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Mototerapia: juntas somos mais fortes, mas não sabemos ser juntas

14 Minutos de leitura

  • Publicado: 21/10/2022
  • Por: Redação

*Por Amably Monari

“Enquanto mulheres usarem poder de classe e de raça para dominar outras mulheres, a sororidade feminista não poderá existir por completo.” bell hooks

A competição entre as mulheres sempre foi um tema árduo e que nos gera controvérsias. 

Sendo este um dos temas do quais as mulheres mais me pedem para trazer ao debate em minhas redes sociais, sinceramente, sentia uma relutância em abordar essa temática, por compreender que seria um percurso que nos leva ao diálogo, para além da busca de certo e errado, com possibilidades de construção coletiva a longo prazo.

Mototerapia: juntas somos mais fortes, mas não sabemos ser juntas

Primeiramente, não existe um instinto ou uma razão biológica da qual faz com que as mulheres entrem em competição umas com as outras, faz parte de um processo histórico de segregação, assim como acontece nos grupos ditos “minorias” que em realidade quando se juntam se tornam maioria.

Nós mulheres fomos ensinadas a sermos “ESCOLHIDAS”, validando nossa existência por um homem ou uma pessoa, a ser esposa, amor da vida, por um trabalho, por um grupo e hoje em dia no mundo digital, ser escolhida pelas marcas. 

E quando essa escolha não acontece há um sentimento de ser “preterida” que invade as mulheres fazendo com que voltem a esse sentimento mais arcaico, como na era dos bailes de gala que quem tivesse o melhor sobrenome, vestido, conexões, pele branca, obediência, a consequência de ser escolhida pelo príncipe da noite, seria dar conta da destruição de especulações e indagações sociais sobre sua virtude, provocada pelo imaginário dela ter algo que a faz mais que as outras e idolatria pelas as que almejavam serem escolhidas

Sabemos que viver em uma sociedade que busca e incentiva padrões de beleza, de corpos, gênero, sexualidade, idade e cor da pele, o sentimento de ser preterida é patriarcal e institucionalizado. 

No entanto, as ações são diretivas às pessoas envolvidas, no caso outra mulher e não ao sistema patriarcal.

Posto que a competição não é inato ao ser humano, e sim uma construção social que nos divide para que não descubramos nossa potência ao nos unirmos, nos provoca a indagação; Como poderíamos superar um comportamento enraizado por séculos e ao mesmo tempo sem perder nossa singularidade ao tornarmos coletivo? 

Qual a diferença entre sororidade e autocuidado?

A sororidade ou a dororidade, como propõe a atriz Juliana Alvez, nos encontramos na dor e na alegria de nos tornar mulheres todos os dias, nos unindo como categoria de gênero, mulher e dissidentes. 

Na dororidade ou na sororidade se faz importante a empatia, a possibilidade de nos colocarmos, abstratamente nos sapatos de outras mulheres e pessoas dissidentes, um instrumento psíquico que desenvolvemos a partir da qualidade das relações que estabelecemos com outras pessoas e o mundo, ou seja, não nascemos empáticas. 

Desenvolver nossa empatia no ato de ser sorora com uma outra mulher da qual não pensamos ou não concordamos, é uma das ações humanas mais difíceis.

Desta maneira, ser sorora não é concordar ou silenciar-se, seria respeitar o caminho, abrir a possibilidade de diálogo e construção e quando essa contingência não acontece inviabiliza as mudanças e transformações necessárias de nossas ações cotidianas. 

Temos a ilusão de que fazer parte de um grupo ou ser coletivo, perderemos nossa singularidade em prol de “todes”, no entanto, ser coletivo nos pede uma responsabilidade ainda mais consciente sobre AUTOCUIDADO

Pensar em autocuidado é pensarmos sobre não fazer o que não desejamos, compreender nossos limites, ter a liberdade de dizer e ser como somos, de dialogar sobre nossos pensamentos sejam eles básicos ou mais elaborados, de poder dizer não e não ser punida por isso, de não querer participar de algum evento, ride ou encontrinho e não ser excluída,  em outras palavras o autocuidado faz parte do transitar em lugares e relações seguras e saudáveis para nossa própria autenticidade.

Aqui, na Argentina, aprendi que o autocuidado também é direcionado a outras mulheres, de poder dizer francamente sobre as incomodidades sem ser punida ou excluída por ser sincera em seu próprio sentir e pensar sobre as ações de outras para consigo mesma ou direcionada a grupos e outras situações, sempre sob uso da comunicação não violenta. 

Desta maneira, o autocuidado, ao contrário do egocentrismo, é uma ação que parte do coletivo para práticas singulares e retorna ao coletivo em sua própria essência. 

