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Coluna da Ju Corguinha: Desafio das Sete Serras

9 Minutos de leitura

  • Publicado: 24/02/2024
  • Por: Redação

Tem coluna da Ju Corguinha chegando, desta vez falando sobre uma aventura emocionante pelas estradas sinuosas do Rio de Janeiro. Não perca nenhum detalhe:

O Desafio das Sete Serras é uma aventura emocionante que atrai pilotas e pilotos de diversos lugares para explorar as estradas sinuosas e cênicas do Estado do Rio de Janeiro. Este desafio envolve percorrer 7 das principais serras do Estado: Miguel Pereira, Araras, Petrópolis, Hortênsias, Órgãos (também conhecida como serra de Teresópolis), Cachoeira de Macacu (também conhecida como serra de Friburgo) e Serramar (essa liga Lumiar à Casimiro de Abreu), proporcionando aos participantes uma experiência única de pilotagem e de contato com a natureza.

O trajeto total é de, aproximadamente, 580 km e deve ser percorrido no período de 24 horas. Se ilude quem acredita que este é um desafio fácil, afinal, durante a jornada, os motociclistas enfrentam curvas desafiadoras, com média ou baixa velocidade e variações de altitude e de temperatura. É preciso estar preparado para cumprir as regras do Desafio e se tornar um sobrevivente.

Coluna da Ju Corguinha: Desafio das Sete Serras
A pouco explorada serra entre Paty do Alferes e Petrópolis, Araras. Não confundam com a Serra das Araras na Dutra. Ela surpreende com sua beleza e suas curvas que apresentam um nível de dificuldade alto e vão testar a habilidade e o controle da moto por parte do seu piloto (Foto: Acervo pessoal)

Esse Desafio foi lançado em fevereiro de 2023, pelo @CaminhosdeMotos. Para conhecer um pouquinho mais sobre o projeto, conversei com Baraldo, criador do projeto e fundador do Caminhos de Motos. Baraldo promove o meio motociclista por meio das redes sociais, Instagram e YouTube, e do site www.caminhosdemotos.com.br compartilhando experiências e ótimas dicas de roteiros. Geralmente, os roteiros divulgados são circulares, permitindo que os motociclistas desfrutem de diferentes paisagens e estradas, ele diz que essa é uma forma de evitar o “tédio” de percorrer o mesmo caminho na ida e na volta. Ele não só inspira outros motociclistas a explorarem a região, mas também constrói uma comunidade de entusiastas da motocicleta, incentivando o intercâmbio de dicas, histórias e informações úteis.

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E a nossa conversa começou com a clássica pergunta, “Como surgiu o Desafio?” Baraldo me contou que surgiu naturalmente. Os roteiros que ele fazia já tinham um formato circular e, a cada novo roteiro o percurso ia aumentando. Um dia, conversando com alguns motociclistas, o amigo Paulo Veloso, comentou que pretendia fazer um rolê gigante, subindo a serra das Araras e ir “surfando” pelas serras até sair em Casimiro de Abreu. Foi assim que surgiu a ideia deste roteiro pelas serras ser um desafio.

O Desafio das Sete Serras foi lançado para incentivar a galera a rodar. Hoje, completando 1 ano, já possui mais de 600 homologações. Quando eu perguntei se ele imaginava que o Desafio ia viralizar entre os motociclistas, ele respondeu que se surpreendeu com a velocidade e a forma que se difundiu. Ele imaginava que teria uma adesão dos motociclistas da região, mas já tem sobrevivente até da Paraíba. O Desafio está numa vibe tão legal que foi desenvolvido um troféu para homenagear os motoclubes e motogrupos que possuem 10 ou mais integrantes homologados. O mais criativo é que esse troféu tem uma característica “evolutiva”, ou seja, se mais integrantes daquele MC/MG realizarem o desafio, o troféu receberá uma peça na sua composição para “evoluir” também. Achei o maior barato essa forma de incentivo!

Coluna da Ju Corguinha: Desafio das Sete Serras
Entrega do troféu à Lília pela participação do coletivo Motogirls (Foto: Acervo pessoal)

E, claro, se estou com o idealizador do projeto, não poderia deixar de pedir uma dica valiosa para a galera que quer fazer o desafio. Baraldo diz o seguinte: “Olha, como todo desafio que se preze, é imprescindível conhecer todas as regras e fazer um planejamento para “sofrer menos”. Decisões erradas neste planejamento ou mesmo a falta dele podem comprometer a homologação ou tornar o desafio muito mais difícil do que ele já é. Por exemplo, o sentido do giro (horário ou anti-horário) precisa ser bem escolhido em função do dia, os pontos de parada precisam ser rápidos, os locais de abastecimento, de lanche e de banheiro precisam ser pensados antes, etc. Como eu disse, não pensar nestas coisas antes, pode tornar o desafio mais difícil. Para você ter uma ideia, quando a gente inaugurou o Desafio e, nem nós sabíamos destas coisas, fizemos no sentido horário, num domingo que era volta de feriado prolongado, ou seja, pegamos 64km de engarrafamento e chovendo. Mas, sendo bem sincero, poderia ter sido mais fácil? Sim, poderia! Mas, não inviabilizou e a sensação de realização ao final foi muito maior.”

