Faixa Azul é um sucesso nas vias de São Paulo
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Faixa Azul é tema do debate do Sim à Motocicleta

7 Minutos de leitura

  • Publicado: 18/09/2024
  • Por: Redação

A Faixa Azul da cidade de São Paulo já alcançou 130 quilômetros de implantação, beneficiando os motociclistas que se arriscavam em meio a automóveis, caminhões, ônibus, bicicletas e pedestres. A iniciativa está sendo um sucesso, já mostrando números de reduções de sinistros e especialmente de óbitos nessas faixas compartilhadas, quando comparadas com as vias de circulação normal.

Participantes do debate do Sim à Motocicleta, realizado em 2024
Da esquerda para a direita: Tati Paze, Gilberto A. dos Santos, Ismael Baubeta, Alexandra Morgilli e Rogério Franco – Foto Rafael Rydlewski

Ao contrário de anos atrás, quando não deram muito certo as faixas exclusivas, com a mesma medida para os automóveis e demais, agora a Faixa Azul tem a medida certa para que possa rodar um scooter ou uma moto de maior porte. Ela ocupa apenas um pequeno espaço nas principais vias da cidade.

Primeiro debate da nova fase do Sim à Motocicleta

Para fazer um balanço dos resultados da Faixa Azul, a revista MOTOCICLISMO e o seu programa do Sim à Motocicleta, apoiado pela Abraciclo, fez um debate envolvendo um representante da Companhia de Engenharia de Tráfego da Cidade de São Paulo (CET), mais o presidente do Sindicato, SindimotoSP, além da participação de uma usuária de motos que roda bastante pela Faixa Azul.

Faixa azul em São Paulo
A Faixa Azul em São Paulo deveria se expandir para outros municípios – Foto Rafael Rydlewski

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O debate foi mediado pelo jornalista Ismael Baubeta, editor-chefe da Motociclismo, e gravado em Estudio na Casa Box, coordenado por Thomas Bento, diretor da Motociclismo.

Queremos agradecer a Abraciclo, representante brasileira das fabricantes de motocicletas e bicicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus. A Abraciclo é apoiadora do Sim à Motocicleta e é uma entidade super atuante em varias atividades em prol da conscientização e educação para o uso dos veículos de duas rodas.

ALEXANDRA MORGILLI, DA CET

Começamos o debate com Alexandra Morgilli, gerente de segurança de tráfego da Companhia de Engenharia de Tráfego – (CET).

Alexandra Morgilli, especialista da CET-SP
Alexandra Morgilli, da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) – Foto Rafael Rydlewski

Ismael Baubeta – Como a CET está conseguindo implantar a Faixa Azul na cidade de São Paulo?

Alexandra Morgilli – Tivemos uma experiência anterior com faixas exclusivas para motos na cidade de São Paulo. Esse projeto de agora não é uma faixa exclusiva. O que faz com que seja um sucesso é exatamente não ser exclusiva. Naquele momento o CET acreditava que seria possível reservar um espaço para o motociclista, o que foi uma experiência bastante longa, mas não deu certo. Em um trânsito como o de São Paulo, onde o espaço nas ruas é tão disputado, não conseguimos garantir exclusividade. O motociclista acabou ganhando confiança em excesso por ter uma faixa grande só́ para ele e aí surgiram problemas de falta de segurança. Tivemos aumento de acidentes naquela época na ordem de 300%.

A Faixa Azul já nasceu com um sentido diferente, usando o compartilhamento do espaço e da responsabilidade. Os demais veículos cederam um pouco de espaço para o motociclista, entre a faixa 1 e a faixa 2, e em troca ele cede a vez quando o motorista sinalizar que quer trocar de faixa e passar por ali. O motociclista precisa ficar sempre atento, porque alguém pode entrar na frente dele, uma vez que não é exclusiva.

IB – Quais são as principais dificuldades na implantação de uma Faixa Azul?
A.M. –
É necessário um projeto de convencimento, inclusive dos outros veículos, porque precisamos mostrar que a faixa não irá tirar espaço dos ônibus, por exemplo. Como o dinheiro público é escasso, procuramos criar a faixa sem grandes obras. Tudo é aprovado por Brasília. Esse é o primeiro passo. Depois de aprovado, criamos a Faixa Azul e vamos acompanhando para verificar se está realmente sendo funcional naqueles trechos. Todas as faixas ainda fazem parte de um grande projeto piloto que está sendo acompanhado pelo órgão federal de regulamentação.

IB – E já existe alguma estatística sobre os resultados da Faixa Azul?
A.M. –
Sim. O principal objetivo é a redução de sinistros. Estamos em um momento de alta nos casos de sinistros com motos em todo o Brasil. Tivemos uma variação de cerca de 40% de 2022 para 2023. Nesse mesmo período as vias com Faixa Azul ficaram estáveis em relação aos acidentes com feridos ou tiveram queda. As faixas mais antigas são as da Avenida 23 de Maio e da Avenida dos Bandeirantes. Na 23 de Maio apenas implantamos a Faixa Azul em um sentido e agora estamos comparando os dois sistemas. O sentido da Faixa Azul está sem nenhum óbito desde a sua inauguração. No sentido sem implantação houve três óbitos.

