Definitivamente, aquela velho ditado popular "diga-me <span style="font-weight: bold;">com quem</span> andas e eu te direi quem és" mudou. Por aqui, agora vale o "diga-me <span style="font-weight: bold;">em que</span> andas e eu tirei quem és". E nesse caso, meu amigo, se você andar de moto, será sumariamente rotulado como bandido. Bem, pelo menos é assim que pensa a Assembleia Legislativa de São Paulo e o governador do Estado, Geraldo Alckmin, que sancionou, no último dia 12 de março, a Lei 14.955. Se você não é de São Paulo, vou explicar. A partir de agora, se por acaso você estiver viajando com a sua motocicleta e, de passagem pelo Estado, resolver parar em algum estabelecimento comercial para tomar um refrigerante, não se esqueça de tirar o capacete para deixar claro que você não vai assaltar o local, ok? Ah, se precisar parar para abastecer, lembre-se de que nos postos de combustíveis os motociclistas deverão retirar o capacete antes da faixa de segurança para abastecimento. Como o fato de você não ser um assaltante não basta e todo castigo para motociclista é pouco, se você for flagrado desrespeitando essa lei poderá ser multado em R$ 500, aplicada em dobro em caso de reincidência. Sinceramente, não sei se esse disparate é preconceito, simples e puramente burrice… ou os dois.<br /><br />Nesta edição foi difícil escolher o que entraria na capa, porque há muita coisa interessante. Entretanto, confesso que entre tantas avaliações, lançamentos, viagens e afins, sinto um orgulho especial por poder levar a nossos leitores a matéria de nosso colunista e colaborador Roberto Severo sobre a brasileiríssima Amazonas. Poder conhecer um pouco dessa verdadeira história de amor pelo motociclismo nacional e de comprometimento com o que é benfeito me dá até certa nostalgia. O mais curioso é que, salvo poucas exceções, apesar de terem se passado três décadas desde o começo dessa história, o amadorismo hoje ainda persiste. Infelizmente não me refiro àquele amadorismo positivo, contagiante, e que levou um grupo de conhecidos com um sonho em comum e sem grandes recursos ou ambições a criar um ícone como a Amazonas. Hoje, no que se refere a motocicletas e quase tudo o que as envolve, o amadorismo vem de gigantes da indústria que ainda tratam o consumidor como um tolo, que não valorizam seus concessionários, que não sabem o que é um pós-venda de qualidade e que acham que nós da imprensa vamos esquecer de desempenhar nosso papel de informar e questionar o que é de interesse de nossos leitores só porque estamos diante de uma celebridade. Conseguir uma motocicleta de testes, muitas vezes, é considerado um favor e não como uma oportunidade de expor o seu produto a uma análise crítica para dezenas de milhares de consumidores. Curiosamente, quem trata o seu negócio (e tudo o que o envolve) com profissionalismo está enxergando a concorrência de telescópio. Será coincidência? As entidades que nos representam também deveriam ser mais atuantes, colocar a cara a tapa. Nesse sentido, a Abraciclo vem demonstrando interesse em assumir esse papel. Francamente, acredito que eles são os únicos que podem, ao mesmo tempo, transitar tanto por questões ligadas à indústria quanto ao nosso cotidiano de motociclista. Que tal começar discutindo na justiça a Lei 14.955? Um abraço!
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