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Testes

Triumph Scrambler 1200 XE, clássica e exuberante

7 Minutos de leitura

  • Publicado: 14/02/2020
  • Por: Willian Teixeira

A Scrambler 1200 XE é uma moto de respeito. Ela vem carregada de tecnologia e surpreende pela capacidade de divertir, inclusive no off-road

Impressionante! Esta é a palavra que mais se encaixa para, primeiro, expressar o sentimento ao ficar diante desta máquina incrível e, segundo, para demonstrar o espanto que ela deixa depois de andar. A Triumph está em sua praia quando o assunto é moto clássica e, diga-se de passagem, são motocicletas que fazem voltar no tempo e, é claro, estão muito melhores do que aquelas em que foram espelhadas.

Comportamento: difícil conter-se na terra, as acelerações forçam as derrapagens quando os controles estão no modo “mais divertido”

Agora produzir uma moto clássica como a Scrambler 1200 XE, capaz de fazer quase o inimaginável, é coisa de gênio. Algumas clássicas têm design bem resolvido, são confortáveis e “normais” quando subimos nelas para acelerar. Com a Scrambler, primeiro você se sente pequeno pela altura avantajada, mas depois de dois ou três rolês o sentimento muda e você começa a se sentir fodão.

Ergonomia

Ela é alta, e é preciso levantar bem a perna para acessar o banco, os pés ficam apoiados quase na ponta, e, uma vez em cima da moto, a impressão é de que o banco rígido vai se tornar sofrível se a viagem for longa, mas, para minha surpresa, a densidade da espuma acolheu bem meu magro bumbum.

Esmero no Acabamento: como de costume, a Triumph também oferece na Scrambler acabamento primoroso nos mínimos detalhes

O guidão é alto e largo, e a posição de pilotagem bastante relaxada. As pedaleiras são dentadas, tipo as de motocross, e uma boa sacada para a condução de pé sobre as pedaleiras foi o ajuste para subir do pedal de freio, pensando na pilotagem off-road. Outra sacada inteligente é a do painel móvel, que muda sua inclinação, facilitando a leitura de pé nas pedaleiras.

Hightech

Apesar da carinha de antiga, a Scrambler 1200 XE é equipada com o que há de mais moderno em componentes e eletrônica. O motor é de dois cilindros paralelos, oito válvulas e refrigeração líquida, uma evolução do que equipa as Bonneville 1200. De som rouco e grave, por conta dos escapes característicos das motos scrambler, o motor despeja muito torque desde baixos giros: são 11,2 kgf.m a baixas 3.950 rpm, uma patada prazerosa de sentir. Este modelo tem seis modos de pilotagem (Rain, Road, Sport, Off-Road, Off-road Pro e Rider) que ajustam a entrega de potência, intensidade do ABS e controle de tração. Esse motor empurra pra caramba, e nas primeiras aceleradas já deixa você esperto, segurando com força o guidão.

Alta: na foto, a Scrambler não parece ter o tamanho que tem; fique ao lado dela e veja como ela impõe respeito

No off-road você já se pergunta se é preciso tudo isso para passear na terra, mas logo o punho continua acelerando e aumentando a emoção. No modo Off-road Pro, ABS e controle de tração são desligados para uma tocada livre na terra, mas é bom ter cuidado, porque o forte empuxo pode mandar qualquer um para o chão, mas é uma delícia fazê-la rabear no acelerador, sentindo-o urrar. A embreagem assistida é do tipo deslizante e tem acionamento suave, e nas reduções bruscas a roda não é bloqueada pela força do câmbio, ajudando na estabilidade nessas situações.

Segurando as pancadas

As suspensões são excelentes, têm curso dignos de motos de cross, são 250 mm nas duas rodas e carregam a grife sueca topo de linha Öhlins. Na frente, as bengalas invertidas absorvem as pancadas com apetite enorme e mantêm a dianteira da moto no trilho, sem sustos. Os dois amortecedores com reservatório de gás acoplado também dão conta do recado, diminuindo muito a energia dos impactos. Pode parecer que o enorme curso seja demais para rodar em alta velocidade com estabilidade sobre o asfalto, sugerindo oscilações, mas a sensação acaba assim que você faz as primeiras frenagens mais fortes, pois, embora você sinta o afundamento da dianteira, o movimento é suave e não compromete direção nem estabilidade.

