A Yamaha Factor 150 é capaz de realizar o sonho da primeira moto para os apaixonados por motocicletas, mas também oferece confiabilidade para quem precisa trabalhar na rua, cumprindo com louvor.
Texto: Ismael Baubeta
Fotos: Renato Durães
As motos de baixa cilindrada são muitas vezes o sonho para os jovens que querem entrar no mundo da motocicleta, mas para outros podem ter se transformado na tábua de salvação, principalmente em tempos de pandemia e desemprego em alta.
No auge do isolamento social foram elas que ajudaram a manter as pessoas em casa, só se viam motociclistas com suas motos de baixa cilindrada e mochila nas costas transitando pelas ruas desertas das cidades, fazendo as entregas de todo tipo de produto.
Muitas são as opções acessíveis disponíveis para entrar e iniciar no mundo das motos ou para começar a empreender por conta própria. Queríamos juntar as duas concorrentes que mais vendem no segmento street de baixa cilindrada, a Honda CG Fan e a Yamaha YBR 150 Factor, mas como a Honda ainda não estava emprestando as motos até o momento do teste, por conta da pandemia, trouxemos a Factor 150 UBS.
Sobriedade no design
A Yamaha Factor 150 UBS é uma moto visualmente atraente, onde se destacam as linhas angulosas das laterais que começam na ponta das abas do tanque e seguem até a parte inferior do banco, feitas na cor preta. O detalhe é igual em todas as cores disponíveis; branca, vermelha e preta. Também saltam aos olhos as rodas de liga e o escape preto com seu protetor, quase integral. O farol em formato de escudo e a lanterna traseira bi-partida compõe e finalizam a boa identidade visual do modelo.
Conforto e ergonomia
A Factor é magrinha e compacta sua ergonomia é bem resolvida, mesmo com a minha estatura de 1 metro e 80 cm, a posição é relaxada, mantendo boa distância até o guidão com os braços semiflexionados, e as pernas se acomodam bem no discreto rebaixo do tanque. O banco de dois níveis também tem boa densidade na espuma e confere conforto para rodar sem cansaço excessivo por horas.
Motivo de compra
É lógico que não e a mesma coisa comprar uma moto por paixão do que comprar por necessidade e ter que se embrenhar cidade adentro para sair do perrengue financeiro, seja pelo motivo que for, embora, creio eu, só se arrisque na empreitada aquele que tem alguma identificação com as motocicletas, mas com certeza as duas experiências podem ser prazerosas.
Na prática
As motos de baixa cilindrada em geral não empolgam no desempenho, em contrapartida, são capazes de surpreender na economia. Se você andar na boa é possível superar os 40 km/l de consumo, o que pode render uma autonomia em torno de 640 km, nada mal, não é?
Os números específicos de potência e torque (no virabrequim) declarados na ficha técnica são 12,2 cv a 7.500 rpm e 1,3 kgf.m a 5.500 rpm de potência e torque máximos, números que aumentam ligeiramente com a utilização de etanol, já que o motor tem a tecnologia batizada pela Yamaha de Blue Flex. Em nosso dinamômetro a Factor 150 marcou 10,26 cv a 7.720 rpm e 1,08 kgf.m a 5.570 rpm na roda.
O motor monocilíndrico de duas válvulas e refrigeração a ar tem boas respostas ao giro do acelerador e permite uma condução tranquila dentro da cidade, inclusive nas vias expressas. Na estrada é preciso mais atenção, já que nas subidas longas ela tende a perder velocidade e isto demanda cuidado, já que nessa situação não há recurso de aceleração caso seja necessário por qualquer motivo. Nada que não seja assimilável, basta acostumar-se com as características da moto e incorporar o correto modo de pilotagem e aí, se você quiser, pode até se jogar e tentar dar a volta ao mundo, exemplos de motos de baixa cilindrada desbravando o planeta não faltam.
Ciclística
Andando com a Factor 150 no pavoroso asfalto de São Paulo você percebe que as suspensões são bastante rígidas, mas sem ser desconfortáveis, assimilam bem as pancadas com curso bem dimensionado, só chega ao final de curso das suspensões com garupa.
A relativa rigidez do conjunto de suspensões também permite uma pilotagem mais agressiva caso você queira andar mais rápido e os pneus Metzeler ME Street garantem o grip que você precisa para rodar esportivamente com confiança. A leveza da moto faz com que movimentá-la de um lado para o outro seja feito de maneira fácil, sem esforço e andar no tráfego mais pesado confirma que não há brecha no trânsito que não possa ser preenchida para se passar com a Factor.
