Por favor, não confunda o título deste editorial com um arroubo de egoísmo de minha parte. Não estou usando este espaço para defender um direito individual ou reclamando algum privilégio. Claro, a não ser que você pense que pegar uma motocicleta e sair para passear no fim de semana sem correr o risco de tomar um tiro seja pedir demais. Ultimamente, pelo menos nas grandes cidades, ouvir que um motociclista foi assassinado durante uma tentativa de roubo já não causa mais revolta e indignação. De tão frequente, hoje esse fato caiu no lugar comum. Contudo, pensar assim não pode ser, nunca. <br /><br />Pouco tempo atrás, a grande preocupação do motociclista quando ligava a moto e colocava o capacete era chegar ao destino sem sofrer um acidente, entretanto, de alguns anos para cá, isso mudou. Já não basta pilotar bem equipado e com responsabilidade para corrermos menos riscos, agora temos que também torcer para não tomarmos um tiro no caminho… e isso é broxante. Confesso que, ultimamente, se não for estritamente necessário, penso duas vezes antes de sair com alguns modelos que chegam aqui na revista para avaliação. Puro e simples medo! Sim, sei que se trata de uma questão complexa, que envolve segurança pública, fiscalização e até a maldita cultura do malandro que se vangloria o "esperto" que paga barato em uma "peça usada" em um desmanche qualquer e rotula de otário quem paga caro por uma peça de procedência. Segurança é dever do Estado, mas a responsabilidade é de todos. Além dos motociclistas que perdem suas motos e algumas vezes a própria vida, o maior prejudicado com essa violência são os fabricantes e a indústria. Quantas pessoas você não conhece que podem comprar um determinado modelo, mas não o fazem por medo de assaltos e/ou porque o seguro é um absurdo?<br /><br />Na minha opinião, o valor das peças de reposição contribuem muito para o comércio que alimenta o roubo de motos. Faça um teste: pegue a sua moto (não importa o modelo) e faça uma cotação de peças maiores como escape, tanque e painel. Prepare-se para chorar. Carga tributária, "custo Brasil", margem de lucro, não sei, o fato é que enquanto um sensor de escapamento custar R$ 600, um painel R$ 1 600 e um farol R$ 2 500, o comércio de peças roubadas vai continuar existindo, as seguradoras pedirão um absurdo por uma apólice, haverá um leilão pirata "esquentando" motos roubadas (óbvio, a maioria faz um trabalho sério) e você terá a sua motocicleta tomada à bala no cebolão da Marginal Pinheiros, na Rodovia dos Bandeirantes e na Castello Branco, só para citar os "points" preferidos pelos ladrões na cidade de São Paulo.<br /><br />Mudando de assunto. Esta edição de setembro foi a primeira do Marcelo de Barros, o mais novo membro da equipe MOTOCICLISMO. Com profundo conhecimento técnico em motocicletas e sensibilidade para transmitir impressões em palavras, o Marcelo trocou uma promissora carreira na indústria para dedicar-se à sua grande paixão: as motocicletas. Sorte nossa e sua leitor, você vai ver.
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