Waldyr Ferreira é o presidente da Bajaj, nova marca de motos no Brasil. Nesta entrevista, ele conta sobre a sua trajetória de 25 anos na indústria de quatro e de duas rodas.
O executivo carioca já atuou em marcas como Harley-Davidson e Triumph no segmento de motocicletas. Na primeira ele chegou até o cargo de Diretor Geral da marca para a América Latina, enquanto na segunda ele ocupou o mesmo posto, mas dedicado ao mercado brasileiro.
Agora Waldyr está à frente da operação da indiana Bajaj no mercado brasileiro, sendo que a montagem dos produtos está sendo feita na fábrica da Dafra, em Manaus. São três modelos lançados até o momento, nas cinco concessionárias da Bajaj. A Família Dominar oferece motos de 160, 200 e 400 cm³ e são essas as novas concorrentes diretas das motocicletas Honda e Yamaha. Mas elas utilizam recursos como a garantia de até três anos de uso, vêm muito bem equipadas, e oferecem potência e sofisticação, além de um preço bastante competitivo.
Assista o vídeo e leia o texto e veja porque a Bajaj quer entrar para a história do segmento, no Brasil.
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Com a sua grande experiência no setor de veículos, incluindo automóveis e motos Premium, como está sendo essa última, de ser o responsável pela nova marca Bajaj no Brasil?
Waldyr Ferreira – A marca foi lançada há cerca de dois meses, apenas. Mas eu já estou envolvido no projeto há mais de dois anos. Foram 15 anos trabalhando na indústria de quatro rodas, porque comecei na General Motors, por onde fiquei por cerca de cinco anos. Depois fui para a Toyota e, após um tempo, estive na Peugeot como Diretor Comercial da marca no Brasil. Então, completei recentemente 10 anos de transição para o mercado de duas rodas. Primeiro na Harley-Davidson, como responsável pela operação na América Latina. Por último, na Triumph, por aproximadamente cinco anos, cuidando da operação brasileira. Até que a Bajaj me achou. Foi motivo de muito orgulho ter sido escolhido pela diretoria da empresa, para auxiliar na condução de um projeto como esse, de pegar uma folha em branco, desenhar cenários, discutir, criar planos, aprová-los e tirá-los do papel, até chegar no momento que estou vivendo agora. Acho que é o sonho de todo executivo.
O que é a Bajaj no mundo?
Waldyr Ferreira – A Bajaj é uma grande marca global, com presença em praticamente 80 países no mundo. Mas a Bajaj Auto Limited é a companhia do qual a Bajaj do Brasil faz parte. O conglomerado Bajaj é muito relevante na Índia, como grupo econômico, com mais de 30 empresas e mais de 36.000 funcionários, que fatura mais de 10 bilhões de dólares por ano. A Bajaj atua nos mais variados segmentos, como aço, eletrodomésticos, infraestrutura, comércio internacional, serviços financeiros e manufatura de motos, scooters e dos famosos “Tuc Tuc”. Acho que o nosso papel agora é tornar a nossa marca e os nossos produtos familiares ao consumidor brasileiro.
Como surgiu a possibilidade de a marca vir para cá? Foi a Bajaj que procurou pelo mercado brasileiro?
Waldyr Ferreira – O meu processo de seleção aconteceu com a pandemia já iniciada, de forma remota. Uma das perguntas que eu fiz para a diretoria da empresa foi: por que o Brasil agora, em plena pandemia? O fato é que o Brasil nunca terá o momento certo para alguém investir, pois sempre acontece algo como juros altos, ou desemprego alto, ou outra crise. Só que, ao mesmo tempo, o país é bastante relevante e um dos principais mercados de duas rodas do mundo. A Bajaj nos últimos anos consolidou a sua presença no mercado internacional. E faltava o Brasil. Uma empresa que quer se consolidar internacionalmente precisa estar presente no mercado brasileiro. E quando a Bajaj entra, ela fica no mercado para sempre, por décadas.
Como está sendo a implantação no Brasil? A produção está sendo feita em Manaus, utilizando a fábrica da Dafra, certo? Como foi isso?
Waldyr Ferreira – Essa para mim também é uma experiência nova. Nas outras marcas que eu trabalhei a gente detinha a manufatura. Mas achei muito interessante esse conceito da Bajaj de focar nas atividades que representam a linha de frente do negócio. Como, por exemplo, pensar no produto mais adequado para o mercado, pensar no cliente e ouvir a sua necessidade, focar na rede de concessionárias e no perfil de empresários que irão trabalhar com a Bajaj, com quantas lojas, quantos grupos econômicos. Montar a equipe da Bajaj do Brasil e focar nas atividades de marketing. Tudo aquilo que envolve os pilares para a construção da marca no Brasil é o que está na frente das necessidades, neste momento. Se eu tenho a possibilidade de encontrar um parceiro de negócio, competente, experiente nesse processo de montagem, e que está comprometido com o nosso projeto, por que não deixar o parceiro cuidar da montagem dos produtos e nós focarmos na construção da marca? Foi assim que aconteceu porque fechamos a parceria com a Dafra, deixando a cargo deles a montagem das nossas motos. Eles já montaram para inúmeras marcas ao longo dos últimos quinze anos.
