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Testamos o motor da Triumph para a Moto2 na Espanha

7 Minutos de leitura

  • Publicado: 04/05/2018
  • Atualizado: 16/05/2018 às 17:02
  • Por: Redação

Triumph, Moto2, motos, superesportiva, tricilíndrico, motor, Mundial de Motovelocidade, protótipo, pistas, Espanha, motociclismo, Revista Motociclismo, Motociclismo Online, Daytona 675, 765, Street Triple 765Há pouco mais de um ano, a Triumph começou a trabalhar no projeto Moto2, que foi revelado no GP de Mugello de 2017, pouco depois de começarem os rumores sobre o futuro da categoria. Desde então, já foram feitos milhares de quilômetros em circuito, e vários pilotos da Moto2 o testaram, tudo para que a marca inglesa esteja pronta para ser a única fornecedora de motores da categoria intermediária em 2019. Apenas cinco jornalistas do mundo inteiro tiveram a sorte e a oportunidade de testar o motor, montado em uma Daytona 675 preparada no circuito de Calafat, na Espanha. Foi (mais um) daqueles dias em que agradecemos pelo nosso trabalho.

Entrar em uma competição monomarca é uma decisão arriscada para qualquer fabricante, e é preciso ter a certeza de que o seu produto irá atender as expectativas, ainda que na pista ele só possa ser comparado a ele mesmo. Para a Triumph foi uma oportunidade de mostrar o seu potencial e de voltar às competições ao mais alto nível em um momento em que a categoria Moto2 estava um pouco estagnada. Um motor com mais cilindrada que os atuais tetracilíndricos de 600 cm³ da Honda CBR 600 RR podem resultar em corridas nas quais os pilotos tenham que lidar com uma oferta maior de torque, “gerenciando” mais o acelerador e trabalhando mais em busca de aderência. Mas tudo isso não passa de especulação até podermos efetivamente testar a moto. E a MOTOCICLISMO teve a sorte de ser um dos cinco veículos internacionais selecionados para um teste exclusivo na pista espanhola de Calafat.

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A Triumph vem trabalhando com este novo motor montado em uma “mula”, que é uma Daytona 675 preparada para pistas. Como os pontos de fixação do motor são iguais, a esportiva é uma base excelente para testar com consistência e tirar algumas conclusões sobre o tricilíndrico preparado. A moto teve seu peso aliviado ao terem retirado todas as peças de série desnecessárias para uso exclusivo em pista e conta com um equipamento que inclui, com suspensões K-Tech, amortecedor de direção GPR, ABS desativado, rodas OZ, pneus Dunlop slick da Moto2 e uma rabeta modificada. Ou seja, o que nos esperava no pit lane era uma Daytona 675 pronta para ir realmente rápido e ver do que esse tricilíndrico de 765 cm³ que a Triumph apresentou com as novas Street Triple é capaz. Isso sim, antes de entrar na pista recebemos um pequeno briefing sobre o trabalho que os engenheiros de Hinckley fizeram nesse novo motor. Para melhorar o rendimento fluidodinâmico, foram modificados os dutos de admissão e escape do cabeçote, as válvulas são de titânio com molas mais duras e ainda foram alterados os comandos para melhorar o rendimento em altas rotações. Também se utiliza, como é habitual em motores preparados, um alternador menor e a primeira marcha é mais longa para que o salto entre as duas primeiras marchas seja menor. A embreagem conta com antibloqueio FCC, e a centralina é Magneti Marelli.

Triumph, Moto2, motos, superesportiva, tricilíndrico, motor, Mundial de Motovelocidade, protótipo, pistas, Espanha, motociclismo, Revista Motociclismo, Motociclismo Online, Daytona 675, 765, Street Triple 765Por fora, as mudanças mais visíveis são as tampas da embreagem e do alternador mais compactas para ganhar distância livre ao solo e mais uma tampa desmontável da embreagem para poder ajustá-la sem precisar remover o óleo. O reservatório do cárter é o mesmo da Daytona 675 já que nesse motor o escape, assinado pela Arrow, sai pelo lado direito. Toda a manutenção ficará a cargo da Extern Pro, a empresa que atualmente já cuida dos motores da categoria Moto2.