Freios combinados UBS
O quesito freio é controverso, se por um lado ele pode, e deve, ajudar os menos experientes nas frenagens (principalmente os que têm o mau hábito, talvez vício, de frear somente com o pedal do freio traseiro), ele também é capaz de atrapalhar um bocado.
Sabe aquelas manobras de baixa velocidade, em que você tem que deitar a moto com o guidão esterçado e o corpo para o lado contrário, quase parado para encaixá-la no vão e contornar o obstáculo? Pois é, com o freios combinados fica bem mais difícil, a intromissão da pinça de freio dianteira na manobra e a transferência de peso para a roda dianteira é fácil alargar a trajetória e ter que refazer o movimento. Quanto à potência e capacidade de frenagem, a combinação do disco de 245 mm na roda dianteira, com o tambor de 130 mm atrás, tem bastante potência para frear a moto, o meu porém vai para o tambor traseiro, que funciona muito bem quando novo, mas que perde eficiência com o desgaste.
Considerações finais
Neste acirrado segmento a Factor 150 concorre com a CG mais completa da família, a Titan (falando somente das mais vendidas e na mesma faixa de preço), uma moto igualmente competente, de história e vendida por R$ 11.764, contra R$ 11.400 da Yamaha, mesmo assim, a Honda vende mais. Em maio (plena pandemia) a CG Titan emplacou 1.487 unidades, segundo a Fenabrave, e a Factor 150 820, ou seja, 81% a mais em favor da Honda. Alguns fatores contribuem para essa diferença, por exemplo: a longa história da CG no Brasil, o maior número de concessionárias, que lhe permitem chegar mais longe. De qualquer forma a Yamaha Factor 150 é uma ótima opção para quem deseja entrar no mundo das motos por prazer ou para quem precisa buscar um meio para se reinventar e retornar à vida ativa utilizando-a para garantir uma grana enquanto o chacoalhão chamado pandemia, que a humanidade está tomando não termina. Uma coisa é certa: se você é dos que precisa e não tem restrição em seu CPF, pode ter certeza de que há várias formas facilitadas de comprar uma moto e sair trabalhando. E se seu caso for paixão pelas motos, as condições e facilidades são as mesmas.
FICHA TÉCNICA – DADOS DE FÁBRICA
MOTOR
Tipo: Monocilíndrico
Arrefecimento: A ar
Válvulas: 2
Alimentação: Injeção eletrônica
Cilindrada: 149 cm³
Diâmetro x curso do pistão: 57,3 x 57,9 mm
Taxa de compressão: 9,6:1
Potência máxima: 13,2 cv a 7.500 rpm
Torque máximo: 1,3 kgf.m a 5.500 rpm
TRANSMISSÃO
Embreagem: Multidisco banhada a óleo
Câmbio: 5 marchas
Secundária: Corrente
CHASSI
Tipo: Diamond em aço
Balança: de aço
Cáster/trail: n.d.
SUSPENSÃO
Dianteira: Garfo telescópico
Curso: 120 mm
Regulagens: Não possui
Traseira: Biamortecida
Curso: 92 mm
Regulagens: Pré-carga de mola
FREIOS
Dianteiro: Disco 245 mm
Pinça: 2 pistões UBS
Traseiro: Tambor 130 mm
Pinça: Não possui
PNEUS
Modelo: Metzeler ME Street
Dianteiro: 2,75-18
Traseiro: 90/90-18
MEDIDAS
Comprimento: 2.015 mm
Largura: 735 mm
Entre-eixos: 1.325 mm
Altura do assento: 785 mm
Distância mínima do solo: 175 mm
Capacidade do tanque: 15,7 litros
Peso (em ordem de marcha): 127 kg
Capacidade máxima de carga: 169 kg
Galeria: detalhes Yamaha Factor 150 UBS
Conclusão – por Ismael Baubeta
As motos mais vendidas no país são as pequenas street de baixa cilindrada, na sua grande maioria são utilizadas para o trabalho, justamente por serem baratas e muito econômicas. Há muitos exemplos de boas motos que fazem o papel de ir e vir ou de ferramenta de trabalho com competência e grande autonomia, mas quando o assunto é a robustez, nem todas aguentam a dureza de rodar no pavimento tosco da maioria das cidades brasileiras. A Yamaha Factor é uma moto extremamente confiável e competente e a boa rede de concessionárias garante o pós-venda, outro gargalo de marcas de menor expressão.
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