Sendo assim, ser sorora e ter autocuidado são ações que caminham lado a lado, estarmos livres para dialogar, interagir e construir relações mais estreitas de maneira independente e livre a partir de como nos sentirmos confortáveis e desejantes. 

Um outro lado da competição patriarcal é a IDOLATRIA, aquela pessoa que nos inspiramos cegamente, tudo que faz ou diz acatamos como verdade absoluta, vemos mais em relação às rivalidades entre grupos. 

Nos inspirarmos em outras mulheres e pessoas dissidentes, é saudável e necessário na representatividade a diversidade na constituição de nossa identidade, nunca saberemos tudo, estamos sempre aprendendo com outres. 

No entanto, a idealização de outra pessoa é toxico para quem a sente e para a pessoa idolatrada, por não poder sair do personagem criado pelos outres ou por si mesmes. 

 Ou seja, já sabemos que o caminho não é a rivalidade criada pela sociedade historicamente para que nos dividíssemos e como resultado dissipar nossa força como coletivo.

QUANDO UMA MULHER AVANÇA, TODAS NÓS AVANÇAMOS! 

Vemos comportamentos de competição relacionados a baixa autoestima e perversidade, ou seja,  por não confiar em sua própria autenticidade, destrói a visão das pessoas ao seu redor sobre uma outra mulher ou pessoa. A perversidade seria o nível mais desumano das relações a “puxadas de tapete”. 

Até aqui já sabemos, e com todos os discursos sobre sororidade, apoio a outras mulheres e textos e frases de impacto, muitas vezes cheios de desejos e esperanças, mas vazios de ações e intencionalidades genuínas. 

Mulheres no motociclismo

Tanto para lutar por nossos direitos de sermos mulheres livres quanto para sermos MULHERES MOTOCICLISTAS OCUPANDO nossos espaços, nossa força é o COLETIVO QUE CONSTRUÍMOS EM NOSSA UNIÃO, no entanto o sistema patriarcal para nos dividir faz com que nos tornemos “competidoras” e na verdade nossa união fez com que o mercado das motos, por exemplo, nos vissem como seres humanos que compramos, vivemos, trabalhamos, viajamos, consertamos e produzimos conteúdo de moto. 

Sabemos que a sociedade capitalista gera demandas na produção de EXPECTATIVAS e a consequência é sempre FRUSTRAÇÕES, seja na busca individual na utilização de outres como objetos de degraus ou na fofoca da destruição da integridade, a essência é a mesma.  

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O que podemos fazer, juntas, para não reproduzir a violência umas com as outras? 

Não tenho respostas, e não gostaria de tê-las, proponho que criemos debates sobre o tema, de maneira horizontal, não sobre fulanas, mas sobre ações das quais já não queremos mais em nossas relações, em nossos grupos, em nossos coletivos, propostas de ações concretas em nosso cotidiano. 

Diante desta questão, convidei algumas mulheres para esse debate, e compartilho com vocês o que elas pensam sobre o tema e ações em seus cotidianos. Esse debate está organizado de maneira horizontal, respeitando o lugar de falar de cada uma.

Negravat, cantora lírica, atriz, motociclista e influenciadora digital

“Antes de falar sobre sororidade, prefiro defender o feminismo interseccional, o qual me identifico tanto por ter a compreensão de gênero, raça e classe, como se relacionam entre si, e como a falta de conhecimento do tema interfere, quando o feminismo não tem abordagem interseccional. Interfere, pois entender e estudar sobre raça e classe, por exemplo, nos traz o entendimento do porquê a mulher negra é a base da pirâmide, entende-se também como o colonialismo e a escravidão interferem na estrutura entre tantos outros recortes. E as mulheres indígenas? E as mulheres que não tem acessos, nem oportunidades? Se todas as mulheres com acesso, privilégios tivessem consciência das questões que constituem gênero, raça e classe, poderíamos agir de fato com a mudança que queremos. No meu cotidiano, faço parte do Ilú Obá de Min, um bloco afro de 150 mulheres, com ações afirmativas para mulheres negras. No motociclismo, tenho me colocado presente nas redes sociais como motociclista negra, já que é um meio majoritariamente masculino, e também por pouquíssimas referências de mulheres negras. Também nas redes sociais traz referências estéticas do Afrofuturismo como ferramenta de elevação da autoestima e liberdade das mulheres, com base na ancestralidade. Além de agir no dia a dia, dialogando com mulheres negras pessoalmente, fortalecendo umas às outras.”
Mototerapia: juntas somos mais fortes, mas não sabemos ser juntas
Negravat (Foto: Eliana Malizia)

Jheniffer Vieira, motociclista e integrante de The Litas Americanas e Nosferatu MC