GILBERTO ALMEIDA DOS SANTOS, DO SINDIMOTOSP

Depois escutamos Gilberto Almeida dos Santos, presidente do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas (SindimotoSP).

Gil, presidente do SindimotoSP, em debate sobre Faixa Azul
Gil é o presidente do SindimotoSP e roda sempre pela Faixa Azul – Foto Rafael Rydlewski

IB – Qual foi a percepção do sindicato com relação à Faixa Azul?

Gilberto Almeida dos Santos – O nosso ambiente de trabalho é o trânsito. A Faixa Azul foi a realização de um sonho. No início alguns falavam que era uma simples pintura, mas não é isso. Trata-se de um projeto que já́ deu certo e achamos que não vai ficar apenas em São Paulo, será́ exportado para demais regiões do país e do mundo. Há um entendimento de que se trata de um espaço que precisa ser utilizado com responsabilidade, disciplina e com baixa velocidade, para que o resultado seja alcançado.

IB – Quais foram os maiores impactos para os seus associados nesse início de implantação?

Gil – O impacto foi positivo. Havia benefícios para vários modais, como as ciclovias, as faixas de ônibus, mas as motos haviam sido deixadas de lado. Aí surgiu esse projeto que só́ organizava o espaço onde nós já rodávamos. Foi uma tranquilidade para todos, inclusive para os usuários dos carros, porque melhorou demais a convivência entre motociclistas e motoristas. Existem os desafios, como os de ainda melhorar mais o comportamento dos motociclistas dentro da faixa. Para nós é um projeto que já́ deu certo e que deixa a cidade mais organizada.

TATI PAZE, JORNALISTA

Escutamos também a Tati Paze, instrutora de pilotagem, influencer e jornalista.

Tati Paze, jornalista, motociclista e instrutora de pilotagem
Tati Paze é uma mulher moderna, que representa a nova mulher motociclista – Foto Rafael Rydlewski

IB – Você utiliza a Faixa Azul no seu dia a dia?

Tati Paze – Ando de moto há mais de 20 anos e desisti de rodar com carros há muito tempo, usando apenas a moto diariamente. O meu trabalho não tem um local específico, sempre rodo por muitos locais e cidades. Depois que foi implementada a Faixa Azul, a diferença foi absurda. Trouxe muita segurança, visibilidade e até a responsabilidade do pessoal que está com outros veículos, de entender que aquele espaço precisa de atenção. Nós temos aquela sensação de que ao entrar na Faixa Azul seremos vistos e respeitados. Eu rodo com diversos tipos de motos, dos mais variados tamanhos, algumas com guidões mais amplos, e a largura da faixa é perfeita. Você̂ consegue acelerar dentro do limite previsto na faixa e sem aquela sensação de que a qualquer momento vai entrar um carro na sua frente, obrigando você̂ a frear.

IB – Qual o maior problema que você̂ teve em uma Faixa Azul, como usuária?
Tati Paze –
A única vez que eu tive um problema foi quando um caminhão estava invadindo um pouco a Faixa Azul, como se não tivesse noção do tamanho dele. Dei uma buzinada, ele saiu para o lado e ainda buzinou de volta pedindo desculpas. Fora isso, nunca me aconteceu mais nada na Faixa Azul. Acho que deveríamos ter mais dessas faixas para motocicletas pela cidade.

ROGÉRIO FRANCO, DA ABRACICLO

Por último, quem falou foi Rogério Franco, gerente de relações públicas e de comunicação da Abraciclo.

Rogério Franco, representante da Abraciclo no debate do Sim à Motocicleta sobre Faixa Azul
Rogério Franco representou a Abraciclo, apoiadora do Sim à Motocicleta – Foto Rafael Rydlewski

IB – Para a Abraciclo, que representa todas as marcas de motos e bicicletas que produzem em Manaus, AM, qual a importância desse projeto?

Rogério Franco – O primeiro ponto é agradecer a iniciativa da MOTOCICLISMO por trazer um tema tão relevante para a sociedade. A segurança viária é um pilar muito importante para a Abraciclo. Temos inúmeras ações durante todo o ano para a conscientização e educação de motociclistas e motofretistas. A Faixa Azul é muito importante, trazendo resultados concretos e contribuindo diretamente para a redução de sinistros, com um potencial muito grande de ser expandida no Brasil para outros municípios e capitais. A Abraciclo acredita que esse projeto terá́ uma longa vida. Parabéns à CET e à Prefeitura de São Paulo, e que venham mais ações como essa, com uma contribuição efetiva para o trânsito.

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