Existe um paradigma da moto relacionado ao uso de motos de baixa cilindrada em viagens. Hoje são muitos motociclistas contra e alguns a favor de motos pequenas na estrada. Participei da terceira edição do Tour da Crosser, trail de baixa cilindrada da Yamaha. A ideia dessa ação é simples e também muito ousada. Sete motociclistas com diferentes perfis e níveis de experiência foram selecionados para levar sete unidades da Crosser desde a fábrica da Yamaha, em Guarulhos, SP, até as ruínas de São Miguel das Missões, RS.
O caminho com 2.100 quilômetros foi percorrido em oito dias e incluiu estradas tradicionais dos motociclistas, como Serra do Rastro da Serpente, Estrada da Graciosa e Serra do Corvo Branco, mas também passou por caminhos menos populares, e bem desafiadores, como a ida (e volta) até o Cânion Espraiado, em Urubici, SC.
A Crosser passou por asfalto bom e péssimo, estradas de terra batida, com infinitas pedras soltas, também superou trechos com muita lama e até atravessou escorregadios rios. Teve até show de habilidade do piloto Wellington Garcia, multicampeão de motocross, no centro de treinamento da Yamaha, em Biguaçu, SC, acelerando a Crosser e emendando os pulos em todas as mesas do circuito, com a moto 100% original e com a pista escorregadia.
O mais legal? Ele fez tudo isso por pura diversão. Terminou “o treino”, subiu na moto e seguiu a viagem! A Yamaha assumiu o risco de colocar o grupo em condições super desafiadoras, isso não é normal na indústria brasileira de motos. Mas como só evolui quem sai da zona de conforto, o resultado de gerenciar bem os riscos é muito positivo. As motos chegaram até o final sem avarias, mesmo com alguns tombos, e o grupo também, já que ninguém se machucou!
A conclusão foi unânime: é possível se aventurar, divertir e ter bons momentos com uma moto de baixa cilindrada. Impossível não se impressionar com a capacidade da Crosser após ter visto, sobre uma delas, tudo que aconteceu nesse tour, que às vezes parecia prova de hard enduro, Moto3 e até de endurance (resistência).
Com essa ação que considero ousada, a Yamaha quebra sem dúvida o paradigma de que moto de baixa cilindrada não serve para se divertir e principalmente para viajar com conforto e segurança. Basta uma boa moto, planejamento e bons amigos. Nesse tour, tive a chance de me superar nos desafios, conhecer o Sul do Brasil em uma trail de 150 cm³ e mesmo tendo pilotado as mais espetaculares motos, inclusive fora do Brasil, essa foi a melhor viagem de moto da minha vida!
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Fotos: Idário Café