Conhecendo todos esses detalhes, a curiosidade dos cinco jornalistas presentes no pit lane ia aumentando, e quando os técnicos da Triumph colocam em funcionamento o tricilíndrico, que possui um canto magistral, nossas expectativas disparam. Ao entrar na pista, até parece uma moto normal dessa cilindrada, mas no momento em que passamos de 6 000 rpm, ela começa a empurrar com força e linearidade que costumamos encontrar nos tricilíndricos ingleses. A primeira abertura do acelerador é suave e dá confiança suficiente para procurarmos andar rápido desde o começo. Nota-se claramente que é mais potente na faixa intermediária que a atual 600 cm³ e, ao abrir o acelerador com a moto inclinada, temos uma conexão muito mais direta entre o acelerador e o pneu traseiro. Algo que significará mais derrapagens e, consequentemente, exigirá dos pilotos da Moto2 mais controle na mão direita nas saídas de curvas. Em segunda marcha e com o acelerador todo aberto, quando o motor passa de 8 000 rpm a roda dianteira perde contato com o asfalto, lembrando muito o comportamento das superbikes de rua mais atuais.

Triumph, Moto2, motos, superesportiva, tricilíndrico, motor, Mundial de Motovelocidade, protótipo, pistas, Espanha, motociclismo, Revista Motociclismo, Motociclismo Online, Daytona 675, 765, Street Triple 765A pista de Calafat é bem travada e não há muitos trechos retos o que, se por um lado, nos permitiu sentir esse grande salto nas respostas em rotações intermediárias, dificultou a tarefa de explorar todo o potencial desse tricilíndrico especial. O motor é muito progressivo até praticamente o corte da ignição, o qual na nossa moto de teste estava a 13 800 rpm, mas que ficará estabelecido a 14 000 rpm no motor definitivo. Não é um motor crítico, mas exigirá mais do pneu traseiro, e isso sempre complica a vida dos pilotos e traz mais emoção às corridas. Além disso, ter mais torque permite diferentes traçados e faz com que a pilotagem seja mais flexível que com um motor em que a potência está concentrada na parte alta. O motor Triumph mostrou ser um pouco menos agressivo em alta, mas compensa isso com um som espetacular.

Este foi um “primeiras impressões” bastante interessante e, de fato, mostrou-se uma configuração mecânica muito divertida e que qualquer aficionado pode aproveitar muito em um circuito, mesmo sem ser um piloto profissional de ponta. Ainda teremos que esperar um ano inteiro, mas pode apostar que veremos várias disputas interessantíssimas com esse tricilíndrico da Triumph no chassi da Moto2.

Entrevista: Stuart Wood, engenheiro responsável da Triumph

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O projeto começou há um ano e já estamos testando os motores nas motos há sete meses. Continuamos com o desenvolvimento e testes de durabilidade. O próximo passo será mandar os motores terminados às equipes. Para os ajustes da eletrônica trabalharemos por aproximadamente mais oito semanas com a Magneti Marelli. Estamos testando diferentes soluções para o controle de tração e o sistema de câmbio semiautomático.

A Dorna determina a potência máxima? Qual é o peso e a taxa de compressão do motor?
Trabalhamos junto a eles para definir essa questão. O que temos feito foi realizar uma série de testes junto à Dorna com pilotos da Moto2 a fim de assegurarmos que o desempenho está de acordo com a categoria. Temos condições de oferecer um valor mais alto, mas no momento a potência está situada em 133 cv. Só posso dizer que o motor pesa 4,4 kg a menos que o da Street Triple RS e que, obviamente, terá uma taxa maior.

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Não posso entrar em detalhes, mas não tivemos problemas significativos durante o desenvolvimento. Temos muita experiência com o motor 675 de competição que estamos usando neste processo. Mais do que soluções técnicas, estamos tentando encontrar as especificações adequadas para a categoria Moto2.

Há planos para além do motor construir também um chassi para a Moto2?
Neste momento, nossos planos são de fornecer apenas os motores.

Primeira impressão
por Sérgio Romero
Triumph, Moto2, motos, superesportiva, tricilíndrico, motor, Mundial de Motovelocidade, protótipo, pistas, Espanha, motociclismo, Revista Motociclismo, Motociclismo Online, Daytona 675, 765, Street Triple 765Foi um primeiro contato muito interessante, o qual, apesar do motor estar montado em uma moto diferente da Moto2, permitiu observar onde estarão as grandes diferenças em relação aos motores atuais. Está claro que a maior oferta de torque vai mudar um pouco o estilo de pilotagem e as equipes terão que trabalhar para explorar isso e maximizar a aderência. No travado circuito de Calafat o motor que a Triumph está desenvolvendo mostrou uma entrega muito mais contundente em médias rotações e potência suficiente para fazer corridas muito divertidas, que é o grande objetivo. O som do motor tricilíndrico, que é outra das grandes novidades que o público perceberá, é espetacular. As sensações foram realmente muito boas e, confesso, fiquei imaginando como essa combinação daria uma supersport divertida e válida para todo tipo de piloto… mas isso já é outra história.

Texto: Gabriel Berardi e Sergio Romero
Fotos: Jaime de Diego/Triumph

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