A Yamaha mudou o formato da Yamalube R3 Cup, seu campeonato de revelação de jovens talentos na motovelocidade. Agora todas as motos do grid serão sorteadas a cada final de semana de corrida, sem distinção de categoria, separadas por faixa etária.
Até o ano passado só os pilotos da equipe Yamaha Yamalube (jovens talentos) é que recebiam o benefício do cuidado das motos. Os demais cuidavam de suas motos e eram obrigados a instalar em suas motos a ECU (Engine Control Unit) sorteada pela Yamaha antes do primeiro treino da sexta-feira.
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A grande novidade para a temporada 2020 do campeonato Yamalube R3 Cup é que a Yamaha vai ficar responsável por todas as motos do grid, fazendo a manutenção e troca de peças necessárias a cada etapa, deixando todas as R3 prontas para o sorteio do final de semana da corrida.
Serão duas categorias a Yamalube R3 Cup, para pilotos de 12 a 23 anos e a Yamalube R3 Cup Pro, para pilotos acima de 24 anos, uma iniciativa que visa baratear o custo de participação dos pilotos, já que a Yamaha se responsabilizará pelo fornecimento de pneus, combustível e todo o suporte técnico com mecânicos e telemetristas da Yamaha Racing Brasil, uma forma justa de equilibrar as disputas e de fomentar o surgimento de novos talentos na motovelocidade.
Prova do sucesso do formato desenhado pela Yamaha foi o grande interesse e rápido preenchimento das vagas para o grid 2020, com pilotos de 12 a 64 anos.
Já escrevi aqui sobre minha intenção de ser um piloto profissional quando jovem, mas dificuldades com a aceitação da família e a falta deste tipo de certame de incentivo no Brasil, me fizeram tentar a sorte na Espanha quando tive autonomia para tal (maioridade e capacidade financeira), já com vinte e poucos anos, um pouco tarde para iniciar uma carreira.
Naquela época a Espanha já era um dos mais importantes países no motociclismo, hoje é o maior fornecedor de pilotos para os mundiais de motovelocidade em todas as categorias.
A cultura motociclística de lá é muito anterior à nossa e muito maior também, mas foram campeonatos como este da Yamaha e da Honda, a Junior Cup, que se promovem no Brasil, que fazem da Espanha essa potência no motociclismo.
Por lá este tipo de campeonato de revelação de pilotos, começou no final dos anos 1970, depois se transformaram em grandes campeonatos monomarcas até chegar aos diversos Talent Cup que se vêm hoje em dia.
Aqui no Brasil tivemos vários campeonatos importantes monomarcas como Copa Yamaha, Fórmula Honda, Copa RD 350 e Copa CBR 450, para falar só das mais antigas. Houve alguns “gaps” entre eles, mas que eu me lembre, só a Yamaha com a Copa RD 350 levou o campeão e vice do Brasil para disputar uma final internacional. Uma possibilidade (remota) de seguir carreira por lá, já que o apoio se restringia à participação pontual dos pilotos.
Ainda bem que muita coisa mudou e hoje há mais oportunidades para os jovens que sonham em ser pilotos. As fábricas estão replicando em diversas partes do mundo os campeonatos de revelação de talentos com suas motos para a internacionalização das disputas, um movimento mundial para “garimpar” talentos de todas as partes do mundo. É uma forma mais barata de dar oportunidades e dos jovens começarem a competir na motovelocidade.
Até pouco tempo atrás para uma grande maioria dos pilotos (ainda é para uma boa parte) a competição é um esforço no qual o piloto arruma, ajusta, calibra e transporta sua própria moto além de pilotar. Foi assim que comecei, com ajuda de amigos (mecânicos) que também corriam e quando podiam me ajudavam (sempre depois de acertar suas motos é claro). Foi uma época muito bacana e divertida, mas limitada esportivamente.
É importante que as marcas continuem investindo na iniciação destes jovens apaixonados por motocicletas, para que os mais destacados possam ir mostrar seu valor mundo afora se assim desejarem. Já estamos vendo algumas promessas se tornando realidade, como Eric Granado, Meikon e Ton Kawakami, entre outros.
Para mim a experiência nas competições me deu a oportunidade de conhecer e fazer amizade com muitas pessoas do mundo da moto que, de uma forma ou de outra, contribuíram para que eu pudesse chegar até aqui, como piloto de teste e editor da Revista MOTOCICLISMO.
Ismael Baubeta é editor da Revista Motociclismo no Brasil. Motociclista há mais de trinta anos, fez da paixão pelas motos sua profissão.