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Testes

Uma prova de fogo para o Honda SH 300i

7 Minutos de leitura

  • Publicado: 16/05/2018
  • Atualizado: 21/01/2019 às 15:32
  • Por: Redação

Motos, scooter, Honda, SH 300i, PCX 150, superteste, teste, Dafra Citycom , Dafra, motociclismo, Revista Motociclismo, Motociclismo Online, Quando a Honda trouxe o SH 300i, em 2016, falou do grande sucesso que faz na Europa. E isso não era apenas argumento de propaganda. É fato! A sigla SH significa Super Handling, algo como “super ágil” ou “supermanobrável” e o primeiro SH foi lançado em 1984, ainda como ciclomotor, de 50 cm³ e motor dois tempos. A família SH logo cresceu, ganhando novos motores: 100 cm³, 125 cm³, 150 cm³ e 300 cm³, cilindrada disponível desde 2007. Foi justamente o maior deles que colocamos à prova no Superteste deste mês, o SH 300i, lançado mundialmente em 2015. Me lembro bem de ter ficado impressionado, na Itália, ao ver a quantidade de SH, de todas essas gerações, ainda em uso! Sim, lá na Europa o SH é mesmo um grande sucesso.

Mais ‘simpático’ que as motos, o scooter acaba sendo visto de forma diferente no trânsito, principalmente por quem não anda de moto. Nele, o design sempre é caprichado, e atrai olhares admirados. No SH 300i não é diferente, ele agrada bastante. É mais compacto e estreito que o Dafra Citycom 300i, principal concorrente e nitidamente mais atual no quesito design. Durante a nossa viagem-teste, muitos elogios para sua beleza, ainda mais na cor escolhida, o chamativo vermelho perolizado (o sóbrio cinza metálico é opção). Destaque para a iluminação frontal em LED, simplesmente linda, e o mais importante: é funcional e ajuda muito a ver melhor as vias à noite e, é claro, a ser visto. A lanterna traseira também é em LED.

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No painel, velocímetro grande no meio, indicador de nível de combustível do lado direito e indicador da temperatura do líquido de arrefecimento do lado esquerdo — que, religiosamente, ficou sempre perto ou um pouco abaixo do meio da escala, que é a condição ideal, mesmo com o forte calor que enfrentamos. O painel é funcional, mas antigo. Um velocímetro digital traria modernidade ao visual e deixaria a leitura melhor.

Quem se interessa por scooter é normalmente fã de tecnologia, e um dos diferenciais do SH300i é não ter uma chave física, convencional. Ele tem chave eletrônica, por presença (Smart Key). Basta se aproximar do scooter com ela no bolso que a chave seletora, abaixo do painel, do lado direito, é liberada para operação. Por ela, se habilita o acionamento do motor, a trava da direção, e a abertura do compartimento sob o assento, onde também está o acesso ao tanque de 9,1 litros.

Só que, como tudo que é eletrônico e sem fio, ela funciona a bateria. E essa bateria, com o tempo, pode ter sua carga consumida e você pode não conseguir ligar o scooter! Adivinhe com quem aconteceu isso. A dica é deixar uma bateria (o modelo é CR 2032, custa cerca de R$ 5,00) nova, sempre por perto. A própria chave de presença tem um sistema simples para verificar a carga dessa bateria: aperte um dos botões do controle, se a luz verde acima deles não acender, está na hora de trocá-la.

Motos, scooter, Honda, SH 300i, PCX 150, superteste, teste, Dafra Citycom , Dafra, motociclismo, Revista Motociclismo, Motociclismo Online, Um trunfo do scooter é o compartimento sob o assento. No SH 300i a capacidade são 10 kg e a prática tomada 12V (que poderia ser uma USB 5V para não ser necessário ainda comprar o carregador automotivo) e um lugar para deixar o smartphone seguro. Assim, enquanto recarrega a bateria, você pilota o scooter. Porém, o compartimento não tem proteção térmica, e o motor, que fica logo abaixo dele, deixa tudo que colocar ali bem quente. Então a dica é: use esse recurso apenas se precisar muito mesmo recarregar algo eletrônico enquanto pilota, senão, evite usar, e claro, evite colocar ali coisas que podem estragar com o calor, por exemplo, aquele chocolate que você adora… Pois pode ter virado um musse na hora que tirar.

Um divisor de opiniões sem dúvida é o para-brisa. Ele aumenta a altura da moto a 1 600 mm e o peso total do scooter em 2 kg (de 162 kg para 164 kg) e sua posição em relação ao motociclista é no mínimo “controversa”, para o uso nas vias brasileiras, tão variáveis quanto uma montanha-russa. Se usar o SH na cidade, andando entre carros, mudando de faixa, em subidas, descidas, enfim, em qualquer situação que tenha que naturalmente pôr o corpo para frente, você vai bater o capacete no para-brisa. Na cidade, ele incomoda mesmo e perdi a conta de quantas vezes o acertei. Mas na estrada ele foi bem útil para me proteger do vento forte, reduzindo o cansaço da viagem, e das intempéries rotineiras da estrada. A sujeira e a coleção de insetos grudados no para-brisa foram prova da sua eficiência. Colocar um menor não resolve, pois na estrada ele vai jogar o vento direto na parte inferior do capacete, gerando desconforto em alta velocidade. Como é possível removê-lo, usando sem, é mais fácil lidar com essa situação — a remoção não é simples e deve ser feita na concessionária ou oficina de confiança. O ideal seria que a curvatura dele fosse diferente, deixando-o mais afastado da cabeça do motociclista.

