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Entrevistamos Marcelo Langrafe, Diretor Comercial da Moto Honda

9 Minutos de leitura

  • Publicado: 05/10/2022
  • Atualizado: 08/12/2022 às 16:55
  • Por: Isabel Reis

Marcelo Langrafe está há 24 anos na Honda e já passou por diversas áreas, incluindo a de automóveis. Em abril deste ano, o executivo assumiu como Diretor Comercial da Moto Honda da Amazônia, setor que vive momentos muito desafiadores. Um deles é a anunciada entrada no mercado da eletrificação. A Honda Japão divulgou recentemente um plano global para essa área, apresentando mais de 10 modelos elétricos, que estarão disponíveis até 2025.

O executivo também contou sobre as estratégias para se manter líder, uma vez que a marca detém cerca de 76% do mercado brasileiro. Até agosto a Honda teve um crescimento de quase 20%, segundo ele, no acumulado de emplacamentos.

Outro dado interessante é que as mulheres já representam 70% dos scooters comercializados, e o número delas, tirando a carteira de habilitação, quase que dobrou.

Langrafe também comemora uma recente data histórica, na qual a Honda CG atingiu 14 milhões de unidades produzidas no Brasil. Em suma, boas notícias que você pode escutar no vídeo, ou ler na entrevista abaixo:

A sua carreira na Honda iniciou em 1998, certo? Qual foi a sua trajetória até chegar, este ano, ao cargo de Diretor Comercial da Moto Honda?

Marcelo Langrafe – É isso mesmo. Eu ingressei há quase 24 anos na divisão de pós-venda de automóveis. Lá pelo ano 2000, eu integrei as atividades com motocicletas também. Depois trabalhei nas mais diversas áreas da companhia, desenvolvendo toda a cultura de atendimento, de pós-venda. Passei também pela divisão de peças. Eu coordenei uma profunda restruturação em peças de reposição, com a nossa cadeia de fornecedores, concessionários, fábricas, para assegurar a melhor experiência e o melhor atendimento para todos os nossos clientes. Além disso, participei de outros projetos, como a introdução dos três anos de garantia. Desde abril, eu estou aqui na Diretoria Comercial, com foco no mercado brasileiro, principalmente, coordenando diversas atividades, como planejamento comercial e desenvolvimento da rede de concessionárias.

Como está sendo essa sua experiência, pois houve uma troca: Alexandre Cury, que era o diretor comercial da Moto Honda foi para Pós-Venda e você veio para a Moto Honda. É isso?

Marcelo Langrafe – A empresa tem uma cultura de desenvolvimento de executivos. E uma delas é isso do job rotation, com o principal propósito de ampliar a nossa visão do mercado como um todo, e proporcionar essas abordagens com diferentes pontos de vista das operações. Eu sou alguém que dedicou a carreira toda até aqui, diretamente com os clientes. Aproveitando toda essa cadeia de concessionárias que nós temos, com mais de 1.100 pontos de vendas, com estruturas altamente qualificadas, mecânicos, técnicos, vendedores treinados, ferramentas e equipamentos específicos. O desafio agora à frente da área comercial é buscar incorporar toda essa experiência, contribuindo com o crescimento da marca.   

Foi anunciado que a Honda entrará na área de eletrificação. Você pode contar um pouco sobre isso e dizer quando chega ao Brasil?

Marcelo Langrafe – A Honda tem uma visão de longo prazo. Temos o objetivo de liderar a questão de mobilidade e alcançar o que chamamos de neutralidade de carbono. Isso tanto nos produtos, como em todas as nossas atividades corporativas. No segmento específico de motocicletas, a Honda apresentou as novidades em uma recente coletiva, mostrando que temos como objetivo alcançar essa neutralidade de carbono em motocicletas até 2040. Entre essas iniciativas existe um plano global, onde foram apresentados 10 ou mais modelos elétricos, que estarão disponíveis até 2025. Além de continuar avançando com toda a tecnologia para os modelos de motores à combustão interna. A introdução e popularização desses motores elétricos nos mercados em que a empresa atua vai de acordo com diversos fatores. Como a disponibilidade de infraestrutura de carregamento, a matriz energética de cada um desses países, as regulamentações locais, as características dos mercados, o perfil de consumo. No mercado brasileiro a gente vê ainda um potencial incrível, com muitas alternativas que vão além dos modelos elétricos. Por exemplo, o próprio combustível etanol, com as motocicletas flex, são uma solução muito importante que a Honda tem aqui no nosso país. Enfim, de forma concreta ainda não estamos prontos para anunciar as grandes novidades, mas o que eu posso antecipar é que estamos trabalhando ativamente, temos uma estratégia global de oferecer o produto certo, na hora certa, para o consumidor certo. 