Existem planos para fábrica própria? Ou isso ainda é algo para longo prazo?
Waldyr Ferreira – Como a parceria está boa para os dois lados, se estamos felizes com a qualidade do produto montado, e também o outro lado está feliz com aquilo que estamos proporcionando, há motivos para que essa parceria possa se estender por muito tempo, enquanto for boa para todo mundo. Certamente não é algo para curto prazo.
A Bajaj acaba de lançar a Família Dominar, com modelos 160, 200 e 400 cm³, e que chega com alguns equipamentos e componentes diferenciados. Isso é parte da estratégia para concorrer com marcas fortes nesse segmento, como Honda e Yamaha?
Waldyr Ferreira – A Bajaj possui um portfolio bastante extenso, quando se olha para o mercado doméstico indiano e para a maioria dos países que a gente exporta. Mas novamente com a ideia de ter foco, decidimos iniciar de forma simples, com uma só Família, a Dominar, com três motorizações, deixando espaço para ampliação desse nosso portfolio, que poderá ser aumentado em meses, e não necessariamente a longo prazo. Estamos querendo convidar o motociclista brasileiro a analisar as suas possibilidades, considerar que existe uma nova alternativa. A Bajaj tenta entregar produtos para o mercado superior aos seus principais concorrentes naquela faixa de cilindrada, tentando entregar por um valor bastante justo. Tem sempre essa ideia de agregar mais valor para o nosso cliente. Quando se vê a potência e o torque das nossas motos, com uma suspensão invertida, dá para saber que trazemos o que há de melhor e de mais moderno para despertar a curiosidade desse cliente. Como a gente democratiza o processo? Entregando muito, mas sem cobrar a mais por isso.
A garantia de 30.000 km seria outro diferencial para ajudar na maior aceitação desses produtos?
Waldyr Ferreira – A garantia é de três anos sem limite de quilometragem. Se o cliente faz as revisões de acordo com o manual, o produto vai estar coberto na garantia de três anos, independentemente da quilometragem. Divulgamos o nosso plano de manutenção de 5.000, 10.000, 15.000, 20.000, 25.000 e 30.000 km, para mostrar a competitividade dos nossos pacotes em relação aos principais concorrentes do mercado. Sem dúvida nenhuma, essa garantia especial, combinada com produtos de qualidade, peças de reposição à disposição do cliente, um pacote de manutenção competitivo, são fatores que, somados, auxiliam esse cliente a tomar a decisão de comprar um produto Bajaj.
Você tem moto da Bajaj para seu uso pessoal?
Waldyr Ferreira – Eu tenho ainda motos de altíssima cilindrada, mas a minha Dominar 400 está prevista para chegar na próxima semana. Ainda tem bastante fila para comprar as motos e estamos com determinados modelos com 45 ou até 60 dias de espera. Então estou tentando atender ao máximo o cliente final, mas vou ter a minha nos próximos dias, sim. O produto é fantástico. Já tive oportunidade de pilotar algumas vezes e sempre é motivo de mais alegria e mais prazer.
A Bajaj tem cinco concessionárias atualmente. Quais são os planos para o crescimento da rede? Existe algum tipo de venda online?
Waldyr Ferreira – Ainda não existe venda on-line. Estamos tentando desenvolver caminhos mais digitais. O nosso formato inicial de operação está dentro do tradicional. Estamos com o nosso site e mídias sociais ativos, captamos os leads (interessados) do Brasil inteiro e a concessionária entra em contato. Precisávamos colocar a operação para rodar e agora com ela funcionando fica tudo mais fácil e até permite focar em algumas outras atividades específicas, agregando valor para o consumidor. E essa é uma das oportunidades que a gente enxerga.
Você pode falar dos objetivos da Bajaj para os primeiros três anos de Brasil?
Waldyr Ferreira – Essa pergunta é bem interessante. Alguns indicadores que serão utilizados nesses primeiros anos vão fugir da métrica natural sobre qual é o share e o volume de vendas. Neste momento, a meta principal é colocar a operação para rodar. Então este momento é muito mais qualitativo porque começamos com cinco concessionárias e estamos trabalhando para colocar mais quatro em funcionamento. E esperamos chegar ao meio do ano com talvez até dez ou doze lojas e estarmos presentes em todas as regiões geográficas do país. Então, vamos dar passos pequenos, mas muito consistentes, sem dar passos para trás. Esse estilo de pensar indiano tem me conquistado bastante.
Tem planos de outros lançamentos para ainda esse ano?
Waldyr Ferreira – Sim, há algumas possibilidades para ainda este ano, mas ainda estamos analisando. Têm produtos da família Pulsar, por exemplo, que iriam muito bem no mercado brasileiro.
O que você gostaria de contar para os leitores da Motociclismo? Eles podem comprar as suas motos de olhos fechados?
Waldyr Ferreira – Podem comprar. Eu vou convidar toda a sua audiência fantástica, em todos os canais, para que visitem uma das nossas cinco concessionárias e experimentem os nossos produtos. Primeiro, experimentem de olhos bem abertos e conheçam o produto. Tenho certeza que vocês vão se encantar e se surpreender. Aí vocês vão estar tranquilos para tomar a sua decisão de compra de olhos fechados. Venham participar do novo capítulo da história da motocicleta no Brasil.
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