A Honda NXR 160 Bros e a Yamaha XTZ 150 Crosser são as motocicletas trail de entrada das duas gigantes japonesas e, tal qual suas irmâs urbanas Titan 160 e Fazer 150, carregam como principal virtude a confiabilidade mecânica.
O grande diferencial fica por conta do apelo aventureiro, segmento chamado de trail ou Dual Purpose, literalmente dupla proposta de uso, para as correrias da cidade ou para as incursões por estradas de terra.
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Honda NXR 160 Bros ESDD
A Bros é nossa velha conhecida desde 2003, quando chegou ao mercado na versão de 125 cilindradas, também equipada com o motor da CG da época ainda com acionamento das válvulas por varetas e com comando no bloco, mas é claro, ela passou por diversas evoluções e hoje está na terceira geração, com um projeto já um tanto ultrapassado, apesar de extremamente competente.
A funcionalidade da Honda NXR 160 Bros é indiscutível, então o atrativo da maior cilindrada, quando comparada à concorrência, vai muito além das disputas entre amigos sobre qual é a “melhor moto”, mas a Bros 160 não é tão superior à rival da Yamaha quanto poderia ser. Justificando o que a própria Honda declara, a moto não é uma resposta para a Yamaha, e sim uma evolução natural da sua trail. A Bros 160 encara com valentia o que vier pela frente e entre as motos de baixa cilindrada, é uma das melhores opções pensando racionalmente em mobilidade com economia e desempenho, mas para quem procura uma motocicleta atrevida para diversão falta um pouco de ousadia, no visual e nas reações, para torná-la mais prazerosa de ser pilotada.
É inquestionável sua robustez, mas poderia ser mais cativante. A Honda NXR 160 Bros ESDD custa R$ 13.640 nas cores azul, preta ou vermelha e a NXR 160 Bros ESDD Special Edition na cor vermelha custa R$ 13.960. Os pontos positivos são a garantia de três anos e o baixo custo da manutenção.
A Honda NXR 160 Bros é uma motocicleta prática e funcional para também ser utilizada por profissionais, inclusive a própria Honda a rotula como uma Utility On Off, pois além das suspensões e da posição de pilotagem mais confortáveis, a Bros 160 é um upgrade perfeito para quem quer sair das tradicionais nakeds como CG ou YBR.
Logo nos primeiros quilômetros é possível comprovar as grandes virtudes desta pequena trail: a facilidade de pilotar, a leveza do conjunto, o desempenho do motor e a eficiência do sistema de freios, com disco também na roda traseira. No trânsito da cidade ela flui muito bem e se mostra cheia de fôlego, com um desempenho que reflete em maior confiança do piloto.
A posição de pilotagem é confortável e permite rodar por muitos quilômetros sem cansaço excessivo, um grande diferencial em relação à “irmã” CG. Mesmo com garupa, a pequena trail enfrenta com certa facilidade quaisquer solicitações no trânsito ou nos passeios fora de estrada leve, proporcionando uma pilotagem segura. Notei que a suspensão traseira influencia muito na estabilidade da pequena Bros 160, então endurecer a suspensão ajustando a pré-carga da mola pode melhorar a estabilidade, principalmente com garupa, mas a regulagem fica na parte superior do amortecedor, sendo obrigatório levar a motocicleta a uma concessionária ou mecânico de confiança para realizar tal ajuste.
O desempenho do novo motor de 162,7 cm³ é bastante satisfatório, com potência máxima de 14,5 cv (14,7 com etanol) em 8.500 rpm e torque máximo de 1,46 kgf.m (1,60 com etanol) em 5.500 rpm. No nosso teste, a Bros 160 rodou 35 km/l de gasolina e 28 km/l de etanol, mas além do ganho de desempenho efetivo acima de 7.000 rpm, rodar com etanol pode gerar uma economia no seu orçamento mensal. O tanque de combustível comporta 12 litros e o peso do conjunto com o tanque cheio fica por volta de 135 kg.
A Honda NXR 160 Bros atinge 110 km/h de velocidade máxima real, mas por ser muito leve, fica instável em estradas muito abertas, mas quando saímos do asfalto e encaramos uma estrada de terra, ela mostra que seu estilo inspirado nas motos de off-road da marca faz jus ao legado e está preparada para trabalhar nesta condição de uso. As suspensões com longo curso e os pneus com perfil off-road absorvem bem a buraqueira sem comprometer o conforto do piloto nem a estabilidade da moto.
Yamaha XTZ Crosser 150 Z ABS
A Yamaha Crosser 150 nasceu em 2014 e foi atualizada em 2018, quando surgiram duas versões, a “S” com o mesmo estilo urbano com o para-lama dianteiro baixo e a nova versão “Z”, com para-lama dianteiro alto e sanfona nas bengalas, inspirada nas motos fora de estrada de competição da marca. Esta versão ganhou um guidão mais alto, que melhorou demais a posição de pilotagem e o conforto, e um novo sistema de freios com disco na traseira, além do auxílio ABS na dianteira para atender à nova legislação de freios de motocicletas.
Na cidade a pequena Crosser 150 é leve e ágil e o motor se mostrou esperto o suficiente para andar bem rapidinho pelas ruas e avenidas, com ótimas respostas tanto em arrancadas e retomadas como para encarar ladeiras.
