A temporada de 2026 marca um período de transição e introduz novidades no Mundial de Motovelocidade. No entanto, é crucial fazer uma distinção: enquanto a principal categoria, MotoGP, se prepara para grandes mudanças estruturais que entrarão em vigor apenas em 2027 (como a redução da cilindrada de 1000 cm³ para 850 cm³), o ano de 2026 será focado na introdução de uma nova categoria de apoio e na reestruturação da base.

O ano de 2026 no Mundial de Motovelocidade será um misto de transição e renovação. Enquanto a classe rainha, MotoGP, congela o desenvolvimento dos seus motores de 1000 cm³ para se concentrar na grande mudança regulamentar de 2027, o paddock ganhará uma diversidade inédita com a introdução de novas classes de apoio. Outra grande novidade é o retorno histórico ao Brasil, no Autódromo de Goiânia, na segunda etapa da temporada 2026.

O fim da era 1.000: a redução para 850
A mudança fundamental é a redução da cilindrada dos motores dos atuais 1.000 cm³ para 850 cm³. Esta decisão é guiada primariamente pela segurança. A redução visa diminuir as velocidades de pico nas retas e, crucialmente, reduzir a energia cinética nas curvas, tornando as quedas menos violentas para os pilotos.
Embora haja uma redução na cilindrada, a expectativa é que a perda de potência máxima seja minimizada, mantendo os motores V4 próximos dos 270 cv de potência, mas com uma entrega de torque mais controlável e um limite de rotações ligeiramente menor. Esta calibração busca manter a velocidade impressionante, enquanto aumenta a segurança.
A chegada da Harley-Davidson ao MotoGP
A principal novidade para a programação de 2026 é a estreia de uma nova categoria exclusiva da Harley-Davidson. Em parceria com a Dorna Sports, a icônica fabricante americana lançará uma classe dedicada às suas motocicletas Bagger modificadas para competição, com destaque para o modelo Road Glide.
Esta nova classe, que será disputada em eventos selecionados na Europa e na América do Norte, segue o sucesso das corridas King of the Baggers nos Estados Unidos. O objetivo é ampliar o interesse do público e mostrar a capacidade competitiva da marca em um palco global.
Reestruturação da base: o nascimento da Moto4
Além da novidade no paddock principal, a FIM e a Dorna anunciaram uma significativa reforma na base do motociclismo mundial com a criação da categoria Moto4 a partir de 2026.
A Moto4 substituirá as atuais Talent Cups regionais, como a European Talent Cup, criando uma estrutura unificada e global. O novo campeonato será dividido em copas regionais (Moto4 European Cup, Moto4 Asia Cup, etc.), com o objetivo de desenvolver talentos desde a juventude e padronizar a progressão dos pilotos rumo às classes Moto3 e Moto2.

Sustentabilidade no paddock: combustíveis 100% sustentáveis
Em linha com o compromisso global da indústria, o MotoGP dará um passo ousado: a partir de 2027, todos os fabricantes deverão utilizar combustíveis 100% sustentáveis (e-fuels), abandonando completamente os combustíveis fósseis. Esta transição já se iniciou parcialmente e será concluída em 2027, transformando o campeonato em um laboratório de desenvolvimento para o futuro da indústria de duas rodas. O desenvolvimento do combustível será altamente regulamentado para garantir que a performance permaneça alta, mas o foco da pesquisa se desloque para a eficiência e sustentabilidade ambiental.
Aerodinâmica e eletrônica sob controle
O novo regulamento também visa limitar o impacto da aerodinâmica, que se tornou excessiva e perigosa ao gerar turbulência prejudicial aos pilotos que seguem de perto. As dimensões dos pacotes aerodinâmicos serão reduzidas e o desenho será mais controlado, tornando a pilotagem mais próxima e as ultrapassagens mais fluidas.
No campo da eletrônica, as ajudas ao piloto serão simplificadas. O objetivo é dar mais importância à habilidade do piloto, reduzindo a sofisticação da eletrônica que hoje gerencia a moto. O número de sensores será limitado e a uniformização do software será reforçada para tentar nivelar a competição e evitar que as equipas mais ricas obtenham vantagens desproporcionais através de desenvolvimento eletrônico complexo.
O novo pacote regulamentar visa criar uma MotoGP mais segura, mais verde e mais equilibrada, garantindo que o espetáculo e a paixão pelo motociclismo permaneçam no centro das atenções mundiais.