A trail Yamaha Crosser 150 foi lançada em 2014. Logo assumiu o posto de trail de entrada da marca, sucedendo a extinta XTZ 125. Foi apresentada atualizada em novembro de 2017, no Salão Duas Rodas – como modelo 2018 – ganhando a versão “Z”, sanfona nas bengalas, além do para-lama alto e a versão “S”, mantendo o visual original da moto com o para-lama curto.
Tive a oportunidade de estar no lançamento da moto em 2014 e assinar os testes do modelo até esta versão, que ganhou novas cores, um guidão mais alto, que melhora o conforto na pilotagem e o principal: um novo sistema de freios! Em todas as avaliações eu repeti a mesma coisa: faltava disco na traseira. Agora tem! Além disso, tem freio ABS na dianteira.
A adoção do ABS é para atender à legislação de freios, de que falamos muito nos últimos meses, pois as marcas estão se adequando à lei. A adoção do ABS e não do CBS como na rival Honda Bros pode ter duas possibilidades. (1) A Yamaha não conseguiu ou não quis investir em desenvolver um sistema de freio CBS que atendesse uma moto de uso misto, que exige calibragem diferente de Factor e Fazer, por exemplo. (2) Usando o sistema projetado para a Lander, a Yamaha pode oferecer um sistema mais eficiente e reduzir o custo de fabricação com o volume maior de dois produtos usando os mesmos componentes.
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Independentemente do real motivo, instantes após a revelação da nova Crosser, ainda no evento de lançamento da moto, pedimos uma Crosser 150 Z no “azul Yamaha” para uma avaliação completa. A versão Z custa R$ 200 acima do preço da versão S com para-lama curto, vendida por R$ 12.590 (mais frete), com três anos de garantia e revisão com preço fixo.
Como fã de motos trail, a Z me atrai mais pelo para-lama alto, e, durante o teste, ela foi alvo de muitos elogios pelo seu visual. Além disso, na capital paulista tem muita Crosser sendo usado no motofrete, sinal de um projeto robusto, econômico e confiável. O azul do modelo 2019 é mais claro que o do modelo 2018, do que gostei bastante. A outra opção de cor da versão Z é a preta.
NOVOS FREIOS, MAIS SEGURANÇA
Analisando o design, a tampa espartana do tanque continua destoando do visual atual e caprichado da moto. Nos primeiros quilômetros na cidade, tudo igual até a primeira frenagem… Opa! Tem algo novo nessa Crosser… Algo melhor! Como havia testado há pouco tempo a nova Lander 250, notei a semelhança no tato e nas respostas, o que me ajudou a acostumar mais rápido com as respostas da nova Crosser, deletando da mente minha antiga referência do freio sem ABS e com tambor na traseira e proporcionando mais confiança para frear sem medo.
Como em todo teste, realizei algumas frenagens fortes, simulando situação de emergência. O resultado foi satisfatório. A Crosser é exatos 19 quilos mais leve que a Lander, então as frenagens são ainda mais fáceis, controláveis. A moto passa bastante confiança e os impecáveis Metzeler Tourance trabalham com maestria quando a moto está no asfalto, dando confiança para andar rápido e fazer boas inclinações quando encontrar curvas pelo caminho.
Um sorriso no rosto no final do deslocamento com a Crosser é certo. Parece uma bicicleta de tão leve, ágil e fácil de pilotar. Com o novo guidão, que está mais alto, a posição de pilotagem, que já era confortável, melhorou. Andei bastante, incluindo trechos de estrada até o interior de São Paulo, para captar as fotos que ilustram este teste e comparecer em eventos.
A moto enfrentou diversas condições, com chuva forte, terra escorregadia, cidade, estrada. Graças ao seu porte e facilidade de pilotagem, ela se sai muito bem. Na pilotagem noturna, encontrei um detalhe que poderia ser mais eficiente, o farol. Um novo banco óptico? Uma lâmpada mais forte? Algo precisa ser feito para melhorar a iluminação da moto à noite. Isso aumenta a segurança.
Nas suspensões, ela traz garfo telescópico de 33 mm na dianteira e monoamortecedor com link na traseira, sem opção de ajustes, mas muito bem calibrados, garantindo conforto para enfrentar qualquer terreno. Com garupa, o comportamento da ciclística muda minimamente, prova do bom trabalho da engenharia. Tentei atingir o fim de curso na traseira, sem sucesso, o que é um bom sinal da calibragem dela.
O motor não mudou. Projetado para funcionar bem no uso urbano, o monocilíndrico de 149,3 cm³ com injeção eletrônica flex e escalonamento curto do câmbio de cinco velocidades com engates “amanteigados” ajuda a deixar a experiência de pilotagem da Crosser mais satisfatória. Durante o teste, usando somente gasolina, a média de consumo mesclando uso urbano e rodoviário ficou em 39 km/l. Uma boa média, que poder ser ainda melhor, se você for conservador na hora de dosar o acelerador.
A moto é divertida e convida a acelerar mais. O motor responde bem em baixas e médias rotações, mas na estrada demora um pouco para chegar a 120 km/h no painel, com o giro em torno de 8.000 rpm. Isso, porém, é compreensível. Para mais desempenho, a Yamaha tem a Lander 250. Cada moto no seu “quadrado”, para atender diferentes motociclistas.
CONCLUSÃO
A Crosser com ABS é uma das opções para começar no mundo das motos e esquecer a vida sofrida amarrado ao transporte público. Ela é muito fácil de pilotar, é leve, bem confortável, responde bem na cidade, mesmo com passageiro e agora com freio ABS e disco na traseira está completa e mais segura. Além disso, ela oferece uma pilotagem prazerosa, divertida, e nem toda moto consegue isso. Sabemos que para design cada um tem seu gosto, mas o detalhe do paralama alto da versão Z faz a diferença e a deixa mais aventureira, mais trail. A Bros 160 é muito boa, mas agora a Crosser não deve nada e ela.