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Salão termina com muitas atrações e poucos lançamentos

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  • Publicado: 22/11/2017
  • Por: Redação

A última edição do Salão Duas Rodas, que terminou neste domingo, dia 19, foi um marco em termos de exposição. Depois de 10 anos, o evento retornou a um reformado São Paulo Expo – antes apenas Pavilhão Imigrantes – e ofereceu diversas atrações na área externa do evento e outras, muitas vezes inusitadas, na área interna, como estúdio de tatuagem e barbearia.

O pavilhão também era bem espaçoso. Por mais que os estandes fossem grandes e estivessem cheios, era possível circular sem problemas pelos corredores dos 90 mil metros quadrados de área de exposição e ver tudo que era mostrado pelas fabricantes. Isso, claro, com certa dose de paciência, como um evento desse porte exige.

Entretanto, ao cobrir esta edição do evento, nós aqui da MOTOCICLISMO percebemos que os números do mercado, que vêm baixando ano a ano, também diminuíram a quantidade de lançamentos por parte das montadoras. Claro, o evento foi marcado pelo debute de modelos importantes no País, como a nova geração da Yamaha Fazer 250 e a Honda, com os importados X-ADV e CBR 1000RR Fireblade, mas a presença de diversas outras motos que não tinham preço ou mesmo data de início das vendas anunciados mostraram toda a incerteza que ainda existe no segmento de duas rodas.

Homologação e Promot 4

Outros fatores também trabalham contra, como o longo prazo de homologação de novos modelos, que segundo as montadoras varia em torno de um ano. Esse é o caso de dois modelos da Kawasaki: a naked clássica Z900RS e a esportiva Ninja 400, cujas vendas sequer começaram na Europa, seu principal mercado, o que justifica sua previsão de vendas para o segundo semestre do ano que vem. Mas intriga quando falamos da KTM 390 Duke e mesmo da Yamaha MT-09, já vendidas lá fora em suas versões reformuladas há certo tempo.

A situação se repete com modelos como a BMW G 310 GS, presente no estande, cujas vendas devem demorar ainda mais do que prevíamos para começar, uma vez que a produção na planta de Manaus (AM) ainda vai ser iniciada. O mesmo com as luxuosas K 1600 GTL e K 1600B, que mesmo sendo modelos importados de pouca capilaridade, não tiveram os valores de revenda revelados.

Há também a questão dos novos parâmetros da fase 2 do Promot 4. Segundo apurado pela MOTOCICLISMO, nossas novas normas ambientais excedem as exigências do Euro 4 do Velho Mundo, o que aumenta ainda mais o intervalo de tempo entre o lançamento dos modelos lá e aqui. Ou seja, uma moto precisa cumprir padrões mais severos do que os europeus, para onde elas são desenvolvidas originalmente, para então ser vendida aqui em grande quantidade ou mesmo nacionalizada.

Outra falta sentida neste Salão Duas Rodas foi investimento no segmento de scooters. Apenas a Kymco se mostrou realmente interessada em trazer modelos para o segmento que mais cresce entre os veículos de duas rodas – mais de 60% do ano passado para cá segundo a Abraciclo. Embora a Piaggio estivesse presente com seus scooters e a marca Vespa, o alto preço dos produtos a deixa fora da realidade de muitos, como acontece com o X-ADV da Honda, vendido a R$ 52 mil. E é justamente nesse panorama, que sentimos falta do preço do Agility 16+200i e do AK 550 da Kymco, por exemplo, e de um movimento mais ousado da Yamaha, como trazer o XMAX 300.

A crise é inegável e as projeções para o fim deste ano – menos de 900 mil motos vendidas – são extremamente distantes do que víamos há cinco anos, com o mercado batendo 2 milhões de unidades comercializadas. Mas, exibir tantos modelos sem confirmar preço e data de chegada só aumenta a incerteza do consumidor com atual momento econômico do País e cria a cultura de que as marcas não dão a devida atenção ao mercado brasileiro, deixando o motociclista daqui com a certeza de que o Salão é a única forma de ver motos que nunca estarão nas nossas ruas. Um sentimento que já parecia superado por conta da grande incidência de marcas que aportaram aqui nos últimos anos.

Fotos: Renato Durães

Veja nossa cobertura completa do Salão Duas Rodas 2017 aqui

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