Honda Transalp 750 é lançada no Brasil: o retorno da lenda

O nome Transalp evoca uma história de confiabilidade e aventura que perdurou por décadas. Em 2025, a Honda XL750 Transalp ressurge das cinzas, baseada em uma plataforma moderna e partilhada, mas com uma personalidade única. Lançada para preencher o nicho adventure de média cilindrada, a nova Transalp é uma máquina meticulosamente projetada para oferecer a versatilidade exigida pelo turismo e pelo off-road leve.

Especificações técnicas: o motor Unicam de 755 cm³

A nova Transalp é impulsionada pelo mesmo motor que revitalizou a Hornet: um bicilíndrico paralelo de 755 cm³, com virabrequim de 270 graus. Este bloco utiliza a tecnologia Unicam (comando de válvulas único) derivada das máquinas do motocross da Honda, o que ajuda a manter a cabeça do motor compacta e leve.

Em termos de desempenho, a Transalp entrega 72 cavalos de potência máxima a 9.500 rpm e um torque de 7,5 kgf.m a 7.250 rpm. A gestão eletrônica é crucial, oferecendo quatro modos de condução pré-definidos (Sport, Standard, Rain e Gravel), além de um modo User totalmente personalizável, que permite ajustar parâmetros como controle de tração (HSTC) e freio motor (EB).

A ciclística é marcada por um quadro de aço leve, mas robusto, e uma configuração de rodas clássica do segmento: 21 polegadas na dianteira e 18 polegadas na traseira, essenciais para absorver irregularidades e garantir a estabilidade em pisos não pavimentados. O peso em ordem de marcha ronda os 208 kg, um valor competitivo.

Diferenças estratégicas frente os concorrentes

Embora partilhem o mesmo motor base, as irmãs 750 são radicalmente diferentes na filosofia e na execução:

1. Motor e Caixa de Velocidades: O motor da Transalp recebe ajustes específicos na throttle response e no escalonamento do câmbio para priorizar o torque utilizável em baixas e médias rotações, essencial para o off-road e para carregar bagagem em viagem. Na Hornet, a entrega é mais explosiva e focada na alta rotação de uma naked desportiva.
2. Ciclística e Suspensões: A Transalp utiliza suspensões de curso longo da Showa, com um garfo dianteiro de 43 mm SFF-CA (Separated Function Fork – Cartridge) e um monoamortecedor traseiro com link Pro-Link. As suspensões não só elevam a altura ao solo (crucial para o off-road) como confere à Transalp uma pilotagem mais macia e confortável em longas distâncias.
3. Rodas e Pneus: A Transalp adota as rodas de grande diâmetro (21/18 polegadas) para melhor capacidade de transpor obstáculos.

Impressões de pilotagem: versatilidade e conforto

Ao pilotar a Transalp 750, a primeira sensação é de extrema facilidade de manobra, apesar do seu tamanho imponente. O motor é surpreendentemente elástico, com o torque bem distribuído, o que minimiza a necessidade de trocas de marcha constantes, tanto na cidade como no off-road.

No asfalto, a moto é estável e previsível, com uma boa proteção aerodinâmica e nos terrenos não pavimentados a Transalp brilha. O modo Gravel suaviza a entrega de potência e ajusta o HSTC e o ABS, permitindo deslizes controlados e uma tração eficaz. As suspensões de longo curso absorvem impactos com mestria, conferindo conforto mesmo em estradas degradadas. O painel TFT a cores de 5 polegadas é intuitivo e fácil de ler, integrando o sistema de conectividade Honda RoadSync para chamadas e navegação.

A Transalp 750 2025 consegue ser ágil como uma naked de média cilindrada e resistente como uma adventure de entrada, provando ser uma sucessora digna do seu nome lendário e a escolha definitiva para quem busca a versatilidade total. A XL 750 Transalp é oferecida nas cores branca ou preta com preço de R$ 65.545 mais o frete conforme a sua região.

A história da Honda Transalp, de 1987 à 2025

A Honda Transalp (Originalmente XLV) é um dos nomes mais reverenciados na história do motociclismo adventure. Lançada no final dos anos 80, ela se consolidou como a “ponte” entre as motos de uso diário e as grandes aventureiras, sendo aclamada por sua confiabilidade e conforto em longas viagens. Sua trajetória é marcada por três gerações principais antes da sua reintrodução global em 2022/2023 (a XL750).

O Início: XL600V Transalp (1ª Geração)

A história começou em 1987, com o lançamento da XL600V Transalp. Equipada com um motor V-Twin de 583 cm³, a primeira geração foi imediatamente reconhecida por seu design semi-carenado e sua facilidade de pilotagem. Ela combinava a suavidade de um motor V-Twin com a versatilidade de suspensões de curso longo, tornando-a ideal para o asfalto e estradas de terra leves. Este modelo rapidamente se tornou um sucesso de vendas na Europa, estabelecendo o padrão para as motos de turismo de aventura de média cilindrada.

As Evoluções: XL650V e XL700V (2ª e 3ª Gerações)

A Transalp passou por duas evoluções importantes:

1. XL650V (2ª Geração): Lançada em 2000, recebeu um aumento de cilindrada para 647 cm³, entregando um pouco mais de potência e torque. O design também foi levemente modernizado, mas a essência do turismo versátil permaneceu a mesma.

1. XL700V (3ª Geração): Apresentada em 2007/2008, foi a maior evolução estética e técnica. O motor V-Twin foi aumentado para 680 cm³ e, crucialmente, recebeu injeção eletrônica de combustível e a opção de ABS, um grande avanço em segurança. Esta foi a versão que, finalmente, desembarcou no Brasil.

A Chegada ao Brasil e a Produção Nacional

A Honda XL700V Transalp foi lançada no mercado brasileiro em 2011, chegando diretamente como um produto de produção nacional na fábrica de Manaus (AM). Sua chegada foi um marco importante, oferecendo uma alternativa premium e tecnologicamente avançada para a linha trail da Honda, posicionando-se acima de modelos como a Falcon.

A Transalp brasileira era comercializada em duas versões: uma padrão e outra equipada com freios ABS. Ela rapidamente conquistou o público que buscava conforto superior, confiabilidade para longas viagens e o prestígio do motor V-Twin.

O Fim de um ciclo no país

Apesar da sua boa aceitação e da qualidade de construção, a Honda tomou a decisão de descontinuar a XL700V Transalp no Brasil em 2014. O principal fator por trás desta decisão foi a complexidade e o custo de produção do motor V-Twin no contexto do mercado nacional, que exigia um motor mais simples para manter a competitividade de preço frente aos rivais de cilindrada similar. A substituição indireta da Transalp no portfólio adventure acabou sendo preenchida por modelos de motorização monocilíndrica ou bicilíndrica paralela, mais simples e eficientes de produzir.

A Transalp, no entanto, deixou um legado de excelência em conforto e durabilidade, e hoje é um modelo muito procurado no mercado de usados, reforçando sua lenda até o retorno global com a XL750, um novo capítulo para a história da aventura.