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Testes

Ducati Diavel: Essência mantida

7 Minutos de leitura

  • Publicado: 13/09/2019
  • Por: Willian Teixeira

A Ducati surpreendeu o mundo em 2011 ao lançar a Diavel, modelo que trouxe importantes inovações ao mundo da moto. Além do estilo impactante e musculoso, a primeira Diavel impressionou pelo desempenho e pela eficácia. Com 162 cv declarados, a sensação de empuxo que transmitia nas acelerações era pouco habitual e seu comportamento não decepcionava apesar dos 28° de cáster, dos 1.580 mm de entre-eixos, dos 240 mm de largura do pneu traseiro ou dos mais de 240 kg de peso em ordem de marcha.

O nome escolhido pelos italianos era como uma advertência e sugeria algo “diabólico”, mas o bom pacote técnico a torna domável e segura.

Totalmente nova

Salvo alguns retoques em 2015, a Diavel 1.198 pouco mudou em seus oito anos de vida. Por isso a Ducati achou que era hora de mudá-la em profundidade e assim foi feito. Depois da X-Diavel e a maior da saga Multistrada, a nova Diavel é o terceiro modelo da Ducati a incorporar a última versão do motor Testastretta de 1.262 cm³ com comando variável, o maior e mais agradável bicilíndrico produzido pela fábrica de Bolonha, que anuncia 159 cv a 9.500 rpm.

A tocada da Diavel surpreende; esqueça o porte intimidador

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Ainda assim a Diavel 1260S é totalmente nova. A parte ciclística foi reformulada, seguindo a tendência dos últimos modelos da marca italiana, com um chassi tubular consideravelmente mais curto e uma balança traseira monobraço mais longa. A suspensão traseira também é nova, o monoamortecedor e os links foram colocados sobre o monobraço, além do motor ter papel estrutural importante, pois liga chassi, balança e subchassi.

Monoamortecedor deslocado: totalmente regulável, o amortecedor está do lado esquerdo sobre o belo monobraço

Na dianteira, as principais características se mantiveram, mas o ângulo de cáster passou de 28° para 27° e a distância entre-eixos aumentou 40 mm, para 1.600 mm. Graças à nova geometria e à melhor centralização de massa, a Ducati diz ter criado um conjunto mais ágil e rápido. Os suportes das pedaleiras do garupa já não se ocultam e estão acopladas às placas laterais do chassi, onde a balança também está ancorada.

Assim, a parte traseira da moto é estilizada com o banco em dois níveis, como elemento único, já que o suporte de placa está acoplado à balança traseira e a lanterna está sob ele. A Diavel 1260S também se destaca pelas duas grandes entradas de ar na dianteira, pelo spoiler sob o motor e pelo novo escape, mais curto, deixando a roda totalmente à mostra. Na eletrônica a nova Diavel também avançou. Além dos três modos de pilotagem (Sport, Touring e Urban), o novo sistema Bosch IMU 6D permitiu introduzir controle de tração mais avançado e ABS com assistência em curva. Controle de largada, anti-wheeling e piloto automático também entram no pacote.

Na Europa há a possibilidade de comprar um pacote chamado touring, composto de sissybar e alforjes laterais. É bem provável que os acessórios também estejam disponíveis no Brasil

Mesmo cenário

A Ducati escolheu o mesmo cenário de 2011 para o lançamento da Diavel 1260 S, Marbella, na Espanha, local famoso pelas estradas e serras cheias de curvas. O lançamento mundial foi só com a versão S, que se distingue por ter suspensões Öhlins, pinças radiais Brembo M50, rodas de alumínio fundido e mecanizado, quick-shift up&down, DRL (luz de visão diurna), sistema multimídia e estofamento exclusivo no banco, diferenças que aumentaram o preço por lá em 2.300 euros, ou seja, 23.590 euros (cerca de 106.000 reais). À primeira vista o sentimento foi conhecido, e no primeiro contato pudemos confirmar que a Diavel é mais naked que custom, como os homens da Ducati haviam nos adiantado na coletiva de lançamento, mesmo mantendo o pneuzão de 240 mm e a posição de pilotagem mais para trás.

Tocada privilegia o conforto, e as pedaleiras recuadas são uma grande diferença para a Ducati Diavel 1260S

Assumindo o comando da Diavel 1260S, o que primeiro se percebe é o grande espaço, independente da altura do condutor, pois o banco baixo permite chegar facilmente com os dois pés no chão e as pedaleiras centralizadas permitem pouco flexionar as pernas, ponto – para a ergonomia. Os punhos do largo guidão estão mais próximos do piloto e deixam os braços semiflexionados, dando a impressão de abraçar o tanque da moto. Por outro lado, graças ao bom formato do banco de dois níveis, nos sentimos inteiramente integrados à corpulenta Diavel. Ao dar a partida, percebemos tratar-se de uma Ducati contundente desde as 2.500 rpm, mas por outro lado o baixo nível de ruído e vibração do motor são menores que outros da marca italiana.

