A recém-chegada BMW F 900 R marca o retorno da marca alemã ao segmento das naked de alta cilindrada.
A F 900 R nada tem a ver com a saudosa F 800 R, que tivemos no Brasil até o final de 2017. A BMW atualizou seu propulsor de dois cilindros paralelos para gerar 105 cv, mas no Brasil, para passar nos testes de homologação, o motor teve que ser “enforcado” para se enquadrar aos parâmetros de nível de ruído do Promot 5. Você acredita nisso?
Fotos: Gustavo Epifânio
E para enquadrar a F 900 R aos índices brasileiros do Promot 5, os engenheiros da BMW reconfiguraram a eletrônica e, consequentemente, a relação final da moto, encurtando-a, para suprir a perda nas respostas. As mudanças tolheram 20 cv da naked que finalmente foi apresentada aqui no país com 85 cv de potência máxima a 6.750 rpm, ao invés dos 105 cv a 8.500 rpm. Uma bela e significativa diferença!
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Design
O design da F 900 R ficou muito atrativo, as linhas seguem a tendência de vincos e ângulos bem-marcados, o formato do tanque permite bom encaixe das pernas e é alto na parte do bocal. As abas laterais pontiagudas avançam em direção às bengalas e descem em direção ao motor como se fosse um bumerangue de três pontas.
O painel é uma tela TFT enorme e colorida com muita informação de rodagem e de bordo. Legal nessa versão plus é que ela conta com sensor de pressão de pneus e um modo no painel para aquele track day que conta com medidor de inclinação e tempo de volta. Fora a conexão Bluetooth para usar o BMW Motorrad Connected iOS e Android, permitindo que cada viagem possa ser gravada automaticamente no telefone celular do usuário para reproduzir a jornada em um mapa bem claro, mostrando as forças G de aceleração e desaceleração, ângulo de inclinação, velocidade, os detalhes da viagem, bem como a condição da bateria e o nível de combustível.
O banco em dois níveis é compacto e na parte de trás as alças para a garupa fazem boa composição com o conjunto de lanterna e piscas, uma traseira discreta e minimalista. O banco não é o ápice do conforto e realmente cansa bastante ao encarar uma jornada de estrada. A ponteira de escape também tem formato bem moderno e valoriza o design da moto.
Ergonomia
A ergonomia é neutra, apesar do corpo levemente inclinado para a frente e das pedaleiras recuadas. Não parece, mas a F 900 R é bastante alta, dependendo do cumprimento das suas pernas você vai apoiar apenas as pontas dos pés no chão, uma característica típica das motos da BMW. As alavancas de freio e embreagem possuem regulagem de altura, ampliando o conforto da tocada no trecho urbano, ambiente onde se usam as alavancas constantemente.
Ciclística
A F 900 R tem 2 versões, a Sport e a Sport Plus, que diferem em uma série de equipamentos e na eletrônica embarcada.
O conjunto ciclístico é formado pelo chassi perimetral em alumínio, com o sub-chassi parafusado e ele. A F 900 R tem bengalas de 43 mm de diâmetro invertidas sem regulagens, mas conta com amortecedor de direção. A eletrônica contempla controles mais abrangentes e sofisticados como ABS Pro, controle de tração dinâmico e quickshifter, equipamentos que não estão disponíveis na versão de entrada e mais barata, a Sport. O amortecedor de direção montado sob a mesa inferior ajuda a manter o guidão firme quando a frente da moto tende a ficar mais leve nas acelerações fortes, um recurso extra para ampliar a segurança. Reparei que os freios funcionam bem melhor quando estão bem aquecidos, portanto na cidade a grampeada inicial é confortável e suficiente para rodar no ambiente urbano.
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Motor
O motor é um bicilíndrico DOHC de 8 válvulas e refrigeração líquida , capaz de entregar 85 cavalos a 6.750 rpm. É só dar a partida no motor para sentir o belo som que vem da ponteira de escape. Ele é grave e forte, e o berro se intensifica à medida que o giro do motor sobe, sendo inevitável não se empolgar com as boas respostas que ele oferece. Gostei da subida de giro rápida e das trocas de marcha rápidas e precisas com o quickshifter bidirecional (presente nesta versão Sport Plus), mas é preciso acelerar forte para que o sistema funcione com precisão, caso contrário, apenas passeando, as trocas são seguidas de trancos desagradáveis para a tocada, então convém usar a embreagem para rodar na cidade. Também achei os engates um tanto duros.