Em 2025 podemos ter aqui, então, as motos elétricas da Honda?

Marcelo Langrafe – Estamos trabalhando em muitos produtos. Temos um line-up incrível no Brasil, com mais de 20 modelos, desde motocicletas pequenas até os modelos grandes, que atendem uma vasta quantidade de clientes, com expectativas diferentes. Mas estamos bastante atentos a isso e preparando grandes novidades, que ainda não posso antecipar para vocês. O que eu posso assegurar é nós temos esse propósito de liderar esse setor da mobilidade e alcançar a neutralidade de carbono. Pode contar que a Honda vai estar sempre à frente nesse mercado.

Motos elétricas integram planos da Honda para atingir neutralidade de carbono (Foto: Honda Europa)

No ranking de licenciamentos de 2022, no acumulado até agosto (segundo dados da Fenabrave), a Honda representou 76,15% do mercado. Mas essa porcentagem já foi maior em períodos anteriores. Como é se manter gigante desse jeito?

Marcelo Langrafe – É extremamente desafiador manter uma liderança dessa por tantos anos. Isso ocorre de uma consistência de estratégia, de propósito, de filosofia. Em primeiro lugar, respeitar os clientes. Quando o consumidor escolhe uma motocicleta da Honda, ele pondera diversos aspectos. Muitas vezes, ele busca uma experiência do cliente, uma melhoria de qualidade de vida, uma alternativa ao transporte público, uma fonte de renda adicional ou uma experiência de viagens. Manter-se nesse patamar implica em dispor de um line-up completo, com muitos modelos. E implica em ter um conhecimento profundo dos consumidores, trabalhando de forma incessante para buscar oferecer a eles uma experiência completa: desde o show room, no atendimento de pós-venda, nos valores de revenda do produto, na recompra, ou seja, em diversos aspectos importantes. 

Como vocês encaram esses 24% de concorrência?

Marcelo Langrafe – Encaro essa questão da concorrência extremamente positiva. Tivemos nesse período, do acumulado até agosto, um crescimento de quase 20%. Foram 656.000 unidades vendidas, um número bastante expressivo. É importante ponderar, tomando como base o período anterior, que fomos afetados com as paradas de produção em Manaus, devido a dificuldade de abastecimento. Por outro lado, a pandemia acelerou o interesse pelas motocicletas, por uma série de fatores que já comentamos. Veja que as mulheres hoje adquirem 70% dos modelos de scooters. E também o número de mulheres tirando carteira de habilitação quase que dobrou. No segmento da alta cilindrada, buscando ter uma experiência após esse período de Covid e até por uma poupança forçada, por não poder viajar, por exemplo, muitos resolveram viver esse sonho agora. Assim, o segmento de motocicletas cresceu demais. Talvez a produção não tenha sido tão impactada como a de automóveis porque a quantidade de semicondutores que usamos em algumas motocicletas é muito menor do que no automóvel. Isso fez com que a oferta e a demanda ficassem um pouco desbalanceadas neste instante. Estamos trabalhando para esse equilíbrio. É natural que em um mercado como esse, que a procura é maior do que a oferta, ele se torne ainda mais atrativo para a chegada de novas marcas. 

Segundo Langrafe, mulheres lideram compras de scooters, como o Honda Elite (Foto: Divulgação/Honda)

O ranking de emplacamentos mostra que a Honda domina especialmente determinados segmentos do mercado, como por exemplo, no das motos street, de entrada e crossover. 

