Depois de passar por uma profunda reformulação visual — que a deixou mais atraente e incrementou seu apelo esportivo — esta Kawasaki de média cilindrada prepara-se para desembarcar no Brasil. Como você pode ver nas fotos, no mercado europeu ela é comercializada com o nome de ER-6f (o "F" vem de "fairing", algo como carenagem, em inglês), contudo, ela deve chegar ao nosso país com a denominação utilizada nos Estados Unidos, Ninja 650R. Dona de um visual que remete aos modelos superesportivos da marca, mas sem perder nem um pouco da versatilidade de sua irmã naked, trata-se de uma moto muito interessante e que deverá estar disponível nas concessionárias brasileiras da marca verde até o final deste ano a um preço que pode oscilar entre R$ 27 000 e R$ 29 000. Ainda que a Ninja 650R se apresente como uma polivalente sport-touring de média cilindrada, trata-se de uma moto muito completa e incrivelmente apropriada para uma variedade enorme de situações — e que fica ainda mais interessante se avaliarmos sua relação custo/benefício. A base da Ninja 650R é a mesma utilizada por sua irmã ER-6n, entretanto sua carenagem integral (entre outras pequenas diferenças) consegue aumentar de maneira considerável o raio de ação desta fantástica Kawasaki. No dia a dia, ela mostrou a mesmíssima praticidade e polivalência da versão naked — até porque a posição de pilotagem é idêntica nas duas motos —, com a diferença de que, a carenagem, além de esconder a mecânica da moto e contribuir para criar um impacto visual muito mais sugestivo, protege o piloto do frio e do vento na estrada e, inclusive, do calor naqueles dias mais sufocantes.<br /><br />Graças ao conjunto frontal que faz clara referência às ZX-6/10R, ao painel 100% digital que segue o melhor estilo MotoGP e o já conhecido escape sob o motor, o visual é realmente insinuante para uma moto com as pretensões desta 650, ou seja, perfeitamente válida para ser utilizada todos os dias da semana, inclusive com garupa. A falta de concorrentes com as mesmas características técnicas é outro aspecto que deixa esta Kawa mais tentadora para nós brasileiros. A Suzuki GSX 650F ou a XJ6 F têm propostas similares, mas não podemos esquecer que elas são tetraciclíndricas, enquanto nossa protagonista é impulsionada por um motor de dois cilindros em paralelo. Isso significa que, em relação as "seiscentas" da Suzuki e Yamaha citadas, o piloto da 650 "verde" sente uma moto consideravelmente mais estreita e ágil entre as pernas. A resposta do bicilíndrico também é mais contundente a baixas e médias rotações, o que é favorável em uma infinidade de situações e que nos permite pilotar de forma mais relaxada.<br /><br />Por falar em motor, a Ninja 650R repetiu as mesmas boas impressões que a ER-6n já havia transmitido em testes anteriores, mostrando um desempenho excelente para uma moto de 650 cm³ e 68 cv (na embreagem, aferidos em dinamômetro). Além do propulsor estar fixado ao chassi por coxins, o guidão e as pedaleiras (todas) também possuem borrachas para "filtrar" as vibrações… solução que funciona muitíssimo bem! O irrepreensível funcionamento do câmbio já é uma constante nos produtos Kawasaki e,desta vez, não foi diferente. Os engates são sempre precisos, e o tato do pedal e da embreagem são adequados. As relações das 6 marchas são as mesmas da ER-6 "made in Brazil". <br /><br />Pilotar a Ninja 650R é tarefa das mais agradáveis porque, mesmo com um comportamento sempre muito previsível — e que a torna uma ótima opção para motociclistas iniciantes — em nenhum momento ela mostra-se insossa ou isola o piloto daquilo que passa sob as rodas, muito pelo