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O clássico e o moderno se fundem: a Royal Enfield apresenta dois novos modelos com motores de 650 cm³, de dois cilindros paralelos, os famosos twin, que remetem aos anos dourados do motociclismo, com design sensualmente clássico e desempenho moderno.
Texto: Alexandre Nogueira
Revisão: Willian Teixeira
Fotos: Royal Enfield
Um fabricante britânico de munições tomou o nome Royal Enfield em 1890 e diversificou suas operações construindo bicicletas, cortadores de grama, motores estacionários e eventualmente motocicletas. Em 1949 a Royal Enfield começou a vender bicicletas na Índia e o sucesso foi tão grande que em 1957 montaram uma fábrica para produzir motocicletas. Na Inglaterra a produção das motocicletas foi interrompida e os ingleses saíram do negócio em 1971. De vento em popa, a Royal Enfield continuou com suas operações na Índia e em 1994 se fundiu ao grande grupo indiano do setor automotivo Eicher, e esse casamento dura até hoje.
![Apresentação: Royal Enfield Continental GT e Interceptor](https://motociclismoonline.com.br/wp-content/uploads/2020/06/EL3_3795-1024x620.jpg)
No Brasil, a Royal Enfield chegou em 2017 trazendo os modelos Bullet 500, Classic 500 e Continental GT 535, todas com o motor monocilíndrico refrigerado a ar com fama de indestrutível. Em 2019 chegou a primeira moto aventureira da marca, a Himalayan 400, também equipada com motor monocilíndrico.
Talvez você não saiba, mas a Royal Enfield já produziu motos com motores de dois cilindros desde seus primórdios. Em 1912 já era fabricado o modelo 180, equipado com motor Jap V-Twin. Depois da Segunda Guerra, foram lançados nos anos 1950 os modelos de cilindros paralelos de 500 cm³ e depois de 700 cm³ da Super Meteor e da Constellation. Depois de muitos anos produzindo somente motos monocilíndricas, a Royal Enfield revê suas estratégias e aposta mais uma vez no segmento de motos de maior capacidade, entrando em nova era. Não por acaso o lançamento leva o nome da última dois cilindros produzida ainda na Inglaterra, a Interceptor.
![Apresentação: Royal Enfield Continental GT e Interceptor](https://motociclismoonline.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Interceptor-115-1024x682.jpg)
A Interceptor é um dos dois novos modelos bicilíndricos apresentados pela Royal Enfield -, o outro é a Continental GT (também como referência ao passado). Voltar a oferecer essa motorização com dois cilindros paralelos é uma jogada bastante inteligente da Royal Enfield, porque o intuito é atrair diversos novos compradores que buscam uma motocicleta com estilo clássico por um preço razoável.
![Apresentação: Royal Enfield Continental GT e Interceptor](https://motociclismoonline.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Interceptor-GT-149-1024x570.jpg)
Os dois modelos são cheios de harmonia no design, a qualidade de construção de ambos é bem evidente, pois nenhum elemento parece fora do lugar ou de baixa qualidade aparente. É o estilo que separa os dois modelos, que compartilham muitos componentes além do motor de dois cilindros paralelos de 648cm³ (que inclusive pode equipar novos modelos que serão lançados pela marca indiana), oito válvulas e de refrigeração mista (ar e óleo). Chassi, rodas, freios, painel de instrumentos e luzes também são comuns nas duas. Os componentes que mudam são apenas o assento, o guidão e o tanque de combustível, além das opções de cores.
![Apresentação: Royal Enfield Continental GT e Interceptor](https://motociclismoonline.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Interceptor-143-1024x611.jpg)
Para o lançamento no Brasil, a Royal Enfield escolheu a famosa estrada real no trecho Cunha–Paraty e isso foi ótimo, porque é uma área que eu conheço bem e por isso achei bastante apropriado para essas motos de estilo clássico que proporcionam uma pilotagem simples, divertida e agradável, como costumavam ser os rolés de moto antigamente.
![Apresentação: Royal Enfield Continental GT e Interceptor](https://motociclismoonline.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Interceptor-137-1024x682.jpg)
A simplicidade na abordagem da Royal Enfield Interceptor é aparente na instrumentação mínima, composta por velocímetro e conta-giros analógicos, com uma tela LCD no velocímetro com informações como nível de combustível, hodômetro total e parcial e luzes de aviso. A única tecnologia de assistência ao piloto oferecida é o ABS, que não é comutável (não pode ser desativado).
A iluminação ainda é com lâmpada halógena convencional. A posição de pilotagem da Interceptor é muito confortável, relaxada e com ergonomia perfeita entre guidão e pedaleiras para rodar com bom nível de conforto.
![Apresentação: Royal Enfield Continental GT e Interceptor](https://motociclismoonline.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Interceptor-122-1024x682.jpg)
Café racer dos anos 1950
Ao mudar para o Continental GT você percebe o assento mais plano, pouco menos confortável, o tanque mais longo e os semiguidões alteram a ergonomia, proporcionando uma posição mais esportiva e radical, pouco inclinada para frente, mas que não chega a cansar e se mostrou bem apropriada para o dia a dia ou viagens também.
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![Apresentação: Royal Enfield Continental GT e Interceptor](https://motociclismoonline.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Continental-GT-650cc-7-1024x682.jpg)
O motor é excepcionalmente suave, tem baixo nível de vibração, devido ao eixo balanceiro acionado por engrenagem. Eu estava esperando vibrações excessivas no guidão, especialmente em rotações mais altas, mas o propulsor de dois cilindros paralelos tem um funcionamento liso e competente.
