Trail da Royal Enfield, a Himalayan não esconde suas origens e encanta com a proposta polivalente de encarar o asfalto e o off-road com conforto, confiabilidade e preço.
Texto: Alexandre Nogueira
Fotos: Gustavo Epifânio
As máquinas da Royal Enfield são famosas pela simplicidade e confiabilidade da simples e robusta mecânica. As únicas mudanças mais radicais, tecnologicamente falando, foram: a adoção da suspensão dianteira hidráulica, freios a disco, e, mais recentemente chegou à eletrônica, que não poderia ficar de fora, com assistência dos freios por ABS e no sistema de alimentação de combustível com a injeção eletrônica, que, diga-se de passagem, não são muito sofisticados.
A Royal Enfield Himalayan 400 é um marco muito significativo na evolução da empresa indiana, e eu estava bem ansioso para testá-la. Minha primeira experiência com a nova on/off-road indiana foi bastante surpreendente. A Himalayan foi pensada e idealizada com o único propósito de levar o cidadão para qualquer lugar do planeta com confiabilidade mecânica e segurança.
O visual meio grotesco mescla o clássico com uma pitada de modernidade, mas a funcionalidade do conjunto é o que mais chama a atenção. Uma aventureira de estilo clássico que pode entregar muito mais do que você imagina por corretos R$ 18.990. Suas concorrentes diretas na mesma faixa de preço são as consagradas Honda XRE 300 e a Yamaha XTZ 250 Lander. Um pouco mais descoladas no preço aparecem também a BMW G 310 GS e a bicilíndrica Kawasaki Versys 300, que ultrapassam a casa dos R$ 23.000.
Na tocada se diferenciam
O motor da nova Himalayan segue a tradição de arquitetura de outros modelos da marca, com cilindro único, só que de 411 cm³ em posição vertical, com refrigeração mista de ar e óleo, mas a Himalayan traz alguns itens aprimorados, como balanceiros antivibração, comando de válvulas e cabeçote com dutos de admissão e escape eficientes para sua configuração de torque em baixa rotação, além de ignição eletrônica digital e injeção eletrônica de combustível mais refinada para otimizar seu funcionamento. O monocilindro entrega 24,5 cv de potência a 6.500 rpm e 3,2 kgf.m de torque máximo a (boas) 4.250 rpm. As relações do câmbio de cinco marchas são longas e bem escalonadas para as rodovias e para o off-road.
As respostas do motor são suaves, mas vigorosas, e nas trilhas é divertido e diferente tocar quase que durante todo o tempo em uma única marcha. Eu diria que o desempenho dela é bem semelhante ao das trail japonesas com motores quatro tempos de 250 cc dos anos 1980.
Caractarísticas dinâmicas
O chassi é pesado e robusto, com berço duplo, e a parte traseira é reforçada para a instalação de alforjes ou malas rígidas. A suspensão dianteira conta com um garfo hidráulico convencional e sem regulagens, que deu conta do recado nas estradas de terra, mesmo nos pequenos saltos, desníveis, lombadas e buracos maiores.
A suspensão traseira é monoamortecida com regulagem na pré-carga da mola para adequar a motocicleta conforme a carga a ser transportada, principalmente para levar o peso extra de garupa e malas abarrotadas. No sistema de freios, um disco dianteiro de 300 mm e um disco traseiro de 240 mm casados com pinças Bybre, segunda linha da renomada Brembo, equipadas com mangueiras tipo Aeroquip (reforçadas com malha de aço externa). O sistema ABS ajudou bastante no fora de estrada e se mostrou bem acertado, de funcionamento satisfatório, mas com tato um tanto borrachudos.
Galeria: detalhes Royal Enfield Himalayan 400
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A pegada inicial é bem suave, ponto positivo para o off-road. A roda dianteira de 21 polegadas encara bem a buraqueira das estradas de terra e proporciona maior conforto, na traseira o aro é de 17 polegadas, os pneus são Pirelli MT60 de uso misto. O visual, meio retrô, tem soluções modernosas, como a lanterna traseira em LED e o painel de instrumentos com display digital e bússola.
O tanque de quinze litros garante boa autonomia, pode chegar a 450 quilômetros. Assento, guidão e pedaleiras proporcionam boa ergonomia e uma posição bem confortável, inclusive ao pilotar em pé sobre as pedaleiras. A pequena carenagem tem um ajuste de altura e depende de ferramenta para fazê-lo. O kit de ferramentas que acompanha a Himalayan é bem completo e suficiente para a manutenção básica. A proteção metálica do tanque também serve para instalação de acessórios como faróis auxiliares, alforjes ou galão. A Royal Enfield Himalayan é uma moto que entrega o que promete, e os R$ 18.990 são justos.
DADOS DE FÁBRICA
MOTOR
Tipo: Monocilíndrico 4T
Arrefecimento: ar e óleo
Válvulas: 2, SOHC
Alimentação: Injeção eletrônica
Cilindrada: 411 cm³
Diâmetro x curso do pistão: 78 x 86 mm
Taxa de compressão: 9,5:1
Potência máxima: 25 cv a 6.500 rpm
Torque máximo: 3,01 kgf.m a 4.750 rpm
TRANSMISSÃO
Embreagem: Multidisco em óleo
Câmbio: Manual, 5 velocidades
Secundária: Corrente
CHASSI
Tipo: Tubular de aço
Balança: Duplo braço de aço
Cáster / Trail: 26º / 111,4 mm
SUSPENSÃO
Dianteira: Telescópica hidráulica
Barras: 41mm
Curso: 200mm
Regulagens: Não possui
Traseira: Monoamortecedor
Curso: 180mm
Regulagens: Pré-carga da mola
FREIOS
Dianteiro: Disco de 300mm
Pinça: 2 pistões paralelos (ABS)
Traseiro: Disco de 240mm
Pinça: 1 pistão (ABS)
PNEUS
Modelo: Pirelli MT-60
Dianteiro: 90/90 – 21″
Traseiro: 120/90 – 17″
MEDIDAS
Comprimento: 2.190 mm
Largura: 840 mm
Entre-eixos: 1.465 mm
Altura do assento: 800 mm
Distância mínima do solo: n/d
Capacidade do tanque: 15 litros
Peso (em ordem de marcha): 201 kg
Capacidade máxima de carga: n/d
*Publicado originalmente na edição 270 da MOTOCICLISMO.