórico para a BMW, afinal a marca alemã comemora um século desde a produção de sua primeira moto: a R32

Para quem não sabe, nos anos 1920 a BMW funcionava como fábrica fornecedora de motores para aviões e para algumas montadoras de motos alemãs.

Muito provavelmente por isso a cúpula da BMW resolveu enveredar pelo caminho das motos. Afinal, por que não fabricar as próprias motos se já faziam motores para elas?

Foi em 1922 que o engenheiro Mark Fritz, um dos responsáveis pela divisão de motores de aviões da BMW, recebeu a missão de construir uma motocicleta. Ele e sua equipe, conceberam e construíram do zero a R 32, o primeiro veículo motorizado da BMW, lançado em 1923.

Fotos: Gustavo Epifanio

A R32 foi uma criação avançada! Uma motocicleta de bastante personalidade e muito tecnológica para a época. Desse modo, o chassi tubular em aço, o motor de dois cilindros boxer e a transmissão final por eixo-cardam são prova disso.

Mas foi com o modelo R5, na metade da década de 1930, que a BMW inovou pra valer. Isso ao introduzir por exemplo, a suspensão dianteira telescópica e a alavanca de câmbio no pé. Esses componentes são oriundos de suas motos de competição, apesar de a motocicleta ainda não ter suspensão na traseira!

LEIA MAIS EM MOTOCICLISMOONLINE.COM.BR:

Elo com o passado

Em tempos em que as motos clássicas estão em alta e ainda ajudam a resgatar a história das marcas, a chegada da R 18, não só reacende o início da história da BMW Motorrad, como traz uma identidade fiel de suas precursoras, a R 32, mas principalmente a R 5.

A BMW foi cuidadosa com o design e a R18 cumpre fielmente o papel de elo com seu passado. Assim sendo, a aparência com a R5 é enorme.

Dessa forma, a R18 é despojada de acessórios e tem desenho limpo. Contudo, a BMW oferece uma gama enorme de acessórios para que você possa deixá-la do jeitinho que quiser.

Do chassi de berço duplo, às linhas e formato do tanque, passando pelo motor boxer e pela balança traseira que faz parecer que é uma autêntica rabo-duro. As enormes ponteiras cromadas dão brilho realçam a pintura igual à da R5, um primor!

Finalizam o design e a iluminação em LED onde a lanterna traseira está acoplada aos piscas permitiu deixar o para-lama mais limpo como na antecessora.

Outro detalhe bacana é o eixo-cardã exposto, é possível vê-lo girar, o que dá ainda mais charme à moto. Os engenheiros alemães acertaram em cheio, ela chama a atenção de quem quer que olhe para ela.

Ergonomia da BMW R18

A ergonomia da R18 é bastante confortável! Mas diferente de outras motos do estilo custom, onde as pernas ficam mais estendidas na direção das bengalas, nela você fica com as pernas a 90° confortavelmente. Assim fica fácil de apoiar os pés no chão.

O largo guidão está a uma boa distância do corpo, mas para fazer manobras de esterço máximo é preciso movimentar bastante o corpo para a frente.

As pequenas plataformas para os pés do piloto têm posição confortável, mas para fazer as trocas de marcha você precisa buscar a brecha para encaixar o pé debaixo da alavanca, se não quiser usar alavanca do calcanhar o que acho bastante incomodo. O banco é um pouco rígido e para rodar pela cidade acaba se tornando cansativo.

Propulsão

O motor boxer com seus dois enormes cilindros, além de muito bonito, empresta um ar ainda mais nostálgico à moto. Ele tem 1.802 cm³, refrigeração a ar e um radiador de óleo.

As oito válvulas têm o comando acionado por varetas, como nos primórdios dos modelos, mas o empuxo desse motorzão da R18 impressiona, são 16,1 kgf.m de torque máximo a apenas 3.000 rpm, ou seja, se você enfiar a mão com vontade vai sentir uma patada e tanto, precisando se agarrar ao guidão para não ser ejetado.
Esse é um tipo de motor que você pode rodar apenas encostando a mão no acelerador não importa a marcha em que estiver, basta acelerar que ele responda com vigor.

Ele permite uma rodagem tranquila e natural. É verdade que ele vibra um pouco, mas sua virtude e pegada suplantam essa característica.

Pacote eletrônico da BMW R18

A BMW R18 tem três modos de pilotagem; Rain, Roll e Rock que garantem respostas bem diferentes ao giro do acelerador. o modo rock é o mais empolgante e também o que deixa a assistência eletrônica mais permissiva.

Já o modo Rain é o oposto, amenizando a patada para priorizar a segurança em condições de baixa aderência para evitar derrapagens. Completam o pacote ABS nas duas rodas, controle de tração, de torque e piloto automático.

Chassi e suspensões

Na R18, assim como nas primeiras BMW, R32 e R5, o chassi também é tipo berço duplo com bengalas convencionais de 48 mm na dianteira e monoamortecida na traseira. Vista de lado, a balança traseira parece uma extensão do chassi, assim como nas antecessoras parecendo uma legítima rabo-duro.

Rodando na cidade o conjunto de suspensões é bastante áspero, transferindo boa parte da pancadaria vinda do asfalto para o corpo do piloto e do garupa, principalmente pela traseira na qual o curso menor é mais limitado (90 mm).

Também é preciso ter cuidado ao rodar nos corredores porque, além de larga, ao acelerar o poderoso motor a moto guina para a esquerda, devido à força centrífuga do virabrequim, podendo alterar a linha da motocicleta aproximando guidão e cilindro dos carros.

Saindo para a estrada de bom asfalto ela se transforma e oferece uma boa dose de diversão, ela é competente para contornar curvas, porém, se você gosta de uma pilotagem mais agressiva logicamente vai ter que lidar com suas medidas os 345 quilos, além das plataformas para os pés que vão raspar a todo momento no chão.

Freios

A roda dianteira de 19 polegadas tem 2 discos de 300 mm e pinças axiais de 4 pistões, atrás a roda de 16 polegadas recebeu um conjunto igual. Ambos são assistidos por ABS.

Embora o sistema funcione bem, o freio dianteiro exige um pouco de força ao acionar o manete para que as pinças respondam mais efetivamente em velocidade mais alta ou em frenagens de emergência. Circunstância em que o ABS da roda traseira se torna mais intrusivo.

Sem dúvida, a R18 é uma motocicleta de muito estilo e que chama atenção de qualquer um, também confunde os mais desavisados que chegam a pensar trata-se de uma moto antiga.

Esta BMW logicamente não é uma moto para o dia a dia, mas para marcar presença em passeios curtos ou ainda se divertir por estradas mundo afora.

O preço sugerido de R$ 154.500 não é pouco e ainda pode ser só o início de uma conta que só vai fechar quando o seu dono a deixar customizada a seu gosto com os acessórios que a BMW oferece para seus clientes.

Para mim assim do jeito que você a vê nas fotos não precisa mais nada, é uma obra de arte, digna de lugar de destaque em qualquer sala de estar.