O motor monocilíndrico de 149,3 cm³ com injeção eletrônica flex e escalonamento curto do câmbio de cinco velocidades com engates precisos ajuda a aguçar a experiência de pilotagem da Crosser, proporcionando uma tocada mais satisfatória. O motor rende 12,2 cv de potência máxima em 7.500 rpm quando abastecido com gasolina e apenas 0,2 cv a mais quando abastecido com etanol. O torque de 1,3 kgf.m tanto com gasolina quanto etanol, surge nas 6.000 rpm Durante o teste, usando somente gasolina, a média de consumo na cidade ficou em 39 km/l e na estrada com o acelerador aberto no talo o tempo todo para manter 120 km/h, o consumo ficou em 30 km/l de gasolina.
A moto é divertida e convida a acelerar mais. O motor responde bem em baixas e médias rotações, mas na estrada demora um pouco para chegar a 120 km/h no painel, com o giro em torno de 8.000 rpm. Como minhas correrias diárias tem um bom percurso em rodovias, foi legal reparar que quando abastecido com etanol, o motor parece responder melhor nas acelerações, e na estrada ele mantém velocidades mais altas com maior facilidade. Com gasolina, a Crosser 150 mantinha entre 100 e 110 km/h e com etanol ela já vinha entre 120 e 130 km/h.
Nas suspensões, o garfo telescópico de 33 mm mantém a firmeza adequada no asfalto e tem equilíbrio perfeito para enfrentar um fora de estrada nem tanto radical quanto a buracos profundos ou pedras enormes. Na traseira o sistema monocross tem um monoamortecedor, sem opção de ajustes, mas muito bem calibrado, garantindo conforto para enfrentar qualquer terreno. Com garupa leve, o comportamento da ciclística muda minimamente, prova do bom trabalho da suspensão traseira.
A Crosser é exatos 19 quilos mais leve que a Lander, então as frenagens são ainda mais fáceis, controláveis. A moto passa bastante confiança e os impecáveis Metzeler Tourance trabalham com maestria quando a moto está no asfalto, dando confiança para andar rápido e fazer boas inclinações nas curvas. Nos testes de frenagem a Crosser se saiu muito bem e a grande vantagem sobre a concorrente é que a Crosser vem equipada com freio a disco nas duas rodas, com auxílio ABS no freio dianteiro. O sistema é realmente muito bem acertado e transmite segurança extra nas frenagens em pisos escorregadios, como nos dias de chuva por exemplo.
Reparei a tampa do tanque um tanto simples e sem graça, destoando do visual sofisticado da moto. O painel com um grande conta-giros analógico é muito legal e funcional ao rodar em pé nas pedaleiras no fora de estrada, e o visor LCD mostra a marcha engatada, além de velocímetro, hodômetros, nível de combustível e relógio. A Yamaha Crosser 150 Z ABS custa R$ 14.290 nas cores azul Competition Blue e bege Dakar Areia.
Conclusão
A verdade é que não há uma campeã entre essas duas motos. A grande questão aqui é qual delas te agrada mais, seja pela marca, seja pelo visual, seja pelo preço, ou como no meu caso, foi realmente a performance do conjunto que me agradou mais, me senti mais à vontade e com mais facilidade de dominar a máquina. Eu escolho a Crosser porque além da tocada mais legal que ela me proporciona, me agrada mais o visual esportivo e o DNA da família XTZ, e a Crosser ainda vem equipada com ABS no freio dianteiro e indicador de marchas no painel. Enfrentei uma trilha leve com a pequena trail da Yamaha e me surpreendi com a valentia e bom desempenho do conjunto pelas estradas de terra esburacadas e cheia de pedras. Até riachos de meio metro de profundidade com fundo de pedra atravessei sem problemas.
Tá certo, a Bros anda mais, é nitidamente mais esperta, é extremamente competente e entrega o que promete, mas algo entorta meu olhar para a pequena Yamaha bege. O consumo de ambas é excelente na cidade quando se anda bem na manha, sem ultrapassar os 60 km/h, onde as marcas de consumo podem ultrapassar 50 km/l de gasolina. Na estrada uso etanol porque elas têm um desempenho pouquinho melhor, pois notei que elas aguentam altas velocidades com mais vigor, e como normalmente você pilota com o acelerador aberto no máximo para manter 110 km/h, o consumo pouco maior do etanol acaba compensando. Resumindo, a Bros gosta mais de asfalto, mas a Crosser gosta tanto do asfalto quanto da terra, e vai bem em ambos os ambientes. A Crosser é mais nova e entrou no lugar da extinta XTZ 125, com um projeto renovado, mais sofisticado e moderno, e com um apelo mais esportivo.
Agora é com você, a decisão é unicamente sua, porque quando as diferenças são muito pequenas, não há melhor ou pior. Aconselho que você faça um test drive nas duas motos e avalie os prós e contras, o preço, a rede de assistência, facilidade para peças de reposição, e é claro, o prazer da tocada e a satisfação que a máquina vai te proporcionar ao final do passeio. Deixe seu comentário e me diga porquê você prefere a Bros ou porquê você prefere a Crosser.
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