Coluna da Ju Corguinha: Desafio das Sete Serras
Baraldo no checkpoint do mirante do Cristo, na serra de Petrópolis (Foto: Acervo pessoal)

Eu compreendo bem esta situação porque também a vivi. Sou a 124ª sobrevivente desse desafio e realizei o trajeto acompanhada de 03 amigas pilotas: Erika David, Lilia Gaivota da serra, que já fez pela segunda vez, e a Cintia Barcelos. Nós enfrentamos verdadeiros desafios, pois, além do percurso com todas as suas peculiaridades, no dia teve um acidente que fechou a Serra de Petrópolis ocasionando um engarrafamento enorme na Serra de Teresópolis, era um feriado, o que já teria um fluxo maior de carro, e ainda tivemos problemas na moto de uma das participantes. Esses contratempos estenderam bastante o tempo de realização. Foi cansativo, mas o gostinho de concluir é maravilhoso. Lidar com situações inesperadas faz parte da aventura e testa a resiliência e a capacidade de adaptação dos pilotos.

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As sobreviventes 124: Ju Corguinha, Cintia Barcelos, Lilia Gaivota da Serra e Erika David (Foto: Acervo pessoal)

E como na vida não há nada melhor do que compartilhar experiências, trago a história de duas sobreviventes do Desafio das Sete Serras.

Nanda Aguiar, fez o Desafio das Sete Serras no dia 26 de fevereiro do ano passado, logo no início, ela tinha apenas 6 meses de habilitação e partiu sozinha com a cara e a coragem. Ela fala “Saí de casa com um objetivo, cumprir o desafio 7 serras. Com apenas 6 meses de experiência, pilotando somente dentro da cidade, decidi encarar esse circuito de belas curvas e serras pitorescas. O frio na barriga foi meu companheiro do início ao fim desse dia incrível, mas a cada checkpoint conquistado, a coragem e o desejo de chegar ao final cresciam. Muitos se surpreendem pelo fato de ter ido sozinha. Eu, sinceramente, não dou tanto valor a isso. Se desejo fazer uma viagem e não encontro companhia, vou sozinha mesmo! Não deixo de fazer nada por falta de companhia, desde ir ao cinema a fazer uma viagem. Amo minha própria companhia e aproveito esses momentos para meditar e refletir sobre a minha própria vida e valores. Esse circuito veio para estabelecer minha paixão por mototurismo, principalmente, por circuitos de serras com muitas curvas para brincar. Consigo até hoje, 1 ano depois, reviver o sentimento de chegar em casa, com um sorriso largo no rosto, o brilho emocionado nos olhos e a sensação de ter desbloqueado algo dentro de mim. Sabia que após esse desafio cumprido, a estrada seria meu habitat natural e a minha moto, a minha companheira de grandes aventuras.”

Coluna da Ju Corguinha: Desafio das Sete Serras
Nanda Aguiar na Serra de Teresópolis (Foto: Acervo pessoal)

Lilia Bastos, @gaivotadaserra, é uma grande incentivadora do Desafio, já fez o percurso pela segunda vez somente para apoiar outras pilotas. E se as girls chamarem, está lá, ela pronta para ir novamente!

Me conta um pouquinho de você, Lilia: “Tenho 59 anos. Sempre pilotei motocicleta, mas parei de andar por muitos motivos. Meu sonho de viajar pilotando tinha ficado esquecido. Em 2018, voltei a sonhar e não parei mais! Tenho a Edwiges, minha scooter-coruja, que me acompanha nessas viagens. Fiz o Desafio das Sete Serras em agosto de 2023 com mais 3 pilotas incríveis, que fazem parte das Motogirls, Coletivo de Mulheres Motociclistas. O Desafio é um desafio, tanto para a moto, quanto para o condutor. Ainda mais, é desafiar-se interiormente, superando traumas, medos, dificuldades físicas e emocionais, eventos emergenciais que acontecem durante o percurso. Minha vida deu mais sentido quando fiz parte desse coletivo em que mulheres motociclistas apoiam outras mulheres motociclistas, dividindo histórias, experiências, apoiando a realizar nossos sonhos em cima de 2 e 3 rodas. Por isso, quando outras Motogirls quiseram fazer o Desafio das 7 Serras, não só apoiei, como fiz novamente o Desafio com mais 7 pilotas, e farei quantas vezes me for possível. Ontem, recebi em nome das Motogirls, o Troféu do Desafio das 7 Serras pela quantidade de participantes no Desafio. E vamos fazer mais, porque afinal: SOMOS A SORORIDADE EM CIMA DE 2 E 3 RODAS!!!!!

Coluna da Ju Corguinha: Desafio das Sete Serras
A emoção da Lília ao receber o troféu em nome das Motogirls (Foto: Acervo pessoal)

Depois desses relatos, a gente suspira, se enche de desejo, pega a moto e vai viver essa aventura!

Mais informações sobre o Desafio é só entrar no site www.caminhosdemotos.com.br. Lá tem todos os detalhes, dicas e sugestões para ser homologado. Até a próxima coluna daqui a quinze dias!

Motociclista desde novinha, Ju Corguinha é uma apaixonada pelo mundo do motociclismo, do motoclubismo e do mototurismo. Integrante do motoclube Guardiões do Raul MC desde 2007, ocupando atualmente a vice-presidência do clube, primeira mulher a ocupar uma função na diretoria e compõe a liderança do Motogirls, movimento motociclista feminino, desde 2016.

**A opinião dos colunistas não reflete necessariamente a opinião da revista.

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