Motos, scooter, Honda, SH 300i, PCX 150, superteste, teste, Dafra Citycom , Dafra, motociclismo, Revista Motociclismo, Motociclismo Online, Para mover o scooter e os 180 kg de capacidade máxima de carga, o motor é um monocilíndrico de 279 cm³, OHC com 2 válvulas, arrefecido a líquido, com injeção eletrônica, alimentado apenas com gasolina. Seu consumo no teste ficou sempre na faixa de 25 km/l, mas se usar apenas na cidade, o anda e para pode fazer cair para até 19 km/l. Ainda assim, muito econômico se comparado com qualquer automóvel. Com cerca de 20 cv de potência a 11 300 rpm e 2,29 kgf.m de torque a 5 170 giros, ambos medidos na roda com o dinamômetro da MOTOCICLISMO, tem desempenho de sobra para a cidade e para andar com segurança nas estradas, mesmo com garupa, bagagens ou as duas coisas juntas. Falando em bagagem, testamos as possibilidades de levar coisas no SH, e o espaço sob o assento se mostrou muito útil e versátil, pois até uma pequena mala com roupas coube ali.

Para dar conta das irregulares vias brasileiras, as suspensões precisam ser boas, para ga rantir o conforto e, é claro, segurança na pilotagem. No SH, como em todo scooter, as suspensões têm curso reduzido. São 115 mm na dianteira e 114 mm na traseira, que é biamortecida. Não ignore o ajuste de pré-carga em cinco níveis disponível. Ele faz toda a diferença. Para nós, o melhor ajuste é deixá-la no 5, mais dura. Assim andou bem na estrada, com estabilidade em curvas e na cidade a diferença foi mínima em relação ao ajuste mais macio. As rodas aro 16 ajudam no conforto, mas, mesmo assim, com a calibragem e curso das suspensões, não garantem vida fácil na buraqueira — assim como nenhum scooter, com exceção, talvez, do X-Adv, que vêm aí.

Motos, scooter, Honda, SH 300i, PCX 150, superteste, teste, Dafra Citycom , Dafra, motociclismo, Revista Motociclismo, Motociclismo Online, Nos freios, ABS para aumentar a segurança e um sistema bem calibrado para frear quando é preciso. Uma ressalva é a modulação do ABS na roda traseira, que pulsa forte no manete. Isso pode assustar quem fizer uma frenagem emergencial pela primeira vez. Se soltar o manete no susto… O ABS tem evoluído muito rápido e acreditamos que que seja uma questão de tempo para essa pulsação no manete ser cada vez menor, o que já é realidade nas motos de alto desempenho — mas aumenta o custo.

Na estrada, não precisar trocar de marcha é realmente muito prático e torna a viagem mais fácil e confortável. Nos trechos sinuosos, ele se comportou bem, com estabilidade, principalmente após endurecer ao máximo a suspensão traseira. Na subida de serra, entre Ubatuba e São Luiz do Paraitinga, trecho que costuma ser o mais divertido, sentimos falta de um câmbio, para ter melhores respostas. Automático, ele foi devagar e sempre, com retomadas racionais, sem a emoção das motos. As viagens com o SH 300i não podem ser muito longas, pois a  posição de pilotagem, sentado, não permite variação da posição da perna. Isso gera um cansaço extra.

Motos, scooter, Honda, SH 300i, PCX 150, superteste, teste, Dafra Citycom , Dafra, motociclismo, Revista Motociclismo, Motociclismo Online, No segundo dia da nossa viagem-teste, na reta “infinita” das rodovias Dom Pedro I e Bandeirantes, não poder mudar a posição das pernas aumentou o cansaço e o assento também mostrou que, após certa quilômetragem, perde-se o conforto, que é notável nos deslocamentos curtos, dentro da cidade.  A saída foi usar as pedaleiras do garupa como variação para a posição das pernas.

O SH 300i tem três anos de garantia, sem limite de quilometragem e custa R$ 20 990 (preço sem despesas de frete e seguro). A Honda pede no SH exatamente o dobro do PCX 150. Sim, está caro, mesmo com tudo que oferece. 30% mais barato seria mais coerente, mas está dentro do que a concorrência está cobrando no Brasil.  Mas, mesmo custando mais de R$ 20 000, muita gente não vai abrir mão do desempenho extra dele, principalmente se for trafegar com frequência por rodovias e com garupa, ponto onde os scooter 150 falham.
CONCLUSÃO
Muita gente quer apenas uma boa opção para deixar o carro em casa e ir do ponto A ao ponto B, com o menor esforço e preocupação possível. Claro, gastando menos também e se não sujar o calçado, perfeito! Nessa receita, a emoção das motos perde para a razão e os scooter dão banho na concorrência. Com o SH 300i fiz o Superteste menos cansativo que me recordo, porém, sem aquele prazer de estar na estrada acelerando. Na sua categoria, oferece o melhor custo-benefício, mas não deveria custar exatos dois PCX 150. Por R$ 18 000 seria um upgrade dos 150 mais natural…

Texto: Marcelo Barros
Fotos: Gustavo Epifano

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