Um novo levantamento do Data Gaudium, núcleo de inteligência da Gaudium, revela um alto grau de concentração entre as motos utilizadas por entregadores de aplicativos no Brasil. Segundo a análise, a Honda responde por 77,24% de todas as motocicletas usadas nesse tipo de trabalho, um domínio que reflete as exigências práticas do setor e a lógica econômica que orienta as decisões desses profissionais.
O estudo mostra que o mercado de motos para delivery não segue padrões tradicionais de consumo. As escolhas são determinadas principalmente por fatores como custo operacional, facilidade de manutenção, resistência mecânica, ampla oferta de peças e confiabilidade no uso diário. Nesse cenário, a moto é vista como ferramenta de trabalho, não como item de lazer ou status.

Honda CG lidera com folga entre os modelos mais usados para delivery
A hegemonia da Honda se consolida ainda mais quando o recorte é feito por modelos. As cinco primeiras posições do ranking geral são ocupadas exclusivamente por versões da linha CG, considerando as famílias CG 150 e CG 160. As versões mais recentes lideram: a CG 160 ano 2023 representa 4,66% das motos analisadas, seguida de perto pela CG 160 2024, com 4,58%. A edição 2022 aparece logo na sequência.
Mesmo modelos mais antigos continuam relevantes. Unidades da CG 150 fabricadas em 2010 e 2011 seguem presentes na frota, o que evidencia a longevidade mecânica da linha e sua adaptação ao uso intenso exigido pelo trabalho por aplicativo.

Concentração cresce ao observar famílias de motos
Quando os dados são analisados por famílias de modelos, mais de 48% das motos utilizadas por entregadores pertencem às séries CG 160, CG 150 e CG 125. Outros modelos aparecem com participação significativa, como a Honda Biz, com 8,3%, e a Yamaha Factor, com cerca de 5%, embora ainda distantes da liderança absoluta da CG.

Participação por marcas reforça domínio da Honda
O levantamento também detalha a divisão por fabricantes. Após a Honda, com 77,24% de participação, a Yamaha ocupa a segunda posição, com 14,76%. A Shineray aparece em seguida, com 6,28%. Suzuki e Dafra têm presença residual no segmento, com participações de 0,91% e 0,17%, respectivamente.
Frota mais nova convive com motos antigas
Outro ponto central da análise é a idade das motocicletas. Os anos de fabricação mais frequentes são 2024, com 11,91%, e 2023, com 9,31%, indicando uma renovação relativamente rápida da frota, influenciada pelo desgaste acelerado e pela busca por maior eficiência operacional.

Ainda assim, motos produzidas entre 2010 e 2014 seguem presentes, representando entre 3% e 5% das ocorrências. O dado mostra que, mesmo sob uso intenso, a frota combina modelos mais novos com projetos antigos reconhecidos pela durabilidade.
Perfil urbano define o setor de delivery
A categoria das motos utilizadas pelos trabalhadores de aplicativo reforça o caráter funcional da atividade. Segundo o Data Gaudium, 91,42% das motocicletas usadas no setor são urbanas. Modelos de aventura representam 8,06% da frota, enquanto as esportivas têm presença praticamente inexistente, com apenas 0,15%.

Elétricas seguem com adoção mínima
No recorte por tipo de motorização, as motos elétricas continuam sendo exceção. Apenas 0,02% da frota analisada utiliza esse tipo de propulsão, contra 99,98% movidas a gasolina ou flex. Entre as poucas elétricas identificadas, os anos de fabricação 2019 e 2024 concentram pouco mais de 35% das unidades, o que indica um interesse pontual, ainda distante de uma adoção em escala.
Para Vinícius Guahy, coordenador de conteúdo e comunidade da Gaudium, a concentração da frota em poucos modelos é uma resposta direta às condições de trabalho. Segundo ele, os profissionais precisam de motos baratas de manter, resistentes e facilmente reparáveis, fatores que explicam tanto a liderança da Honda quanto a baixa presença das motos elétricas no setor.