“A competição e rivalidade feminina foi por anos fortemente presente na minha vida, assim como na maioria das mulheres com as quais já conversei sobre isso. A corrida é pelo primeiro lugar no pódio da atenção e aprovação masculina, um esforço interminável para destacar características que a eles agradam e a falsa perspectiva de permanecer em um lugar seguro. Lugar esse que se vê ameaçado quando outra mulher aparece, onde o medo do fracasso e do rebaixamento vem e passamos a atacar outra mulher sem ao menos entender o porquê. Porque competimos ao invés de celebrar as diferenças entre a gente? Nós somos únicas e temos muito a acrescentar nas vidas uma das outras. Só descobri realmente quem sou e de tudo o que sou capaz quando fortaleci os meus laços com outras mulheres, vivenciei toda a proteção, incentivo, cuidado e carinho com que as amizades femininas me trouxeram. Descobri toda a potência de ser mulher quando conheci outras pilotas, quando conheci profissionais de carreiras sólidas, mães, toda mulher que já conheci me ensinou algo e isso me fortalece a cada dia. Busque sempre conhecer mulheres que estão onde você quer chegar, apoie mulheres que estão construindo algo, tire um tempo para conversar e ouvir suas amigas. Incentive-as a construir seu próprio futuro. Juntas somos mais fortes.”
Mototerapia: juntas somos mais fortes, mas não sabemos ser juntas
Jheniffer Vieira (Foto: Acervo Pessoal)

Alice Castro, motociclista, escritora e integrante do Ladies Of The Road

“Tão declamada nos últimos anos, a sororidade se resumiu a discursos bonitos. Ao invés de tijolos para a construção de caminhos, palavras como “amizade”, “parceria” e “irmandade” têm resultado em divisas entre nós, mulheres. O risco de se utilizar substantivos abstratos sem a devida aplicação prática, é vermos que antigos ideais reverberam em palavras vazias, escritas para serem comercializadas, como frases em produtos ou meio de propaganda, notadamente para autopromoção. Quem nunca? Quem nunca se sentiu enganada por frases de efeito? Quem nunca se desiludiu com uma amizade que depois soube ser unilateral? Quem nunca se submeteu para fazer parte de grupo, mas que no fim era só um número a mais? Quem nunca se esforçou para alçar uma outra garota, mas quando chegou a sua vez de ser ‘alçada’, se viu sozinha e deixada para trás? Quem nunca foi trocada por uma amiga por dinheiro? Quem nunca? Então, exemplos são para serem questionados sim, atitudes também. Não precisamos de mais pódios, até mesmo porque quem desconhece a construção do sucesso não reconhece quando se chega ao topo. Precisamos sim de espaços abertos como ponto de partida, e para isso, mais discussões para o compartilhamento de experiências. Falar com honestidade e sem melindres, e sempre com respeito. Deixarmos de ser seguidoras para sermos todas seguidas umas pelas outras.”
Alice Castro (Foto: Acervo Pessoal)

Vanessa Faria, pilota de testes e influenciadora digital

“Sobre esse tema, Juntas somos mais fortes, mas não sabemos ser juntas é exatamente o que eu noto e vivo hoje. Porque assim, simplesmente usar a palavra sororidade, temos que ter sororidade é uma coisa, mas  aplicarmos isso é outra. O que eu mais noto hoje entre as mulheres é falar muito e fazer pouco. É muito lega falar e expor ideias, e na hora de fazer? Eu sou uma pessoa que sou muito mais do fazer, sou mais do demonstrar, as vezes eu não falo muito sobre isso, mas eu sei o que eu faço. Neste mundo feminino que eu vejo hoje, tanto de moto, seja de qualquer outra coisa, esporte e tudo, noto que poucas, realmente aderem a isso. Graças a deus, hoje tenho várias amigas, conhecidas, amigas que realmente aplicam isso, de ficar feliz pelo sucesso da outra, pelo apoio da outra, ver que ainda cabe muitas mulheres no meio do qual estamos. Seja fazendo exatamente a mesma coisa que você, sempre cabe mais, por que somos ainda, poucas comparado ao mundo masculino, ou seja, cabe muitas mulheres. No entanto, não vejo acontecendo. O que vejo é: Ah, ‘tem que ter sororidade’ – mas acaba ‘ah, mas ela vai fazer a mesma coisa que eu, então ela está competindo comigo’. O que acaba acontecendo é falar mal do trabalho da outra, julgando a outra. Então, eu penso exatamente o que está nesse texto, seríamos mais fortes se estivéssemos juntas, seria o certo, mas muitas não sabem serem juntas. Sabe ser juntas se uma está aqui e a outra lá, falando da mesma coisa, mas tendo o mesmo trabalho, ocupando os mesmos espaços, na hora não sabe ser junto.  O que eu faço no meu cotidiano em prol das mulheres, é realmente estimular e ajudar em todos os sentidos. Sei que estou no mundo do motociclismo, mas também estou no mundo dos esportes, então se eu vejo uma pessoa que quer começar e não sabe, se estiver no meu alcance, vou lá e ensino, não me custa nada. Motivação é desde de você ensinar na prática ou é até você apoiar mentalmente, psicologicamente a pessoa, mesmo que a pessoa queira fazer exatamente a mesma coisa que eu, com certeza eu vou lá e vou apoiar. Tenho exemplos de amigas: a Sanny é uma menina que começou agora IG, na parte de motociclismo, passei meu kit mídia para ela, falei como que eu fiz, mostro como faço os reels, outras mostro como editar vídeos. Eu não escondo nada, nunca consegui pensar que uma outra mulher vai me copiar, então não seria bom mostrar minhas cartas não, eu mostro tudo. Acho que cada um é de um jeito, cada pessoa tem uma personalidade que é única, conseguimos fazer a mesma coisa que a outra, mas sempre terá a essência de cada uma e isso é único. Penso que consigo no meu dia a dia colocar na prática, não costumo falar sobre esses temas nas minhas redes sociais, mas pratico com todas as minhas relações, até poderia falar um pouco mais, porém, falo e faço sobre tantos temas que prefiro fazer. Talvez por que vejo muita gente falando e fazendo de menos. Notamos que juntas somos mais fortes quando estamos todas crescendo, não somente uma.”
Mototerapia: juntas somos mais fortes, mas não sabemos ser juntas
Vanessa Faria (Foto: Acervo Pessoal)