Marcelo Langrafe – Temos as scooters com mais de 39% de crescimento, com cerca de 104.000 unidades emplacadas neste ano, um recorde histórico. Além desse, temos também o segmento da alta cilindrada que passa por um crescimento expressivo, em torno da ordem de 60% no período. Temos um line-up bastante extenso para os mais diferentes públicos e segmentos. Que vai desde uma Pop 100 até uma Golde Wing, o nosso topo de linha. Isso nos mantêm ativos e nunca acomodados, buscando criar novos produtos e experiências positivas para os consumidores. 

Qual é o maior desafio para uma marca que já domina muitas categorias?

Marcelo Langrafe – Acredito que isso seja um dos grandes motivos que nos inspira a cada dia. Poder fazer parte da história de milhões de brasileiros com as soluções de mobilidade. Acredito que quando o consumidor vai em busca de uma motocicleta, ele está buscando um sonho. É como fala o nosso logo: “Power of Dream”. Um sonho de ficar mais tempo com a família, de poder ter uma fonte de renda diferente, de se locomover de uma forma mais eficiente. Recentemente atingimos um marco também muito importante de 14 milhões de CGs construídas. É o veículo com maior volume de produção no Brasil em toda a nossa história. Isso nos traz a grande responsabilidade de atender esses clientes e continuar fazendo parte da vida e do coração de milhões de brasileiros. A busca para melhorar essas experiências é o grande fator motivador que faz a gente vir aqui todos os dias, estudar inúmeras pesquisas, conversar com inúmeros clientes, vendo como podemos fazer a diferença na nossa sociedade e ajudando o povo brasileiro.

Em linha desde os anos 1970, família CG alcançou 14 milhões de unidades produzidas em 2022 (Foto: Divulgação/Honda)

Você acha que a área de scooters terá um crescimento tão exponencial como é esse mercado de entrada?

Marcelo Langrafe – O segmento vem se consolidando dia após dia no Brasil e está se tornando um dos veículos favoritos de muitos brasileiros, principalmente como uma alternativa complementar ao automóvel. Quase 70% dos proprietários de scooter hoje têm automóvel. Uma alternativa ao transporte público. E esse segmento não para de crescer e com diferentes perfis de clientes. Nesse segmento específico, é onde a gente tem o cliente mais heterogêneo da marca, com expectativas absolutamente diferentes. Boa parte desses usuários, segundo as nossas pesquisas, não cogitava uma motocicleta como meio de transporte. Eles foram atraídos por essa facilidade das scooters, que contam com transmissão automática, e com mais uma série de pacotes tecnológicos. Isso contribui para que os consumidores sigam nesse segmento. Nós somos líderes dessa área com mais de 60% de participação, com um line-up muito diversificado, desde modelos mais urbanos, a PCX, mais voltada para esse deslocamento dentro das grandes cidades. Também tem o modelo ADV com grande desempenho no dia-a-dia, mas com grande apelo em design, conforto e DNA aventureiro, uma inovação no setor das scooters. Este ano, tivemos o lançamento da Forza, que superou completamente todas as expectativas de vendas, devido ao seu design bastante elegante e sua tecnologia. O segmento de scooters cresce bastante e vai continuar crescendo.

Qual é a posição do mercado brasileiro em relação ao mundial para a Honda? Somos o mercado mais importante?

Marcelo Langrafe – É um mercado extremamente estratégico: o maior fora da Ásia. Temos uma relevância muito importante pela nossa participação e pela nossa fábrica de Manaus. O Brasil é um dos grandes mercados, com soluções e inovações dedicadas ao nosso país. A motocicleta é o futuro da mobilidade no Brasil. Um dos meios de locomoção bastante inteligente para as grandes cidades, ou para o campo, com os nossos modelos off-road. Temos os quadriciclos atuando na agricultura, ajudando na expansão das atividades agrícolas. 

Para finalizar, o que o senhor deixa como recado para os leitores e fãs da Revista MOTOCICLISMO?

Marcelo Langrafe – Primeiro, um profundo agradecimento a vocês por estarem acompanhando esse momento. Os leitores da MOTOCICLISMO são superexigentes e conhecedores dos modelos. Deixo também a crença de que podem continuar confiando na marca, que continuará expandindo e buscando sempre fazer mais e melhor para cada um dos exigentes clientes, que confiam na nossa marca aqui no país.

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