O motor de dois cilindros gera 47 cv a 7.100 rpm e 5,3 kgf.m a 4.000 rpm de potência e torque, respectivamente. O empuxo do torque é abundante e a 2.500 rpm 80% dele já é despejado na roda. O câmbio de seis marchas é macio e tem engates precisos, tanto para cima quanto nas reduções, graças, em parte, à boa embreagem deslizante.
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![Apresentação: Royal Enfield Continental GT e Interceptor](https://motociclismoonline.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Continental-GT-650cc-3-1024x682.jpg)
Como os dois modelos compartilham o mesmo motor e caixa de câmbio, não há diferença no desempenho, nem nas engrenagens, mas a natureza “esportiva” da Continental GT incentiva você a esticar um pouco mais as marchas e faz com que ela pareça mais rápida. A relação final também é a mesma.
![Apresentação: Royal Enfield Continental GT e Interceptor](https://motociclismoonline.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Interceptor-138-1024x682.jpg)
Além dos motores, as duas também compartilham o mesmo chassi, o que torna a pilotagem muito próxima entre as duas motos. A ergonomia mais esportiva da Continental GT faz com que os movimentos de entrada e contorno de curvas pareçam mais naturais. Em contrapartida a vibração sentida nela é maior, já que seus semiguidões estão fixados diretamente nas bengalas, enquanto o guidão da Interceptor é o tradicional que vai sobre a mesa.
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Quando “menos é mais”
Ambas pareceram muito equilibradas e estáveis ao contornar curvas independentemente de serem de alta ou baixa velocidade, graças às boas respostas da direção.
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Já no tráfego urbano o guidão mais largo e de maior alavanca da Interceptor torna a condução diária pelo trânsito mais confortável. Nos dois modelos a suspensão dianteira é convencional e sem regulagens. Na traseira, a balança recebe dois amortecedores com compartimento de gás separado e apenas ajustes de pré-carga da mola. Em geral, achei a suspensão bem suave e acertada para o meu gosto e bem adequada para a maioria dos pilotos e diferentes pavimentos de ruas ou estradas.
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Da mesma forma, a frenagem é um pouco “esponjosa” ou borrachuda, sem aquela mordida inicial forte, mas é satisfatória para a proposta das motocicletas. Ambos modelos contam com sistema de freios ByBre (marca da italiana Brembo) com disco único na dianteira e traseira, proporcionando frenagens robustas para uma motocicleta dessa capacidade – o ABS da Bosch garante mais segurança.
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São duas motos de personalidade que carregam muita história em seu DNA, mas que também oferecem uma boa experiência de pilotagem por preço muito atrativo, tendo tudo para seguir o sucesso que os outros modelos da marca têm alcançado. A Interceptor 650 parte de R$ 24.990 e a Continental GT 650 de R$ 25.990 e podem chegar a R$ 26.990 e R$ 27.990, respectivamente com as cores especiais Custom e Chrome.
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Simples, simpáticas, confiáveis e classudas. As novas twin 650 da Royal Enfield são o clássico moderno perfeito. Ambas têm pintura e acabamentos excelentes. Neste primeiro contato não houve nada que me desagradasse ou que pudesse criticar, garanto que são muito prazerosas de pilotar.
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FICHA TÉCNICA | (DADOS DE FÁBRICA) | |
Biclíndrico | arrefecido a ar e óleo | SOHC |
8 válvulas | câmbio de 6 velocidades | |
INTERCEPTOR 650 | CONTINENTAL GT 650 | |
Cilindrada | 648 cm³ | 648 cm³ |
Potência máxima | 47 cv a 7.100 rpm | 47 cv a 7.100 rpm |
Torque máximo | 5,3 kgf.m a 4.000 rpm | 5,3 kgf.m a 4.000 rpm |
Diâmetro x curso do pistão | 78 mm x 67,8 mm | 78 mm x 67,8 mm |
Taxa de compressão | 9,5:1 | 9,5:1 |
Quadro | Berço semiduplo em aço | Berço semiduplo em aço |
Cáster | 24º | 24º |
Trail | 106 mm | 106 mm |
Suspensão dianteira | Garfo telescópico com 110 mm de curso | Garfo telescópico com 110 mm de curso |
Suspensão traseira | Duplo amortecedor a gás com 88 mm de curso, ajuste pré-carga | Duplo amortecedor a gás com 88 mm de curso, ajuste pré-carga |
Freio dianteiro | Disco de 320 mm, pinça de 2 pistões (ABS) | Disco de 320 mm, pinça de 2 pistões (ABS) |
Freio traseiro | Disco de 240 mm, pinça de 1 pistão (ABS) | Disco de 240 mm, pinça de 1 pistão (ABS) |
Modelo do pneu | Pirelli Phanton | Pirelli Phanton |
Roda dianteira | 100/90 – 18” | 100/90 – 18” |
Roda traseira | 130/70 – 18” | 130/70 – 18″ |
MEDIDAS | ||
Comprimento | 2.122 mm | 2.122 mm |
Largura | 789 mm | 789 mm |
Altura do assento | 804 mm | 804 mm |
Entre-eixos | 1.400 mm | 1.400 mm |
Tanque | 13,7 litros | 13,7 litros |
Peso seco | 202 kg | 198 kg |
Preço | R$ 24.990 a R$ 26.990 | R$ 25.990 a R$ 27.990 |
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