No asfalto ela se comporta como uma donzela, mas, se você a provocar, ela se despe e seduz

Mordida raivosa

É difícil não elogiar a qualidade dos componentes, afinal uma moto estilo clássica teoricamente não precisaria carregar tanta tecnologia nem equipamentos topo de linha, nem ter alto rendimento, por isto a Triumph Scrambler 1200 XE surpreende. O projeto é bacana, diferenciado, funcional e muito divertido. Outro exemplo do “exagero” inglês, mas como diz respeito à segurança nunca é demais, pode ser notado nas poderosas pinças radiais de quatro pistões da italiana Brembo, que mordem dois discos de 320 mm de diâmetro. Não bastasse essa configuração, ainda foi instalada uma bomba radial com regulagem de intensidade da pegada do freio, daquelas que só é vista em poucos modelos superesportivos. Com componentes dessa qualidade o resultado não poderia ser diferente, frenagens rápidas que, não fosse o ABS com assistência em curvas, poderiam até ser perigosas, principalmente sobre a terra.

Atenção nos mínimos detalhes

O nível de acabamento da Scrambler é irretocável. Ela compartilha algumas das belas peças de alumínio escovado com outras clássicas, caso do suporte de farol, da tampa de combustível falsa e os escudos da marca no motor. O lindo painel de TFT tem todas as informações de utilização da moto e é customizável em seu layout. No ano que vem, chega um dispositivo que, entre outras facilidades, vai se comunicar e permitir operar sua câmera GoPro pelos comandos da moto.

De quem foi a ideia de fazer uma moto com jeitão clássico carregada de tudo que há de mais avançado em tecnologia? Não sei, depois de ter conhecido a Scrambler tenho certeza que foi boa. A iluminação é toda por LED e o farol tem o DRL (faróis de rodagem diurna). Os comandos dos punhos são iluminados, a chave é de presença, o contato é dado por presença (sistema keyless), e só se usa a chave para travar o guidão. Como se fosse pouco o que vimos até aqui, ainda podemos falar de equipamentos que são próprios para quem gosta de pegar muita estrada, como piloto automático, aquecedores de manoplas e, porque não, uma tomada USB. A sensação que tive quando nosso test ride acabou foi de tristeza, pois queria ter continuado por algumas horas mais.

A Triumph está de mão cheia e surpreendendo com suas motos clássicas. A Scrambler não é barata, mas pela quantidade e qualidade dos componentes o preço se justifica, o que é bom para quem tem dinheiro e alma aventureira.

Pontos positivos
• Design
• Funcionamento
• Equipamentos

Poderia ser melhor
• Calor do escape

Dá vontade de ficar na moto, pois, em qualquer tipo de caminho, ela é instigante

Primeira impressão

A Scrambler 1200 XE intimida à primeira vista, mas uma vez montado e acelerando-a, ela seduz e mostra toda sua capacidade. É incrível pensar que uma moto clássica possa oferecer tanto, não só do ponto de vista de desempenho, mas da quantidade de tecnologia embarcada. O motorzão de 90 cavalos empurra muito e não precisa de muita rotação para jogar você para trás, mas a eletrônica ajuda a manter as coisas sob controle. Por outro lado, se você for do tipo exagerado e gostar de mais emoção, tem a opção de assumir o controle sem assistência eletrônica, por sua conta e risco – garanto que é muito divertido. Os R$ 59.990 podem parecer exagerados para uma clássica, mas se você pensar em tudo que ela tem de eletrônica e acessórios, o preço parece justo. Se você fizer um test ride com ela, provavelmente vai compartilhar meu sentimento de quero mais.

Texto: Ismael Baubeta
Fotos: Triumph

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