Propostas para juntas nos fortalecermos

É notável que as quatro convidadas, concordam com o desconforto gerado pelo distanciamento entre as mulheres pela competição, assim como é perceptível a singularidade de vivências e corpos políticos de cada uma delas. Porém, suas ações e pensamentos são coerentes com suas práticas e propostas. 

Cada uma trás uma perspectiva diferente, sobre o como o tema as atravessam, no entanto, todas chegam às mesmas conclusões de que o caminho são ações coletivas de produzir pontos de partidas para diálogo e não distanciamentos. 

Estamos acostumadas de que há sempre uma autoridade no assunto, que ditam as regras do jogo, proponho que descentralizemos a hierarquização e que dialoguemos horizontalmente, somos mulheres motociclistas que nos encontramos na própria diversidade de nossas singularidades.  

Que não tenhamos mais jogos de manipulação, que a diversão da vivência entre nós mulheres ,seja a comemoração dos avanços individuais e coletivos.  

Não precisamos ser conduzidas, como diz o slogan da queridíssima Dride. EU CONDUZO, que possamos CONDUZIR as transformações que queremos, ao nos unir em nossa própria diversidade. 

  • SE NÃO SABEMOS SER JUNTAS, APRENDEREMOS TENTANDO JUNTAS! 

Convide as colegas motociclistas para uma roda de conversa, seja regada com café, cerveja vinho ou água, e proponha um tema para o debate, sem encontrar certo e errado, mas compreender a historicidade do tema, as emoções e sensações que podem emergir da discussão. 

  • SEJAMOS A TRANSFORMAÇÃO QUE QUEREMOS!  

Para um diálogo com amorosidade e respeito proponho uma base inicial: 

  1. Enquanto uma fala as outras escutam até terminar o pensamento e assim a palavra será rotativa e não unilateral. 
  2. Comunicação não violenta: partir do como se sente e pensamentos sobre o tema, sem acusar e responsabilizar e destruir a outra pessoa, mas dialogar com os argumentos e não egos. 

Nossa busca não é por ser escolhida, NÃO PRECISAMOS DE AUTORIZAÇÃO PARA OCUPARMOS NOSSOS ESPAÇOS. 

 A divisão entre as mulheres não é um problema nosso, é uma consequência do machismo e patriarcado, nossa problemática é construir estratégias de proteção e autocuidado coletivamente entre nós. Proponham e construam ações cotidianas, nossa existência é pela união coletiva! Acolha, estenda a mão às mulheres motociclistas. Que as conquistas individuais, grupais e coletivas nos façam tão felizes como as nossas próprias.

Nesse texto não busco definições e respostas e não gostaria de estar nessa posição, meu intuito é gerar mais perguntas do que respostas, mais reflexões que certezas e ao mesmo tempo construir espaços onde possamos nos relacionarmos horizontalmente, alcanço esse objetivo? Não sei, mas prefiro que tentemos juntas. 

JUNTAS SOMOS IMPARÁVEIS!

*Amably Monari (@psicoontheroad) é Psicóloga Clínica, ativista social e Mestre em Mudança Social e Participação Política pela USP. Atualmente, viaja de moto pela América Latina captando o sentido da vida Latina por meio da Saúde Mental com o projeto Documental Psicologia por el Mundo.

**A opinião dos colunistas não reflete necessariamente a opinião da revista.

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