contrário. Mesmo que trabalhe em dupla com uma ciclística bastante convencional (mas muito eficiente), o bicilíndrico garante ao modelo um caráter que nitidamente privilegia a esportividade e, no fim das contas, o conjunto resulta em uma moto insinuante e divertida, como toda Kawasaki. <br />É óbvio que não podemos comparar esta Ninja ao radicalismo de uma ZX-6, mas basta rodar poucos quilômetros para termos plena consciência de que as doses de adrenalina ao comando desta 650 podem ser elevadas a qualquer momento com um simples movimento do punho direito. <br /><br />O comportamento dinâmico desta Kawa também não deixa a desejar. A pilotagem é muito natural e segura em qualquer condição, contudo é pela agilidade em trechos mais travados que esta 650 indiscutivelmente se destaca.<br />As pernas encaixam bem no tanque, e o guidão alto e com largura ideal facilita nossas ações. A ótima ergonomia é, sem dúvida, uma das grandes responsáveis pelas respostas incrivelmente rápidas da moto. Em trechos mais rápidos, a<br />nova calibragem das suspensões (mais resistente ao afundamento) contribui para que os pneus "pisem" com firmeza e consigam excelente aderência no contorno das curvas. Quando trafegamos por asfalto irregular, a suspensão traseira<br />mostrou-se um pouco seca, mas a eficiência do conjunto em asfalto liso acaba compensando. A potência do sistema<br />de freios é mais que suficiente para a exigência da moto, o tato é adequado e o ABS, cada vez mais indispensável<br />(opcional, que deverá ser oferecido também nos modelos comercializados por aqui), proporciona uma dose extra de<br />segurança e confiança na pilotagem.<br /><br />A Ninja 650 está vestida com uma carenagem integral que a deixa ainda mais versátil do que a versão naked. Além da atualização no visual, no ano passado, esta Kawasaki passou por algumas reformulações mecânicas, especialmente na injeção eletrônica, catalisador e sistema de refrigeração do bicilíndrico em linha, e é justamente essa versão que desembarcará no Brasil. O chassi tubular do tipo diamante é bastante compacto e permite alcançar um conjunto total bem estreito. A fixação do motor com coxins colabora para obter um baixíssimo nível de vibrações. A calibragem das suspensões, bem firme, prioriza o comportamento esportivo. O design das rodas de liga e dos discos de freio segue o estilo das demais Ninjas.O painel de instrumentos da 650 é diferente em relação a ER-6n. A quantidade de informações é a mesma, mas o velocímetro passa a ser digital e barra do conta-giros tem outro formato. A parte traseira é exatamente a mesma da naked, inclusive a lanterna de LED.<br /><br />FICHA TÉCNICA (DADOS FORNECIDOS PELA FABRICANTE)<br />Motor: bicilíndrico em linha, 4T, DOHC,<br />8 válvulas, arrefecido a líquido, injeção<br />eletrônica (dutos de 36 mm), embreagem<br />multidisco em óleo, 6 marchas, transmissão<br />secundária por corrente.<br />Cilindrada 649 cm3<br />Diâmetro/curso 81 x 66 mm<br />Compressão 11,3:1<br />Potência 72 cv a 8 500 rpm<br />Torque 6,7 kgfm a 7 000 rpm<br />Chassi Tipo diamond de aço<br />Balança Duplo braço de aço<br />Cáster/ Trail 25º / 106 mm<br />Suspensão diant. Telescópica conven.<br />Barras 41 mm<br />Curso 120 mm<br />Regulagem Não possui<br />Suspensão tras. Monoamortecedor lateral<br />Curso 125 mm<br />Regulagem Pré-carga da mola<br />Freio diant. 2 discos de 300 mm<br />Pinça 2 pistões, ABS<br />Freio tras. Disco de 220 mm<br />Pinça 1 pistão, ABS<br />Pneu diant. 120/70-17"/ 3,5"<br />Pneu tras. 160/60-17"/ 4,5"<br />Peso cheio 204 kg (208 kg, ABS)
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