A Trident 660 é uma das motos mais recentes da Triumph no mercado brasileiro, e ela chega mostrando que é uma moto altamente gabaritada para enfrentar a forte concorrência no segmento das naked médias
Texto: Ismael Baubeta
Fotos: Renato Durães
Já estava ansioso para acelerar a Trident 660 e saber como se comporta esta moto inglesa que entra em um dos segmentos mais disputados entre as motocicletas de média cilindrada e que foi projetada para oferecer uma pilotagem tranquila no trânsito urbano, mas que também oferece prazer se o piloto quiser se divertir contornando curvas por estradas sinuosas, comprovando seus bons dotes e versatilidade para concorrer com as já conhecidas Honda CB 650R, Kawasaki Z 650 e Yamaha MT-07.
Triumph Trident 660, uma moto diferente da concorrência
As concorrentes da Trident 660 têm configurações técnicas diferentes. Enquanto a Honda CB 650R tem no motor de quatro cilindros seu grande trunfo (já que isso é um fator passional para muitos motociclistas), Kawasaki e Yamaha optaram pelo motor de dois cilindros para a Z 650 e MT-07 respectivamente, configuração que privilegia mais torque em baixa e média rotações, tornando a pegada inicial mais empolgante. Já os quatro cilindros da CB 650R são mais dóceis inicialmente e mais vigorosos em alta rotação.
A Triumph mantém a sua tradição dos motores de três cilindros, e não poderia ser diferente, afinal a qualidade do propulsor e o sucesso que se iniciou no segmento de média cilindrada, com a esportiva Daytona 675 e que culminou com a produção dos motores de última geração de 765 cm³ para o mundial de Moto2, em que a Triumph passou a ser a fornecedora oficial, credenciam seu motor de três cilindros como um excelente propulsor.
Estreando em um segmento maduro
O objetivo da Triumph estava bem claro ao projetar a Trident 660: ela teria que ser uma moto divertida, despojada, minimalista, sem perder a identidade com a qualidade no acabamento inerente a suas motos e ainda ser uma moto de entrada, se possível a mais barata de seu line up.
O design da Trident é bem clássico, suas linhas são arredondadas e seus adereços se resumem aos protetores do tanque de combustível, do radiador e aos dois pequenos para-lamas, à minúscula lanterna traseira embutida sob o banco e à ponteira de escape e protetores laterais do motor de acabamentos de metal escovado.
Suas concorrentes diretas já têm evoluído e chegaram ao equilíbrio entre preço, desempenho e nível de equipamentos que seus clientes exigem. Enquanto suas principais rivais equipam as máquinas da categoria com motores de dois cilindros com as mais variadas configurações, a Triumph oferece o terceiro cilindro, com suas vantagens e desvantagens. É claro que não há uniformidade, porque encontramos o bicilíndrico paralelo tradicional com defasagem de 180° entre as bielas como o da Kawasaki Z 650, o Crossplane de 270° na Yamaha MT-07, além dos quatro cilindros da Honda CB 650R.
Simplicidade define a Triumph Trident 660
O chassi da Trident 660 é de aço, tem uma estrutura simples e eficaz, e as suspensões e freios são mais simplórios do que em outras motos da marca. No entanto, foi alcançado um conjunto bastante homogêneo e atraente, com design minimalista bem particular. Nesse quesito os engenheiros ingleses merecem aplausos. Os três cilindros, segundo a fábrica, geram 81 cv de potência e são mais do que os de suas rivais de dois cilindros, mas o melhor desse motor de três cilindros, do qual poderia ter sido extraído ainda mais, é seu modo de operação.
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Para reduzir a potência, os engenheiros buscaram se concentrar em alcançar uma curva de torque muito plana, que mantém valores próximos ao máximo para a maior parte de sua faixa de rotação. Sua peculiaridade é que o desempenho cresce de repente, para que você tenha um motor de caráter mais animado precisamente em velocidades mais baixas, para estabilizar depois. O torque plano permite que você esqueça a mudança de marchas, principalmente no tráfego urbano, já o câmbio exige certa força para o engate das marchas.
Pequena e compacta
Visualmente a Trident 660 já parece “pequena”. Ela é bem compacta, basta montar sobre ela para confirmar o bom encaixe entre assento, pernas e braços ao guidão, oferecendo uma posição de pilotagem bastante confortável. A altura do assento de 805 mm oferece mais segurança para apoiar os dois pés no chão, inclusive para os mais baixinhos. A boa ergonomia, aliada à suavidade dos controles, faz com que ela se comporte muito bem.
Apesar da simplicidade do conjunto de chassi e suspensões, a dinâmica da moto é superequilibrada e transmite segurança na tocada, com suspensões firmes e sistema de freio competente. O motor confirma suas virtudes, afinal alcança velocidade máxima próxima dos 200 km/h, mais do que suficientes para o uso diário e para você se divertir. Suas arrancadas e retomadas impetuosas também empolgam.
A Trident 660 tem suas vantagens por ser bem compacta, o que ajuda no comportamento dinâmico e na agilidade, contudo ela tem a desvantagem da pouca proteção aerodinâmica, o que obriga a fazer força contra o vento no uso rodoviário. O passageiro também sofre pelas dimensões reduzidas do banco do garupa, que não é muito generoso, e as pernas vão bastante flexionadas por conta da altura das pedaleiras.
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O comportamento dinâmico da Trident 660
O conjunto de chassi e suspensões, apesar de não ter a sofisticação de outros modelos, tem as competentes bengalas Showa tipo SFF, de funções de mola e hidráulicos separadas, mas sem regulagens. O amortecedor traseiro, da mesma marca, tem apenas ajuste na pré-carga da mola. Apesar da “simplicidade” de sua estrutura, a geometria da Trident permite ser rápido para apontar as curvas com decisão e muita estabilidade, e os pneus Michelin Pilot Road 5 garantem muita aderência e bom feeling ao guidão.
A Trident tem caráter esportivo. É divertido sentir o empuxo de seus três cilindros ao abrir o gás com o punho direito nas saídas de curva e o chassi se adapta bem a esse tipo de condição. A ajuda eletrônica do controle de tração oferece mais segurança e tem bom funcionamento.O sistema de freio pode parecer simplório porque nós já estamos acostumados a ver várias motos com pinças radiais de quatro pistões com discos enormes, mas não ter esse equipamento não é um problema para a Trident, já que para a proposta e peso da moto os freios se comportam muito bem, com bom tato e precisão.
A Trident é uma moto bonita, despojada, eficiente e muito divertida, isso já seria suficiente para levá-la para sua garagem, mas a concorrência é acirrada e todas as concorrentes têm virtudes que agradam. No meu ponto de vista a escolha tem que ser feita depois de fazer um test ride em todas elas, mas eu gostei muito da Trident e até poderia levar uma para minha garagem.