A nova Royal Enfield Scram 411 foi criada sobre a base do modelo mais vendido da marca, a Himalayan. Porém, está ainda melhor para o uso em estradas e na cidade. Além disso, recebeu uma renovação de design do estilo scrambler.
Texto: Rodolfo Martinez
Edição: Isabel Reis
Fotos: Royal Enfield
A Royal Enfield Himalayan teve uma excelente acolhida desde a sua chegada ao mercado em 2016 na Europa, convertendo-se em um dos ícones da marca graças a sua estética, polivalência e resistência. Estas características a converteram em uma moto excelente para aventuras em lugares todo-terreno. Sua ausência de tecnologia e a mecânica simples tornam a sua manutenção muito fácil. Tudo isso se reúne à sua capacidade de uso, o que a faz encarar e vencer as dificuldades de terrenos mais complicados.
Sobre essa mesma base mecânica, a família Himalayan cresceu com a Scram 411. Ela já nasce com novas características que a tornaram ainda melhor nas estradas, mas perdendo um pouco em capacidades para o todo-terreno. A filosofia é a mesma: simplicidade e eficácia.
Royal Enfield Scram 411: mais urbana e asfáltica
A evolução mecânica mais evidente é a nova roda dianteira de 19’ (21’na Himalayan), com pneus mais largos, o que traz mais agilidade nas rodovias. O garfo convencional de 41 mm de diâmetro teve o curso ligeiramente reduzido para 190 mm, apesar do amortecedor traseiro ter mantido os 180 mm de curso.
O assento é diferente, pois agora é peça única e está ligeiramente mais baixo (795 mm). Há também diferentes para-lamas e alças traseiras. A altura em relação ao solo foi reduzida em 20 mm e a distância entre-eixos foi cortada em mais 10 mm.Todas essas diferenças de geometria baixaram o centro de gravidade, melhorando a estabilidade e a direção.
Na parte frontal também existem diferenças, como uma estética mais “limpa”, excluindo os protetores laterais, a tela e o para-lama alto. Placas laterais e o farol mais próximo do garfo marcam o desenho. A nova instrumentação fica a cargo de um painel redondo que combina informação digital e analógica, junto com outro menor com funções de GPS, mostrando as indicações passo a passo, por direção a seguir.
Toda essa subtração de peças deixou o design com estilo scrambler e diminuiu 14 quilos o peso do conjunto em relação à Himalayan.
O restante dos componentes e da mecânica são exatamente os mesmos, compartilhando o mesmo chassi tubular de aço e o motor monocilíndrico refrigerado a ar. Isso resulta em 411 cm³ e 24 cv a 6.500 rpm, capazes de fazer o motor atingir 3,2 kgf.m a 4.500 rpm. Os freios também são os mesmos, montados com um disco dianteiro de 300 mm com pinça convencional de dois pistões.
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Todas essas mudanças resultaram em uma estética diferente, com melhor uso na cidade e nas estradas pelo menor peso. O que atende os usuários com menos necessidades de aventuras e com foco no uso do dia a dia.
Mais agilidade nas estradas
Ao subir no novo modelo, as sensações do assento e a posição de conduzir são bem cômodas, sentindo o conjunto muito estreito. A “limpeza” da dianteira traz uma sensação de maior agilidade, que também se nota quando começamos a rodar por estradas secundárias, onde podemos mudar de direção com maior facilidade em comparação com a sua irmã, a Himalayan.
A essa redução de peso se une a roda dianteira de 19 polegadas, que traz maior agilidade, mais fácil e rápida de fazer mudanças de direção, melhorando notavelmente o feeling do trem dianteiro.
A estabilidade em velocidades mais altas é boa, até os 110 km/h aproximadamente. A partir daí perde-se as sensações de desenvoltura. Igualmente, a essas velocidades, por ter agora menos proteção aerodinâmica, perde-se um pouco de conforto. Porém ganhamos para o uso na cidade, onde a moto se mostrou mais ágil e manejável, podendo ser utilizada com mais desenvoltura.
O motor é mais suave em baixas rotações e, quando aceleramos mais, encontramos os 24 cv disponíveis: é onde fica mais agradável de se rodar. Se começamos a utilizar um regime de baixa/média rotação, temos mais força e rodaremos normalmente, de forma mais que eficiente. Em alta há pouca potência. Podemos subir o regime de rotação do motor e trabalhar em uma zona alta do conta-giros, porém não teremos mais rendimento e diversão por isso.
O motor foi pensado para durar e ser resistente, devido ao seu regime úti. As melhores sensações foram transmitidas desde os mais baixos giros no começo do conta-giros até o princípio da zona de média rotação. Aí podemos fazer muitos quilômetros em qualquer condição ou situação. Esse uso de regime de motor em estradas também está condicionado por uma caixa de câmbio de cinco velocidades. Se houvesse uma marcha a mais, poderíamos ter escalonado melhor as marchas e ter mais capacidade de aceleração.
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Algo que melhoraríamos para uso nas estradas é o freio dianteiro, pois necessitamos muita força nos dedos para parar o conjunto. O trabalho do ABS é bom e achamos que faz falta também poder desconectar o traseiro, já que o DNA desta moto é para uso no fora de estrada. E é onde também encontramos boas sensações que poderíamos aproveitar melhor.
Royal Enfield Scram 411 também tem aventura em seu DNA
Quando saímos do asfalto, o comportamento da Scram 411 é realmente bom, porque apesar de termos perdido parte da capacidade por sua nova roda dianteira, ela manteve muitas sensações de controle e de diversão, já que as baixas rotações do motor fazem um trabalho muito eficiente, assim como as suspensões.
Nas estradas com irregularidades no asfalto e em vias secundárias, essas características a fazem trabalhar bem em baixa velocidade, sendo muito divertido ir em ritmo de exploração: lentos, porém seguros, que é onde se comporta melhor todo o conjunto de suspensões, freio e motor. O modelo não foi pensado para percorrer muitos quilômetros por uma rodovia ou para uma condução esportiva. É uma moto dura e resistente, cuja simplicidade faz com que possamos estar tranquilos mecanicamente em qualquer situação, abrindo um mundo para ser explorado no todo-terreno. Agora também há mais agilidade urbana e em estrada, que a tornam mais acessível para um maior número de usuários.
Seu preço é de 4.989 euros na Europa. Um valor acessível, pois estar situado abaixo dos 5 mil euros é uma barreira psicológica que fará com que muitos usuários tenham argumentos mais que suficientes para comprar uma Scram 411. Ainda considerando que a moto mantém tudo de bom da Himalayan, combinado agora com um uso mais urbano.