As bengalas de 48 mm de diâmetro e as pinças radiais M50 da Brembo fazem o conjunto dar inveja a mutias motos esportivas

O câmbio funciona muito bem e é rápido, o curso do pedal é curto, sem necessidade de força, apenas o engate da primeira marcha é meio escandaloso, mas a partir daí o acionamento é muito bom e o quick-shift facilita a operação nos dois sentidos. Com este sistema, é melhor subir marchas com giro mais alto. O motor, chamado de Testastretta DVT, não é melhor em números absolutos de potência e torque, mas está mais “cheio” em baixa e média rotações, com curva de torque mais plana, sem altos e baixos entre 3.500 e 6.500 rpm. Por isso funciona de forma regular e suave e vibra pouco nas retomadas em marchas altas com giro baixo. Dessa maneira a tocada é mais suave e relaxada em ritmo “tranquilo” e muito excitante ao girar o punho, inclusive acima de 10.000 rpm. É um motor muito completo e generoso em torque, potência e resposta.

Redesenhado, o painel continua dividido, mas o módulo em TFT agora está preso ao conjunto do guidão e não sobre o tanque

Particular e eficaz

Devido aos 244 kg em ordem de marcha, aos 1.600 mm de entre-eixos e ao seu aspecto, ela impõe respeito. Mas a forma de “vivê-la” muda com pequeno período de adaptação. No começo parece que não é fácil colocá-la nas curvas, pois, teimosamente, mostra vontade de levantar, mas, uma vez acostumados, utilizando mais o peso do corpo e antecipando os movimentos, ela surpreende com o ritmo alegre que é capaz de manter.

A Diavel manteve a excelente dinâmica, seus componentes evoluiram, mas ela também ficou mais cara

A longa balança monobraço, o largo pneu traseiro e o bom funcionamento do DTC Evo (controle de tração) conseguem fazer que a tração nas saídas de curva seja um dos aspectos que mais se sobressaem nesta Ducati. Além do mais, com a longitude do conjunto, é muito difícil que a roda dianteira perca aderência, a não ser que algumas ajudas eletrônicas sejam desligadas e que você force a manobra. É um enorme prazer acelerá-la com vontade e segurança. Talvez seja preciso cautela em curvas de alta, por ser muito rápida e pesada, o que pode causar reações indesejadas em imprevistos no asfalto, como desníveis. Mesmo assim, tem-se que destacar a boa capacidade de absorção das suspensões e potência dos freios. Mantendo uma pilotagem fluida e suave não haverá sustos.

Primeira impressão

A Ducati Diavel 1260S é uma moto impactante como poucas. Tem muitos detalhes exclusivos que se destacam ao apreciá-la e a estética musculosa não passa despercebida. Por outro lado, surpreende a facilidade de condução, sempre que temos em conta que o peso em ordem de marcha passa dos 240 kg e que sua capacidade de aceleração impressiona. A qualidade de seus componentes e a eletrônica embarcada de última geração são garantia a todo momento de alta sensação de controle. Além do desempenho, esta Ducati surpreende pela eficácia em trajetos com muitas curvas, levando em consideração a longa distância entre-eixos e as generosas medidas do pneu traseiro, 240/45-17, que poderiam indicar maior dificuldade para direcionar a motocicleta e mantê-la na direção desejada. Ela mantém as virtudes do projeto original, com melhoras significativas, e isso é ótimo.

POSITIVO
• Design
• Funcionamento
• Aceleração
• Equipamentos
PODERIA SER MELHOR
• Espaço livre do solo

Dados de fábrica

MotorBicilíndrico em V a 90°, arrefecido a líquido
Desmodrômico | 8 válvulas | câmbio de 6 velocidades
Cilindrada 1.262 cm³
Potência
máxima
159 cv a 9.500 rpm
Torque
máximo
13,1 kgf.m a 7.500 rpm
Diâmetro x
curso do
pistão
106 mm x 71,5 mm
Taxa de
compressão
13:1
QuadroTreliça em aço
Cáster27º
Trail120 mm
Suspensão
dianteira
Garfo telescópico invertido com 120 mm de curso,
totalmente ajustável
Suspensão
traseira
Monoamortecedor com 130 mm de curso,
totalmente ajustável
Freio
dianteiro
Disco duplo de 320 mm, pinça radial de 4 pistões (ABS)
Freio
traseiro
Disco de 265 mm, pinça de 2 pistões
Modelo do
pneu
Pirelli Diablo Rosso III
Roda
dianteira
120/70 – 17″
Roda
traseira
240/45 – 17″

Medidas

Comprimenton.d.
Larguran.d.
Altura do assento780 mm
Entre-eixos1.600 mm
Tanque17 litros
Peso cheio244 kg
Preço23.590 euros

Texto: Pepe Burgaleta
Edição: Ismael Baubeta
Fotos: Milagro

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