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A nova Yamaha Tracer 900 GT ganha pacote eletrônico completo, mais conforto e o preço continua atrativo para bater a concorrência.
Texto: Ismael Baubeta
Fotos: Gustavo Epifânio
A Yamaha Tracer 900 era uma excelente motocicleta, e a tecnologia que lhe faltava para brigar com motos mais equipadas foi incorporada na versão que agora os caras do marketing da marca acharam mais conveniente chamar de GT, descolando-a da família MT, apesar de manter o excitante motor CP3 (Cross Plane 3 cilindros). Assim os interessados em comprar uma moto para viajar poderão vê-la como uma verdadeira gran turismo, mais uma boa opção para encarar muitos quilômetros, não como uma moto brutal da família MT, ainda mantendo sua excelente agilidade em centro urbanos.
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Segundo a Yamaha, mesmo tendo colocado em sua categoria como sport touring, o objetivo é concorrer com as líderes de venda do segmento maxitrail, a BMW F 850 e Tiger 800, em suas várias versões. O preço de R$ 49.390 é competitivo, já que as concorrentes com o mesmo nível de equipamentos custam R$ 52.950 (BMW Premium TFT) e R$ 51.390 da Triumph XCX.
Muitas alterações
Bastante coisa mudou na Tracer 900 GT, a começar pelo design reformulado que agora tem várias soluções aerodinâmicas estudadas em túnel de vento para diminuir o arrasto e melhorar a proteção do piloto, aproveitando as formas e defletores para dissipar de forma mais eficiente o calor do motor. Essas mudanças, além de serem mais eficientes, foram pensadas para embelezar todo o conjunto. Agora a Tracer entra na era do TFT, com o bonito painel de design inspirado no da R1, com todo tipo de informação e possibilidade de customização.
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Por meio do punho direito é possível ativar e desativar os componentes eletrônicos da moto. Toda a iluminação da máquina é feita por LED e o desenho dos faróis impõe respeito. A ergonomia também mudou bastante e os engenheiros optaram por afinar a “cintura” da moto. Com isso tanque e banco estão mais estreitos, melhorando o encaixe das pernas, a proteção aerodinâmica oferecida pela dianteira da moto, o apoio dos pés no chão e o encaixe das pernas na moto. Para facilitar a pega sobre a moto e a facilidade de condução em espaços mais apertados, como centros urbanos, o guidão também foi “recortado”, ficando 100 mm mais estreito. As pedaleiras se mantiveram recuadas como no modelo anterior, deixando as pernas flexionadas sem exagero.
O banco agora é bipartido, ganhou espuma mais macia, para dar ao traseiro apoio confortável por mais horas (até que comece a dar sinais de achatamento), e também tem mais área (na parte de trás do piloto e em toda a base reservada ao garupa). As pedaleiras do passageiro também foram reposicionadas para baixo, a fim de deixar as pernas menos recolhidas e evitar o cansaço pela flexão exagerada. As alças, feitas de alumínio, estão mais largas e têm mais espaço para ter mais posições na pegada. Some à essas mudanças um para-brisa maior e regulável, protetores de mãos também redesenhados para desviar o vento, manoplas aquecidas e piloto automático para ver que as mudanças na moto visaram a utilização em estrada.
Mesma genética
Quanto à motorização, o potente e “torcudo” motor de três cilindros, 12 válvulas e refrigeração líquida continua com suas virtudes e pegada quase insana. As acelerações são impactantes e as respostas, imediatas. Apesar de manter os números de potência e torque máximos (115 cv a 10.000 rpm e 8,92 kgf.ma 8.500 rpm, respectivamente), ganhou atualizações na eletrônica e uma nova embreagem assistida e deslizante, além do controle de tração de dois níveis de intensidade que também pode ser desligado. Os modos de entrega de potência do motor continuam como na versão anterior, sendo o modo A mais brutal e o modo B mais suave, tudo através da velocidade de abertura das borboletas da injeção.
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A genética do propulsor continua e mantém a personalidade forte da moto, assim como permite andar de forma dócil, mas basta provocá-la para ela se despir do pudor e empurrar você para trás, obrigando a segurar firme no guidão para não ficar sentado no chão. A roda dianteira é capaz de ficar no ar por um bom tempo se você deixar, pegada que nenhuma das concorrentes desta Yamaha tem. O controle de tração agora deixa o piloto mais tranquilo com o movimento da munheca. O câmbio é bem escalonado e o novo assistente eletrônico Quick Shift só funciona para subir as marchas e com o giro mais alto, caso contrário os engates sem a embreagem se tornam duros e lentos. Sentir seus três cilindros berrar e bater as marchas uma depois da outra é sensacional e viciante. As equinas chegam rapidamente e as novas saídas se oferecem como uma nova largada.
Pregada no chão
A ciclística da Tracer foi revista. Na frente as novas bengalas KYB invertidas são do tipo assimétricas e totalmente reguláveis. Além da pré-carga da mola, ajusta-se de um lado a compressão e do outro o retorno. A nova balança foi alongada em 60 mm e com isso a distância entre-eixos aumentou na mesma proporção. O amortecedor agora tem dois ajustes, pré-carga, por meio de um manípulo de fácil acesso e para ajustar o retorno é preciso de uma chave de fenda. Os novos componentes da suspensão acompanham a evolução da moto. A nova Tracer ficou perceptivelmente mais confortável e suas suspensões se comportam muito bem, têm maior capacidade de absorver impactos e permitir a adequação de seu funcionamento de acordo com o gosto do piloto e ao peso que se vai carregar.
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Na prática, percebe-se mais progressividade do conjunto com movimentos mais suaves, sem perder a capacidade esportiva. Outro ponto positivo é a facilidade para movimentá-la ao entrar nas curvas e mudar de direção, graças à boa ciclística e ao baixo peso (215 kg em ordem de marcha). O sistema de freios continua potente. As pinças radiais de quatro pistões mordem dois discos de 298 mm de diâmetro e têm assistência ABS de última geração Bosch. O sistema é potente e pegajoso. Com tantas melhorias faltou ter recebido as mangueiras tipo Aeroquip (forradas com malha de aço) para reforçar os freios em utilização esportiva, já que é comum a fadiga do sistema em uso agressivo. Sensivelmente melhor, a Tracer 900 GT é mais uma excelente opção para quem quer uma moto para o dia a dia, mas também pretende pegar estrada com atitude, pegada e muito mais segurança.
Conclusão
A Yamaha Tracer 900 GT melhorou muito com as mudanças. Agora ela é tratada pela marca como uma Sport Touring, já que ganhou uma porção de atributos pensados para aquele motociclista que gosta e pretende pegar estrada, por isso deixou de ter a sigla MT. A fábrica quer colocá-la de frente com motos que são de uso misto, como BMW F 850 GS e Tiger 800 XCX, que com o mesmo nível de equipamentos são um pouco mais caras. Sabendo que poucos usuários realmente colocam suas motos na terra mas muito na estrada, a Tracer pode ganhar espaço. Uma coisa é certa, ela ficou muito boa de andar.
*Teste publicado na edição 260 da revista MOTOCICLISMO