<p>Me orgulho muito do grau de instrução de nossos leitores. Então, hoje peço a ajuda de vocês para entender o raciocínio da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo), porque sozinho não consigo. No site da empresa há um extenso e interessante estudo intitulado “Fatos e Estatísticas de Trânsito em São Paulo – 2011”. Os dados de 2012 ainda não foram divulgados. O material é vasto (são 85 páginas) e aborda todos os elementos do trânsito, mas vou me ater a alguns dados envolvendo exclusivamente motocicletas. Importante dizer também que, apesar dos dados se referirem à capital paulista, as questões abordadas também fazem parte do cotidiano de qualquer grande cidade brasileira.</p>
<p>Segundo o estudo, “a causa mais frequente nos acidentes com motocicletas foi transitar no corredor”. Minha pergunta é: desde quando trafegar no corredor é causa de acidente? Quem ultrapassar um farol vermelho ou trafegar na contramão irá, seguramente, provocar um acidente. Mas trafegar pelo corredor? Para a CET, se um motorista ao celular resolve mudar de faixa sem olhar ou sinalizar e te derruba enquanto você o ultrapassava pelo corredor, a culpa é sua e não do motorista. Se a lei diz que sim, ela está errada. Vamos parar de hipocrisia. No Brasil, proibir que as motos trafeguem pelo corredor é algo surreal. Proibir não dá, mas regulamentar, sim, e, na minha opinião, é isso que falta para resolver boa parte dessa polêmica questão. A solução então é criar motofaixas, certo? Errado! Segundo a CET, nas 2 grandes avenidas que fizeram motofaixas houve aumento de 161% no número de acidentes envolvendo motocicletas. Detalhe, as principais causas foram conversões irregulares à esquerda (por automóveis), a não percepção da motofaixa pelos pedestres e a má geometria de uma curva lá existente. Conclusão da Companhia: “uma faixa exclusiva de motocicletas não é indicada para uma via arterial padrão, de 2 pistas com canteiro central.” Conclusão de alguém do planeta Terra: os caras estão loucos. Em vez de abolir a motofaixa e devolver os motociclistas ao "temível corredor", porque não fazer uma campanha de conscientização dos pedestres, coibir essas conversões e corrigir a curva mal projetada? Tem mais. As vias com mais acidentes fatais estão situadas na periferia da cidade. Quem mora ou passa pela periferia sabe que dentro dos bairros, capacete é artigo de luxo e quando ele não está decorando um cotovelo ou retrovisor ele está solto na cabeça. Na periferia, jaqueta, luva e bota são coisas de alienígena. Mas você já viu algum agente da CET fiscalizando uso do capacete na periferia? Bem, essa é minha opinião e você não precisa concordar com ela. </p>
<p>Vamos falar do que trazemos nesta edição. Além dos 2 comparativos da capa, trazemos também a KTM Rally Réplica que Jean Azevedo usou no Dakar 2013 e que o Edu Zampieri teve a honra de pilotar. Curiosamente, poucos dias depois do teste, Jean foi confirmado o principal piloto de rali da equipe Honda Racing para este ano. No total, nesta edição avaliamos quase 20 motos diferentes, de todos os tipos, tamanhos, nacionalidades e preços. Com certeza, alguma delas tem a sua cara. Ah, vocês não imaginam o quanto nos divertimos com o sidecar da Royal Enfield. Boa leitura!<br /></p>
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