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Opinião: O pior motociclista do mundo

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  • Publicado: 29/03/2021
  • Por: Ismael Baubeta

Este não é o resultado de um concurso de motociclistas onde se medem os conhecimentos e habilidades sobre uma motocicleta para saber quem é o melhor. É só uma reflexão para que possamos ver se há dentro de nós um pior motociclista do mundo, mesmo não sendo um motociclista. Reconhecer aspectos que enxergamos e julgamos nas outras pessoas no tráfego do dia a dia e que muitas vezes, em algum momento, ignoramos ou negligenciamos em nós mesmos. Este tem que ser um exercício diário, só assim poderemos realmente melhorar a convivência no trânsito e diminuir o número de acidentes. E, de quebra nos tornar melhores seres humanos.

No dia a dia da motocicleta no trânsito das cidades é comum ser surpreendido com atitudes impensadas e muitas vezes suicida de motoristas, motociclistas, pedestres e ciclistas. Os adjetivos, que a adrenalina no momento do pânico nos faz gritar dentro do capacete, em memória às progenitoras e antepassados do sujeito em questão, reverberam mais em nosso próprio cérebro (por conta do capacete fechado), do que nos ouvidos dos causadores do susto, mas depois da tremedeira do susto passar é hora de refletir, afinal todos estamos sujeitos a erros, distrações e barbeiragens.

Universo de milhões

Em um universo de milhões de motoristas e motociclistas é claro que vai haver um imenso contingente de iniciantes inexperientes além dos “barbeiros”, assim como outros tantos que não deveriam estar guiando um carro ou pilotando uma moto tal a falta de noção, mas de acordo com a lei, se estiverem devidamente habilitados, todos têm o direito de circular pelas ruas, avenidas e estradas. Melhor não fosse assim, mas é como funciona.

Em dezembro de 2020, segundo o Ministérios das Cidades , Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) e Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), só no Estado de São Paulo eram pouco mais de seis milhões de motocicletas, motonetas e ciclomotores registradas entre os mais de 30,7 milhões de veículos. É veículo para caramba! Por isso, imagine a quantidade de tipos de condutores, inclusive aqueles que deram um “jeitinho” ($) para conseguir a sua habilitação, sem contar pedestres e ciclistas, a turma mais vulnerável e menos visível do universo trânsito (que mesmo assim cometem muitas infrações).

Quem já não…

  • Acelerou demais;
  • Ignorou uma sinalização;
  • Subiu ou parou sobre uma calçada;
  • Fez alguma conversão ou manobra proibida;
  • Andou só alguns metros na contramão;
  • Tomou uma cervejinha e subiu em sua moto, carro, caminhão ou ônibus para dirigir;
  • Atravessou uma rua ou avenida em lugar proibido;
  • E tantos outros tipos e formas de infrações que poderíamos ficar aqui em um sem-fim de enumerações.
O pior motociclista do mundo
A transgressão às normas de trânsito não é uma questão de falta de habilidade somente, é também de responsabilidade e cidadania (Carlos Grevi/Jornal Terceira Via)

Haverá os que são 100% corretos, mas estes, infelizmente são a minoria.

Ande sempre protegido, seja de moto ou scooter (Gabriel Jabur/ Agência Brasília)

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Também são muitas as razões que motivam a realização das infrações. Se você perguntar ao infrator, sempre haverá um bom motivo para ter ignorado a sinalização e se desculpar, mas pode ser tarde, alguém pode ter saído machucado. Será que se invertêssemos a situação, e este mesmo infrator tivesse se machucado, ele seria capaz de desculpar o causador do imprevisto/acidente? Acredito que uma pequena minoria de pessoas perdoaria em uma situação como esta, principalmente se houver lesão física ou dano material.

O trânsito é uma grande comunidade de convivência forçada, onde os milhões de participantes e seus veículos são os figurantes, a grande protagonista deste filme diário é a vida de cada um de nós, e as leis do trânsito, o roteiro que deve ser seguido para o bem comum! Não importa de onde você venha, para onde vai, o tipo, o tamanho do seu veículo ou quanto dinheiro tem depositado no banco, o acidente é ruim para qualquer um e a morte igual para todos.

Veículos e paixão

No nosso mundo da motocicleta, a grande maioria dos usuários tem paixão pela moto e o simples ato de ir e vir sobre duas rodas já é motivo de prazer. Essa volúpia que a moto é capaz de produzir nos mais aficionados em fração de segundos pode se transformar em atitudes inconsequentes e transgressões perigosas, principalmente em um universo tão vasto e imprevisível como a comunidade do trânsito.

Todos nós motociclistas sabemos o quanto as motocicletas são capazes de inebriar quem está em seu comando, conosco, na redação da MOTOCICLISMO, não poderia ser diferente, também sentimos este prazer, mas temos que ser consequentes em relação aos nossos atos sobre uma moto, por isto é imprescindível usar o bom senso ao comando de qualquer motocicleta e deixar as manobras radicais e aceleradas soberbas para os locais corretos (kartódromos, circuitos ou arena fechada). Porque lugar de acelerar é na pista.

Habilitação e habilidade

No Brasil ser habilitado está longe de significar ter habilidade sobre uma moto, por isto é preciso que todo novo motociclista busque cursos complementares para melhorar seu controle e aumentar sua segurança. Uma boa dica é o curso da ABTrans, que ensina muito mais do que as moto escolas e permite aos novos motociclistas mais segurança no dia a dia.

Possuir extrema habilidade não exime a responsabilidade pela vida do próximo no trânsito, pelo contrário, exige maior colaboração e bom senso de quem a possui. A forma mais fácil de diminuir o estresse e melhorar a convivência no trânsito, e assim diminuir o número de acidentes, é tentar nos colocar no lugar da pessoa ao volante ou guidão do outro veículo e não tratá-lo como um adversário de faixa em luta por espaço, mas como par de convivência e conscientizar-se de que há condutores de todos os níveis de habilidade (inclusive aqueles que não deveriam estar dirigindo).

Por isto, a maior responsabilidade no trânsito é de você que tem mais habilidade e conhecimento, utilize-os para ajudar o próximo no tráfego, afinal é melhor ficar com a dificuldade de ensinar e dar um bom exemplo, do que com a facilidade de uma boa desculpa.

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