Apesar dos 85 cv não serem uma cifra exorbitante e do motor não ser de alta rotação, o ponto forte é o torque percebido nas saídas de curva. Assim eu me diverti bastante nas estradas sinuosas por onde passei, e que aproveitei para provocar o controle de tração acelerando com a moto inclinada, a intervenção é bastante suave.
Curiosamente o acelerador parece instável, pois você acelera fundo e a resposta tem um intervalo, o motor dá uma breve resposta e após frações de segundos dispara toda a cavalaria, detalhe a se considerar quando pensamos que na Yamaha MT-09 você trisca a mão no acelerador e logo de cara sente a fúria do propulsor japonês Master of Torque de três cilindros. Há os modos de pilotagem Rain, Road na versão Sport e mais dois modos de pilotagem na Sport plus de especificações mais completas; Dynamic e Dynamic Pro, e vale lembrar que eles atuam apenas nas configurações do motor e não alteram as suspensões, nesta versão “abrasileirada”. Na gringa a versão com o modo Dynamic Pro vem equipada com amortecedor traseiro eletrônico, e a suspensão dianteira também não tem qualquer regulagem.
O BMW tem muita potência em todas as rotações, mas é preciso abrir bem o acelerador e manter o motor acordado e esperto acima das médias rotações para passar do modo “útil” para o modo “emocionante”. Desfrute da relação curta e da rápida subida de giros, em qualquer marcha e em qualquer velocidade, e a F 900 R empolga bastante.
O mapeamento do motor BMW F900R está mais concentrado em um piloto novo subindo para uma categoria maior, portanto, embora muitos motociclistas experientes delirem com a resposta instantânea e brutal do acelerador da MT-09, ela pode ser bastante intimidante para os novatos. A F900R não é intimidante, mas também não é lenta.
Estabilidade e freios
A rigidez do conjunto se mostrou muito competente para a rodagem na estrada e na pista permitindo contornar as curvas com excelente velocidade e bem pregada ao chão.
A F 900 R permite boas frenagens e nas entradas de curva chega sempre bem estabilizada. É bem perceptível que em relação a antecessora F 800 R, a nova F 900 R é mais esportiva e sugere uma tocada mais agressiva e excitante quando for usada em pistas e estradas sinuosas, respondendo com maior facilidade e precisão, principalmente nas transições de uma chicane, como pude comprovar num trecho no início da Estrada dos Romeiros, em São Paulo, onde fizemos a sessão de fotos para essa matéria. A nova F 900 R é bem mais obediente e caminha no trilho transmitindo uma boa sensação de estabilidade e segurança.
Na cidade o compromisso mais esportivo da F 900 R faz com que as ondulações e buracos do pavimento sejam mais percebidos pelo piloto.
O sistema de freios Brembo é muito bom, com dois discos de 320 mm e pinças radiais de quatro pistões na dianteira. Isso exige pouca força para fazer boas frenagens sempre transmitindo sensação de segurança para acelerar com tranquilidade.
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A F 900 R é uma moto que empolga bastante e é capaz de satisfazer aos mais exigentes. Contudo, os R$ 64.900 da versão mais simples estão no meio dos R$ 67.640 pedidos pela Kawasaki Z 900 com seu motor de quatro cilindros em linha de 125 cv a 9.500 rpm e torque de 10,1 kgf.m a 7.700 rpm para empurrar um conjunto de 213 kg, e dos R$ 59.090 da Yamaha MT-09 com 193 kg e um motor de três cilindros em linha reconhecidamente com o caráter bem arisco dos seus 115 cv a 10.000 rpm e torque de 8,9 kgf.m a 8.500 rpm. Analisando os números, e embora a F 900 R seja bastante divertida, o desempenho está um pouco aquém das concorrentes. Já a versão Sport Plus, que tem o preço sugerido de R$ 73.500, tem vários equipamentos e tecnologia eletrônica diferenciada das demais, e o caráter e o status da marca da hélice ajudam a justificar o preço mais alto.
De qualquer forma a F 900 R é uma boa opção para quem busca uma moto de equilibrada, divertida e cheia de personalidade para sair bonito na foto, afinal trata-se de uma BMW.