As motos da italiana Ducati exalam estilo e paixão, e não poderia ser diferente mesmo com os modelos de entrada deste fantástico universo italiano de duas rodas. A Ducati Monster 797 chama a atenção logo de cara, com um visual minimalista, elegante e requintado, principalmente nesta versão branca que testei, a minha favorita, por R$ 42.900.
O conceito de uma motocicleta simples, apenas com chassi, motor e rodas, surgiu em 1993 com o criador da primeira Monster, Miguel Galluzzi. A receita clássica da montadora de Borgo panigale segue a tradição do motor em V a 90º com comando de válvulas desmodrômico preso a um chassis de treliça, ambos marca registrada da engenharia italiana.
A Monster 797 utiliza o motor refrigerado a ar mais básico da marca, que também é compartilhado com a Scrambler 800, equipado com injeção eletrônica sem mapas diferentes de pilotagem, entrega muita força em baixas rotações e trabalha mais atento e sem vibrações entre 4.000 e 8.000 rpm, proporcionando uma tocada excitante e divertida.
A Scrambler 800 é uma outra marca, mas segue o mesmo conceito de motocicleta simples e despojada, com um estilo mais descolado e aventureiro, uma motocicleta extremamente divertida e que permite um passeio por estradas de terra. Ela utiliza a mesma base mecânica, mas o chassi é diferente para acomodar o novo body kit retrô, mais estreito.
Veja também:
Ducati Diavel: Essência mantida
Ducati Multistrada 1260S: conforto com personalidade
Aprilia lança exclusiva RSV4 X para apenas 10 felizardos
Esta versão mais recente está diferente, mais refinada e bem acertada, com o motor funcionando suavemente e com bem menos vibrações do que as versões anteriores, graças aos novos acertos da eletrônica que gerencia a alimentação e a ignição. A motocicleta está tão lisa que nem parece uma Ducati e você só se lembra dela quando acelera até o fim do curso do acelerador e sente aquele empurrão vigoroso nas arrancadas ou retomadas, característica vital do motor de dois cilindros em V dispostos a 90º, ou para alguns, motor em L.
O propulsor entrega 75 cavalos de potência, suficientes para novos motociclistas ou para aqueles que sobem de categoria. O ronco do escape 2X1 é discreto quando se anda na manha, mas urra forte quando sobe de giro. O câmbio de seis marchas tem engates precisos e macios e funciona perfeitamente sem embreagem nas trocas.
O chassis é uma nova treliça de aço e tem agregadas uma suspensão dianteira invertida Kayaba sem regulagens e uma balança de alumínio com um monoamortecedor Sachs montado lateralmente, com regulável na pré carga da mola.
Pude comprovar a eficiência do conjunto e seus discretos dotes de esportividade frente aos concorrentes da mesma categoria participando do DRE Ducati Riding Experience, realizado no Haras Tuiutí, uma pista deliciosa e muito divertida no interior de São Paulo, cheia de curvas dos mais diversos tipos em declives, uma chicane antes de uma descida à esquerda e uma longa reta suficiente para esticar três ou quatro marchas até a faixa de corte para ao final frear bem forte para fazer uma longa e delirante ferradura à esquerda, com entrada em subida e mais da metade em descida. Dependendo da empolgação do piloto, é possível acabar com o taco do joelho esquerdo em poucas voltas.
Esta naked italiana acompanha numa boa muitas esportivas maiores, mas ela não tem ambições exacerbadas quanto a esportividade. A Monster foi concebida para atender ao motociclista que quer uma motocicleta para os deslocamentos diários, com uma performance de forte caráter acompanhada de muita elegância e estilo. Mas ela curte uma pista e simplesmente cumpre seu trabalho. E leva uma garupa com certo conforto em viagens curtas, porque o assento é pequeno e fez arder a bunda da minha piloto pró em testes de garupa após duas horas. Nada que uma pausa não resolva, aliás, uma pausa após duas horas de estrada é recomendável para qualquer motociclista, seja qual for a motocicleta.
A suspensão, os freios e a ergonomia estão à frente da maioria das motocicletas da mesma categoria. Pilotei a Monster 797 nas ruas e estradas até chegar ao Haras Tuiutí como se ela fosse minha velha conhecida, com muita agilidade, e ao entrar na pista, após cinco voltas eu já estava tão familiarizado com ela que ela me transmitia segurança e confiança suficientes para, sem perceber, raspar as pedaleiras sem forçar a tocada.
De repente, resolvi pendular e ela atendeu ao chamado como se tivesse sido adestrada por mim, então contornei a curva raspando o joelho como se estivesse numa super esportiva. Ela já era praticamente minha fiel companheira, disposta a me proporcionar as mais excitantes sensações aos comandos do guidão.
A ergonomia é natural e mantém o piloto pouco inclinado para frente, com amplo espaço no assento em peça única que fica a bons 805 mm do solo e permite apoiar os dois pés no chão com facilidade e ainda pode virar monoposto com um acessório.
As respostas do motor são espertas, mas sem exageros, o comportamento do chassis e das suspensões é impecável, então era apontar a trajetória que a Monster 797 percorria o caminho como um trem no trilho, sem o menor balanço ou vacilo da frente, querendo levantar ou abrir o raio da curva.
O alto desempenho na pista é assegurado pelos ótimos pneus Pirelli Diablo Rosso II, perfeitos para o bom asfalto em um dia ensolarado, permitindo inclinações ousadas com segurança. O guidão largo em conjunto com os ótimos pneus, facilitam o manuseio ao atacar curvas e pendular.
Os serviços de frenagem ficam por conta de um par de discos de 320 mm na dianteira mordidos por poderosas pinças monobloco Brembo M4.32 radiais e na traseira um disco único com uma pinça de pistão simples, ambos assistidos pelo ABS.
O acabamento é primoroso, o painel LCD é bem completo, mas ele não tem marcador de combustível e apenas uma luz de advertência te avisa quando chega a reserva e portanto com uma média de 17 km/l andando numa boa é preciso ficar esperto nas viagens. Se o passeio for repleto de adrenalina e altas rotações até a faixa de corte nas 8.500 rpm a troca de marcha, o consumo cai drasticamente e fica na casa dos 10 km/l.
A Ducati Monster transborda estilo e garante uma enorme satisfação ao felizardo proprietário. Funciona até como uma bela peça de decoração na sala de estar. Problema vai ser convencer seu cônjuge de que alí é o melhor lugar para ela.