Italiana traz o toque e o charme retrô aos modelos elétricos
Na Itália, a Via Emilia, estrada que liga as regiões de Milão e San Marino, é conhecida como Strada Statale 9, ou simplesmente SS9, construída pelo cônsul romano Marco Emilio Lépido em 187 antes de Cristo. É ela e toda a sua carga histórica que dão nome à Eva EsseEsse9, naked elétrica criada pela Energica que vem ao mundo com tecnologia de ponta, linhas retrô e disposição para empolgar como uma genuína puro-sangue italiana.
A lanterna traseira minimalista, o assento com costura rústica, o farol redondo e as rodas de raios entrelaçados abraçam perfeitamente a proposta das scramblers da atualidade, inspiradas na década de 1960… até que olhamos dentro do quadro e encontramos um moderno motor sem combustão e um pack de baterias. A EsseEsse9 é old school e quer mostrar que você não precisa abrir mão do estilo se decidir se livrar da gasolina em seus passeios em duas rodas.
A scrambler elétrica da Energica é movida por um motor de corrente alternada (AC) arrefecido a óleo e que pode desenvolver até 109 cv de potência máxima. O torque é de impressionantes 18,3 kgf.m, disponíveis de imediato, suficientes para atingir a velocidade (limitada) de 200 km/h. No chassi treliçado em aço ainda está a bateria de polímero de lítio, que tem capacidade para 11,7 kWh e em apenas 30 minutos já está 85% carregada para quem não puder esperar pelas três horas da carga total. Outro benefício do motor elétrico é um assistente para estacionar, que limita a velocidade a 2,8 km/h e ainda tem marcha a ré. A autonomia é de cerca de 150 quilômetros com uma carga.Mas o motor elétrico não é seu único atrativo, já que sobra espaço para componentes refinados, como partes em fibra de carbono, o garfo dianteiro invertido Marzocchi com ajuste no retorno do amortecedor e na pré-carga da mola e os discos Brembo, duplos e flutuantes com 330 mm de diâmetro na roda dianteira e único de 240 mm atrás. O sistema ABS está presente, atua em ambas as rodas e tem função regenerativa, transformando atrito em carga para a bateria.
Naked inteligente
Quando se fala em uma moto elétrica, tudo gira em torno de que a tecnologia e gerenciamento de recursos seja capaz de proporcionar emoção ao pilotar. Pensando nisso, os engenheiros da marca criaram a Unidade de Controle Veicular (VCU), que monitora a carga da bateria da moto, mesmo com ela desligada e permite que o piloto da EsseEsse9 tenha à disposição quatro modos de pilotagem convencionais: Eco, Urban, Sport e Rain, além de outros quatro regenerativos para carregar a bateria: Baixo, Médio, Alto e Desligado. Segundo a Energica, foram necessárias 645 mil linhas de programação para garantir que a VCU trabalhasse direito. Para se ter uma ideia, é mais do que usado nos sistemas dos ônibus espaciais, com 400 mil linhas.
Outro cuidado desenvolvido pela marca italiana e exclusivo das suas motocicletas foi o invólucro da bateria, que traz uma placa de resfriamento feita em alumínio e com diversos furos para ajudar no arrefecimento. Assim, o conjunto não superaquece, o que prejudica os ciclos de funcionamento das baterias e faz com que elas percam carga. “Nós somos um time de entusiastas, experts, visionários, técnicos e pessoas curiosas”, comenta a CEO da Energica, Livia Cevolini.
O painel da moto traz uma tela TFT de 4,3 polegadas com sensor de luz ambiente e ladeado por luzes espias que informam ao piloto tudo sobre o que acontece com a motocicleta. O display ainda tem conexão Bluetooth e, caso o piloto tenha o aplicativo MyEnergica instalado, pode avisar onde está a estação de recarga mais próxima. Mas, como já se imaginava, todo o estilo e a vanguarda de colocar uma naked retrô elétrica na garagem cobra um preço alto, mesmo para os padrões europeus. Na Itália, o preço da EVA EsseEsse9 varia entre 22 050 euros (aproximadamente R$ 86 600) e 23 690 euros (cerca de R$ 93 000) para a versão Special, com cor diferente, suspensão Öhlins e um estiloso number plate nas laterais.
Família Energica
A EsseEsse9 é uma variante retrô da Eva, a primeira naked elétrica da Energica. Mas, a incursão da Energica no mundo sustentável do motociclismo foi a Ego, uma bela superbike com carenagem integral e que pode atingir os 240 km/h. “Nós queríamos antecipar uma tendência de mercado, criando o segmento de motocicletas de alto desempenho”, revela Cevolini.
A Energica está ganhando prestígio no planeta moto, isso é fato. Tanto é que a marca acaba de se tornar fornecedora oficial de uma nova categoria que estreia no ano que vem no Mundial de Motovelocidade disputada apenas por modelos elétricos. Todas elas desenvolvidas com base na superesportiva Ego.
Fotos: Damiano Fiorentini /Energica