O primeiro Honda SH — ainda com um pequeno motor de 50 cm³ — nasceu em 1984 e, desde então, são mais de 30 anos de sucesso. Fiel ao conceito de rodas grandes e assoalho plano desde essa primeira versão da década de 1980, a família SH é popular na Europa, onde a atual versão de 125 cm³ figura há anos como um dos modelos mais vendidos entre todas as categorias de motocicletas.
Agora, depois do SH 300i desembarcar por aqui em março de 2016, é hora de darmos as boas-vindas ao SH 150i, um modelo que resumidamente traz os mesmos conceitos de segurança, dirigibilidade e equipamentos do irmão maior, mas com mais economia: tanto na aquisição (chega com preço sugerido de R$ 12 450, contra R$ 20 990 da versão de 300 cm³) quanto no consumo de combustível e manutenção, já que compartilha o mesmo propulsor de 149,3 cm³ do PCX, ainda que com algumas mudanças técnicas.
Além do motor do SH 150i vir da Indonésia — o do PCX vêm da Tailândia — o sistema de escape e todo o gerenciamento eletrônico do SH são diferentes, o que explica a sua potência de 14,7 cv 7 750 rpm, contra 13,1 cv a 8 500 rpm do PCX. A forma como essa potência é entregue também muda, sendo mais imediata no SH, o que, na prática, nota-se nas arrancadas, sensivelmente mais rápidas.
O moderno motor de 150 cm³ arrefecido a líquido com balancins roletados é definitivamente um propulsor suave, de baixíssima vibração e econômico. Na cidade do Rio de Janeiro, onde foi realizado o lançamento do SH 150i no último dia 18 de abril, a nossa média de consumo (pelo computador de bordo) em uma situação tipicamente urbana foram ótimos 41,2 km/l, o que com um tanque de 7,5 litros nos confere mais de 300 km de autonomia com gasolina. O modelo não é flex.
Com o fim da comercialização do Lead 110, o PCX assume a missão de ser a porta de entrada dos consumidores para a linha scooter da marca, enquanto o novo SH chega para atender outro perfil de consumidor: mais maduro, mais exigente com equipamentos e acabamento e que já tem um automóvel, mas que também está cansado de perder horas e mais horas parado em engarrafamentos. Para conquistar esse público, o lançamento da Honda chega com bons argumentos.
A primeira coisa que chama a atenção no SH são as linhas, o acabamento e a oferta de equipamentos. A forração e costura do assento é muito caprichada, assim como a pintura perolizada. Os faróis e lanterna de LED (que formam uma bela identidade visual quando vemos o scooter de frente), o bem desenhado bagageiro com alças para o garupa embutidas, o compartimento com tomada 12 V, o sistema de partida smart-key , as bonitas rodas de liga leve e outros detalhes ajudam a formar um conjunto de visual muito moderno e que transmite qualidade e até certa sofisticação.
Contudo, apesar de seus atrativos “visuais”, é rodando que o SH mostra o seu grande diferencial, e isso se deve a basicamente três fatores: o conjunto de rodas e pneus, as suspensões e os freios. Com rodas de 16” em ambos os eixos — calçadas em excelentes pneus Pirelli Diablo Scooter de medidas 100/80 na frente e 120/80 na traseira —, ganha-se muito em estabilidade direcional e na capacidade para superar irregularidades no asfalto — o que é o “calcanhar de Aquiles” dos modelos de rodas pequenas.
As suspensões contam com bom curso (para a média dos scooter), e ainda que não possam ser classificadas como macias, há uma diferença considerável no conforto. Mas, como em tudo, para ganhar de um lado perde-se de outro e, com rodas maiores, perdemos um pouco da rapidez das respostas nas mudanças de direção. É mais ou menos como comparar uma crossover de aro 17” com uma maxitrail com roda de 21”. Entretanto, nada desabonador, pelo contrário.
Entre o muito que se ganha e o pouquíssimo que se perde, as rodas 16” são uma opção mais vantajosa. Em matéria de freios o SH 150i é espetacular. Com disco nos dois eixos e ABS de série, tanto a potência de frenagem quanto o tato do sistema percebido pelo piloto são irrepreensíveis — um dos pontos mais fortes deste novo modelo da Honda.
Se a dinâmica e a dirigibilidade são diferentes, a posição de pilotagem também é. No SH adotamos uma posição mais alta, ereta e próxima ao guidão e painel. O assoalho plano, outro grande diferencial, permite levar até uma mochila entre as pernas, mas não conta com muito espaço para os nossos pés. Não dá para alterar a posição, colocando-os mais para a frente ou para trás. Um ponto positivo é que mesmo pilotando sentado mais reto, alto e próximo ao guidão, ele não bate nos nossos joelhos em nenhum momento, mesmo esterçando tudo.
Entramos em contato com algumas concessionárias da marca em São Paulo como um consumidor comum e, em uma rápida pesquisa, a informação foi de que o novo SH 150i vai para a sua garagem por R$ 13 500.
Texto: Gabriel Berardi Fotos: Renato Durães/Honda
*Reportagem publicada originalmente na edição 233 da MOTOCICLISMO.